13.8.08

Cineclube Natal - 136ª exibição: O Enigma de Kaspar Hauser


Tente decifrar 'O Enigma de Kaspar Hauser'

Neste domingo, dia 14 de setembro, o Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular, apresentará a produlção alemã O Enigma de Kaspar Hauser, do diretor Werner Herzog. A sessão começará às 17:00 horas, pontualmente. O filme conta a triste saga de Kaspar Hauser, um jovem que foi trancado a vida inteira num cativeiro, desconhecendo toda a existência exterior. Quando ele é solto nas ruas sem motivo aparente, a sociedade se organiza para ajudar Kaspar, que sequer conseguia falar ou andar, mas este logo acaba se tornando uma atração popular.

O filme é baseado livremente numa história real. Herzog, um dos grandes nomes do cinema alemão, usou a história verídica de Kaspar Hauser, esse infeliz rapaz afastado da sociedade (supõe-se que tivesse origem nobre e que havia sido escondido por problemas de sucessão ou bastardia) e que tenta desajeitadamente compreende-la, para refletir sobre a incerteza de tudo diante dos golpes do destino e sobre a artificialidade do que chamamos de normalidade. Hauser enfrenta com perplexidade as convenções sociais, os dogmas religiosos, as certezas científicas, vendo tudo com olhos virgens e puros e, portanto, desabituados a enxergar como "normal" o que assim foi estabelecido. Daí surgem momentos geniais, como seu embate com o professor de lógica, com os clérigos, a discussão sobre a vida das maçãs, bem como o "circo de aberrações".

Herzog, que gosta de personagens que não se sentem à vontade no mundo e procuram mudá-lo, conduz o filme no limite entre o cômico e o trágico, muito ajudado pela peculiar interpretação de Bruno S., que não era ator profissional. Ele passou toda sua juventude em instituições para doentes mentais e foi visto por Herzog em um documentário. Fez apenas mais um filme, o belo "Stroszek", novamente com o diretor (que tinha uma infinita dificuldade para fazê-lo interpretar).

O filme também reflete sobre a influência da linguagem e do histórico cultural na percepção da realidade. Isto é, as coisas que aprendemos (gramática, lógica matemática, religião, conhecimentos históricos, comportamentos culturais e etc) afetam a nossa capacidade de compreender os fenômenos que nos circundam. Isto acontece pois, ao associarmos uma idéia a uma palavra ou a uma imagem, estamos limitando o significado da idéia em função de uma definição restrita. As idéias passam a expressar só o que as palavras e imagens conseguem expressar, e não sua abrangência original (antes de serem aprisionadas por palavras e imagens). É como se as idéias fossem coloridas, mas nós só conseguíssemos expressá-las em preto e branco, sacrificando sua integridade original.

O Enigma de Kaspar Hauser é tema de discussão na filosofia, ciências sociais e antropologia há muito tempo. Entre os tópicos decorrentes da análise do filme estão a prática social condicionada, o convívio social como construtor da identidade psicológica do homem, o conflito entre persona e sociedade, além de infinitos paralelos com correntes filosóficas de grandes pensadores. Estas interpretações não são necessariamente excludentes, sendo possível levar mais do que uma delas em consideração sem que apareçam contradições. Todos estão convidados para a sessão, especialmente aqueles que procuram uma discussão acerca de um tema nitidamente psicológico. Ainda para aqueles que gostam de filmes premiados, esta é uma ótima oportunidade de conferir o grande ganhador do Festival de Cannes 75. As entradas para a sessão custam R$ 2,00 (dois reais).


Assista aqui ao trailer (em inglês) de O Enigma de Kaspar Hauser:


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 14 de setembro
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular "Chico Daniel"
Rua Jundiaí, 641, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 2.00
Classificação indicativa: 12 anos


[FICHA TÉCNICA: "O ENIGMA DE KASPAR HAUSER"]
Título original: Jeder für sich und Gott gegen alle
País: Alemanha Ocidental
Ano: 1974
Duração: 110 minutos
Cor: colorido
Idioma: alemão
Gênero: drama, crime, biografia
Estúdio: Filmverlag der Autoren
Roteiro: Werner Herzog, Jakob Wassermann
Direção: Werner Herzog
Produção: Werner Herzog
Fotografia: Jörg Schmidt-Reitwein
Figurino: Ann Poppel, Gisela Storch
Edição: Beate Mainka-Jellinghaus
Elenco: Bruno S., Walter Ladengast, Brigitte Mira, Michael Kroecher, Hans Musaeus, Willy Semmelrogge, Florian Fricke

Prêmios: Grande Prêmio,
Prêmio da Federação Internacional de Críticos e Prêmio do Júri Ecumênico no Festival de Cannes no Festival de Cannes; Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes


Sessão passada em fotos: CINECIRCO (INTERCOM 2008)



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Cineclube Natal - 135ª exibição: Mephisto



A Corrupção de um ator
na Alemanha nazista

Nesta sexta-feira, cinco de setembro, o Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Salão Café, apresentará o premiado filme Mephisto, do diretor István Szabó. A estória se passa na Alemanha, no ano de 1930. O personagem principal, Hendrik Hofgen, é um ambicioso ator que não se interessa por política, se dedicando somente à sua carreira. Porém, quando os nazistas começam a tomar o poder, ele aproveita a oportunidade para interpretar peças de propaganda nazista para o Reich e, logo, acaba se transformando no mais popular ator da Alemanha. Consumido pela fama, Hendrik agora precisa sobreviver em um mundo onde a ideologia do mal é seu pior pesadelo e o verdadeiro preço da alma de um homem, se transforma na medida mas desprezível de todas.

Mephisto é uma angustiada reflexão sobre a manipulação que os sistemas de força impõem aos indivíduos. O ator Heindrick (numa extraordinária interpretação do austríaco Klaus Maria Brandauer), que, no passado, em Hamburgo, esteve ligado a um teatro bolchevique, revolucionário e antiburguês, torna-se em Berlim mais uma força do
nazismo, que acaba por manipular sua criatividade. Se o nazismo se vale do facho de luz para atordoar os indivíduos e melhor dominá-los, o cinema, nas mãos de autores como István Szabó, dele se utiliza para aclarar a cabeça dos espectadores e alertá-los do perigo de ver estancadas suas aspirações mais pessoais graças à ingestão, em seu interior, dum simples facho de luz.

Szabó nasceu em Budapeste, no dia 18 de fevereiro de 1938. Diplomou-se pela Escola Superior de Artes Teatrais e Cinematográficas, saindo da qual começou a rodar curtas-metragens (Concerto, Variações sobre o mesmo tema, Você). Seu primeiro longa-metragem foi "Tempo de Sonhar", seguido por biografias de gerações ("Pai", "Filme de Amor", "Rua dos Bombeiros nº 25"), seguido do filme alegórico intitulado Histórias de Budapeste. Em 1979 rodou sua obra intitulada "Confiança", também indicada para o Oscar, reconhecimento que acabou vindo somente com seu filme seguinte, Mephisto, baseado num romance de Klaus Mann, e rodado em 1981. (Dentre seus filmes posteriores, "Coronel Redl" e "Hanussen" também tiveram indicações para o Oscar).

Além de filmes para o cinema, fez também filmes para televisão e óperas. É vice-presidente da Academia Européia de Artes Cinematográficas desde 1991, e membro de diversas instituições nacionais e internacionais de cinema. A sessão começará, pontualmente, às oito horas da noite, sendo que as entradas custam dois reais. Todos estão convidados.

Assista aqui ao trailer (em inglês) de Mephisto:


Sessão Cine Café
Sexta, 05 de stembro
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação indicativa: 14 anos


[FICHA TÉCNICA: "MEPHISTO"]
Título original: Mephisto
País: Alemanha Ocidental, Hungria, Áustria
Ano: 1981
Duração: 166 minutos
Cor: colorido
Idioma: inglês, húngaro, alemão
Gênero: drama, guerra
Estúdio: Mafilm
Roteiro: Péter Dobai, István Szabó, de um romance de Klaus Mann
Direção: István Szabó
Produção: Manfred Durniok
Fotografia: Lajos Koltai
Música: Zdenkó Tamássy (original), Karl Millöcker (não original, da opereta "Gräfin Dubarry")
Cenário: János P. Nagy, József Romvári
Figurino: Ágnes Gyarmathy
Edição: Zsuzsa Csákány
Elenco: Klaus Maria Brandauer, Krystyna Janda, Ildikó Bánsági, Karin Boyd, Rolf Hoppe, György Cserhalmi, Péter Andorai, Christine Harbort, Tamás Major, Ildikó Kishonti, Mária Bisztrai, Sándor Lukács, Ágnes Bánfalvy, Judit Hernádi, Vilmos Kun

Prêmios: Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; Melhor Roteiro e Prêmio da Federação Internacional de Críticos no Festival de Cannes; Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes; Indicado ao BAFTA de Melhor Ator Revelação (Klaus Maria Brandauer)





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Cineclube Natal - 134ª exibição: Corcel Negro

Para ler ouvindo:
Theme from The Black Stallion - Carmine Coppola
* trilha sonora de Corcel Negro

Um clássico infanto-juvenil
dos anos 70 no Cine Curumim

Neste sábado, dia 30 de agosto, dentro do projeto "Cine Curumim", o Cineclube Natal, em parceria com o SESC, exibirá o filme "O Corcel Negro", a bela aventura que fez sucesso nos cinemas mas virou cult nas constantes reexibições na TV. Uma das melhores estórias da época a retratar a amizade entre uma criança e um animal, talvez por não fazer concessões comuns ao gênero, mantendo o tratamento cuidadoso e adulto, apesar do tom de fábula. A sessão do Cine Curumim acontecerá às 9:00 horas, no Cine Sesc da Av. Rio Branco. O acesso é gratuito.

O filme é claramente dividido em duas partes: na primeira, o garoto e o cavalo indomado, ambos sobreviventes de um naufrágio, se vêem perdidos em uma ilha onde precisam contar um com o outro para sobreviver. Os diálogos são mínimos nessa primeira hora de filme, confirmando o talento do diretor Carroll Ballard para a narrativa
visual, no que é ajudado enormemente pela câmera esplendorosa de Caleb Deschanel e pela edição econômica de Robert Dalva (que dirigiria a sequência, o inferior "O Retorno do Corcel Negro") - o filme ainda conta com dois Coppola: Francis Ford na produção e seu pai, Carmine Coppola, como compositor, seguindo o sucesso de sua trilha para "Apocalypse Now". Na segunda parte, ambos são encontrados e levados para a civilização, onde o garoto conhece um treinador aposentado (participação calorosa do veterano Mickey Rooney, ele mesmo um ex-ator infantil que acabou indicado ao Oscar por esse filme) que concorda em treinar ambos para uma corrida.

A trama é simples, mas Ballard nunca cai no erro de banalizar as situações ou os personagens. Seu olhar é detalhista, seguro e paciente, buscando nos pequenos gestos significados maiores. Posteriormente, o cineasta se confirmaria como um dos mais interessantes (e injustamente subestimados) diretores surgidos na década de 70, constantemente retornando ao mesmo tema, em filmes como "Os Lobos Não Choram" "Voando Para Casa" e, mais recentemente, "Duma".

Assista aqui ao trailer (em inglês) de Corcel Negro:


Sessão Cine Curumim
Sábado, 30 de agosto
09 horas
SESC Restaurante
Av. Rio Branco, 375, Cidade Alta
Fone: 3211-4615
Entrada gratuita
Classificação indicativa: Livre


[FICHA TÉCNICA: "CORCEL NEGRO"]
Título original: The Black Stallion
País: Estados Unidos
Ano: 1979
Duração: 118 minutos
Cor: colorido
Idioma: inglês
Gênero: aventura, infantil
Estúdio: Omni Zoetrope, United Artists
Roteiro: Melissa Mathison, Jeanne Rosenberg, William D. Wittliff, Walter Murch, de um romance de Walter Farley
Direção: Carroll Ballard
Produção: Francis Ford Coppola, Fred Roos, Tom Sternberg
Fotografia: Caleb Deschanel
Música: Carmine Coppola
Direção de Arte: Aurelio Crugnola, Earl G. Preston
Edição: Robert Dalva
Elenco: Kelly Reno, Mickey Rooney, Teri Garr, Clarence Muse, Hoyt Axton, Michael Higgins

Prêmios: Oscar de Contribuição Especial ao Cinema; Indicado aos Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Mickey Rooney) e Melhor Edição; Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Trilha Sonora Original; Indicado ao BAFTA de Melhor Fotorafia; Melhor Músicas e Melhor Fotografia pela Associação de Críticos de Los Angeles


Sessões passadas em fotos: "O Homem Que Ri" e "Beautiful Boxer"



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Cineclube Natal - 133ª exibição: Jabberwocky - Um Herói Por Acaso

Para ler ouvindo:
Jabberwocky -
* trilha sonora de Jabberwocky - Um Herói Por Acaso


O melhor do humor medieval
no Cine Assembléia


Nesta quinta-feira, dia 28 de agosto, o Cineclube Natal retomará suas atividades referentes ao Cine Assembléia, projeto mensal que estava em recesso. E nada melhor do que uma comédia do exímio diretor Terry Gilliam, o eterno Monty Python: Jabberwocky - Herói por Acidente.

O filme conta a história de Dennis (Michael Palin), um camponês que, após a morte do pai, resolve tentar a vida e vai para a cidade, que era governada pelo Rei Bruno, O Questionável (Max Wall). Lá, o jovem passa por diversas aventuras e enfrenta muitos perigos. O local vinha sendo constantemente aterrorizado por um monstro terrível, um dragão chamado Jabberwocky (Peter Salmon), fera que Dennis acabaria tendo que confrontar.

Terry Gilliam satiriza a vida na Idade Média, mostrando-a de seu ponto de vista único. Este filme foi seu primeiro trabalho solo como diretor, apesar de ainda ser considerado um filme do grupo inteiro, pelo fato de inicialmente ter sido lançado como Monty Python's Jabberwocky (título que mais tarde foi alterado, por pedido de Gilliam). O título veio do poema nonsense de Lewis Carroll, que serviu de fonte de inspiração. Teve a participação de outros pythons, entre eles Michael Palin, Terry Jones e o colaborador Neil Innes. Gilliam, além de dirigir, também atuou em uma cena como "o homem com uma rocha".

Foi feito logo em seguida de "Monty Python e o Cálice Sagrado", chegando a ultilizar não só cenários deste como também figurinos. Por conta disso, o lançamento do filme só ocorreu dois anos mais tarde. É o filme mais próximo do estilo Monty Python aonde Gilliam trabalhou sozinho. Nele, já se é possível observar seu estilo próprio, de humor negro, mais tarde reforçado em outras de suas obras. Não só isso, mas muitas das idéias apresentadas em Jabberwocky são precursoras de "Brazil", seu futuro trabalho. O filme será exibido no auditório da Assembleía Legislativa, às 18:00 horas. O acesso é gratuito e é obrigatório trajar calça cumprida, segundo as normas da casa.

Assista aqui ao trailer (em inglês) de Jabberwocky - Um Herói Por Acaso:

Sessão Cine Assembléia
Quinta-feira, 28 de agosto
18 horas
Assembléia Legislativa
Praça 7 de Setembro, s/n, Cidade Alta
Fone: 3232-5761
Entrada gratuita
Classificação indicativa: Livre

[FICHA TÉCNICA: "JABBERWOCKY - UM HERÓI POR ACASO"]
Título original: Jabberwocky
País: Inglaterra
Ano: 1977
Duração: 105 minutos
Cor: colorido
Idioma: inglês
Gênero: comédia, fantasia, aventura
Estúdio: Python Films, Cinema 5, Columbia Pictures
Roteiro: Charles Alverson e Terry Gilliam, de um poema de Lewis Carroll
Direção: Terry Gilliam
Produção: Julian Doyle, John Goldstone, Sanford Lieberson
Fotografia: Terry Bedford
Música: Modest Mussorgsky, Hector Berlioz, Jacques Ibert, De Wolfe
Direção de Arte: Milly Burns
Figurino: Charles Knode, Hazel Pethig
Edição: Michael Bradsell
Elenco: Michael Palin, Max Wall, Deborah Fallender, John Le Mesurier, Annette Badland, Warren Mitchell, Harry H. Corbett, Peter Cellier, Terry Gilliam, Terry Jones, Gorden Kaye


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1.8.08

Cineclube Natal - 131ª exibição: O Homem Que Ri



A Inspiração do Coringa, 
"O Homem que Ri"

Nesta sexta-feira, dia primeiro de agosto, o Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Salão Café apresentará às oito horas da noite, dentro do projeto Cine Café, a produção americana expressionista O Homem que Ri. A entrada custa R$ 2,00 (dois reais).

A maor sensação das bilhetrias deste ano, indubitavelmente, está sendo "Batman: O Cavaleiro das Trevas", impulsionado pela marcante atuação do falecido ator Heath Ledger na pele do Coringa, a nêmesis de Batman por excelência. O personagem nasceu dos quadrinhos pelas mãos de Bob Kane e, assim como o próprio Batman, sofreu uma série de reformulações com o passar das décadas. Mas de onde Bob Kane tirou a inspiração para a figura macabra de sorriso eterno? Bob Kane, Bill Finger (os criadores do Batman) e Jerry Robinson criaram o palhaço do crime inspirado em outro personagem, criado originalmente por Victor Hugo para a literatura e interpretado por Conrad Veidt (O Gabinete do Dr. Caligari) no cinema no filme O Homem que Ri, de 1928, dirigido pelo alemão Paul Leni.

A estória segue os moldes dos romances de Victor Hugo, cheia de tragédias e reviravoltas. O filme começa com o assassinato do Lorde Clancharlie em uma Dama de Ferro a mando do Rei, antes, porém, Clancharlie descobre que seu filho, Gwynplaine, fora vendido pelo Rei a um grupo de ciganos conhecidos como Comprachicos que desfigurava crianças para se tornarem aberrações de circo. A operação feita pelos Comprachicos em Gwynplaine deu ao garoto um eterno sorriso. Abandonado pelos ciganos, Gwynplaine passa a vagar por uma Inglaterra congelada e cercada por mortos. Andando entre postes com corpos enforcados, o garoto encontra uma mulher congelada com um bebê ainda vivo no colo. Trata-se de Dea, uma linda menina cega que no futuro será o grande amor do homem que ri. Ambos são adotados pelo dono de um circo mambembe, sendo que o "palhaço" Gwynplaine se tornará sua maior atração. Posteriormente, Gwynplaine se vê envolvido numa trama relativa às suas origens nobres. Podemos dizer que Gwynplaine é o arquétipo clássico do palhaço. É um homem dotado da capacidade de fazerem os outros rirem, mas não é feliz. Apaixonado por Dea, ele vive sob a dúvida se é merecedor de seu amor, pois acredita que ela o rejeitaria se pudesse ver seu rosto.

O filme foi produzido por Carl Laemmle que convidou o diretor alemão Paul Leni para dirigir o filme nos estúdios da Universal, dado seu talento para cenários macabros (o diretor também era cenógrafo). A ambiciosa mistura de morbidez e melodrama histórico funcionou muito bem para compor este belíssimo e triste filme. Aqui, Paul Leni conseguiu construir uma das pontes mais sólidas - ao lado de Aurora (Sunrise: A song of Two Humans, 1927), de Friedrich Murnau - entre o Expressionismo Alemão e o realismo norte-americano, integrando a plasticidade da cenografia estilizada ao dinamismo das cenas de ação. O grande ator Conrad Veidt, fez aqui uma impressionante interpretação, entre as melhores de todo período silencioso do cinema, tendo, inclusive, de usar uma dolorosa prótese para fixar o sorriso perene de Gwynplaine.



Assista aqui a algumas cenas de O Homem que Ri num trailer não-oficial realizado por um fã:


Sessão Cine Café
Sexta-feira, 04 de julho
20h
Nalva Melo Café Salão
(Rua Duque de Caxias, 110, Ribeira)
Informações: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação indicativa: 12



[FICHA TÉCNICA: O HOMEM QUE RI]
Título original: The Man Who Laughs
Roteiro: J. Grubb Alexander, adaptado do romance de Victor Hugo
Direção: Paul Leni
Atores: Conrad Veidt, Mary Philbin, Olga Baclanova, Josephine 
Crowell, George Siegmann, Brandon Hurst, Sam de Grasse, Stuart 
Holmes, Cesare Gravina, Nick De Ruiz, 
Idioma: Mudo
Ano de produção: 1928 
País de produção: Estados Unidos
Duração 110 min.


Cineclube Natal - 132ª exibição: Beautiful Boxer



A batalha pela felicidade


No Cine Vanguarda de agosto (dia 03), o Cineclube Natal apresenta o filme tailadêns Beautiful Boxer, de Ekachai Uekrongtham. O longa traz uma vez mais a discussão sobre gêneros sexuais iniciada em julho no cineclube com Minha Vida em Cor de Rosa e Um Dia Muito Especial. A novidade é que desta vez o tema é abordado sob a ótica de um transexual. O Cine Vanguarda conta com a parceria do Teatro de Cultura Popular, local da sessão, e começa às 17h. O ingresso custa R$ 2.00, mas sócios da ADURN não pagam.

É dito que que religião, futebol e política não se discute. Tendo o Cineclube Natal já quebrado com essa regra há muito tempo, agora é a vez de abordarmos a sexualidade para mostrar que cidadania é um processo de debate coletivo. E nada melhor que metaforizar essa polêmica através de um ringue de boxe - no caso, boxe tailandês. A batalha contra o preconceito e pela aceitação, encarnada na pele de um lutador mostra o quão forte - emocionalmente - precisam ser esses protagonistas para poderem se realizar pessoalmente.

Beautiful Boxer é sobretudo um filme sobre a procura da felicidade, um objetivo comum de 10 entre 10 pessoas. E é isso que torna o longa universal, mesmo partindo de um exemplo expecífico: um lutador que deseja mudar de sexo e entra no mundo do boxe tailandês para poder pagar por sua operação. As particularidades do personagem também são um espetáculo à parte, já que antes de cada luta, ele/ela realiza um ritual de maquiagem que marca sua passagem pelos ringues.

Dirigido por Ekachai Uekrongtham em 2003, o filme experimentou uma boa respercussão no ano seguinte, participando e ganhando de vários prêmios em festivais, destacando-se o de San Sebastian, na Espanha. Beautiful Boxer é ainda uma experiência rara do natalense conferir um filme tailandês na telona, uma vez que poucas produções desse país chegam por aqui. Lembrando ainda que o filme é baseado em uma história real, biografando Nong Toom, o mais famoso transgênero da Tailândia.

Assista aqui ao trailer americano de Beautiful Boxer: 


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 03 de agosto
17 h
Teatro de Cultura Popular
Rua Jundiaí, 641, Tirol
(ao lado da fundação José Augusto)
R$ 2.00



[FICHA TÉCNICA: BEAUTIFUL BOXER]
Título original: Beautiful Boxer
Gênero: Ação / Drama
Tempo de Duração: 118 minutos / cor
País: Tailândia
Ano de Lançamento: 2003
Estúdio: GMM Pictures
Distribuição: eTHAICD
Direção: Ekachai Uekrongtham
Roteiro: Desmond Sim, Ekachai Uekrongtham
Produção: Ekachai Uekrongtham
Música: Amornbhong Methakunavudh
Fotografia: Choochart Nantitanyatada
Maquiagem: Kraisorn Sampethchareon
Elenco: 
Asanee Suwan
Sorapong Chatree
Orn-Anong Panyawong
Nukkid Boonthong
Sitiporn Niyom
Kyoko Inoue
Sarawuth Tangchit