27.4.09

Cineclube Natal - CARTA ABERTA - 27 de abril de 2009





CARTA ABERTA


A partir da matéria divulgada no jornal O Mossoroense, em 23 de abril de 2009, intitulada “CINEMA DE MOSSORÓ CONTINUA SEM DATA PARA INAUGURAÇÃO”, a qual contém a retranca “CINECLUBE MOSSORÓ SE OPÕE À ABERTURA DE UM CINEMA NA CIDADE”, o Cineclube Natal vem a público para manifestar-se em relação a este posicionamento do Cineclube Mossoró, o qual julgamos equivocado.

A partir de entrevista com um dos diretores do cineclube em questão se relata que “a implantação de um cinema na cidade não seria algo culturalmente bom para a população”. Posição essa que vai de encontro à premissa cineclubista de ampliar o acesso à arte cinematográfica, seja qual for a natureza do filme – comercial ou alternativo – e seja qual for o espaço de exibição, num cineclube ou numa sala do circuito empresarial.

Por essência, um cineclube deve batalhar e dialogar pelo aumento qualitativo da programação nas exibições de sua região. Não é necessário rejeitar a chegada de novas telas, mas sim ter esperanças de – e colaborar para – que o conteúdo seja o melhor possível. Como exemplo otimista repassamos o caso natalense, no qual o público foi, finalmente, agraciado com duas sessões de arte no circuito comercial, exibindo relevantes obras do cinema mundial. Ressaltamos ainda que, enquanto cineclube, construímos um canal direto e de bom relacionamento com a organização de ambas as sessões, para o intercâmbio de idéias.

Por fim, temos certeza de que nossos colegas mossoroenses estão refletindo e irão reavaliar este posicionamento, pois uma concorrência, mesmo que comercial, nos desafia a aprimorar o produto cultural que oferecemos ao nosso público, agora ainda mais exigente. E lembramos que o Cineclube Natal se dispõe a caminhar junto ao Cineclube Mossoró para que, além de um ótimo cineclube, a Capital do Oeste volte a ter um, esperamos que também ótimo, cinema.

Cineclube Natal
27 de abril de 2009


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Anexo 01 – 23 de abril de 2009 / O Mossoroense

Em http://www2.uol.com.br/omossoroense/230409/conteudo/cotidiano.htm

Cinema de Mossoró continua sem data para inauguração

A instalação de um cinema em Mossoró continua existindo apenas no sonho das pessoas que querem ter a oportunidade de assistir a filmes recém-lançados, que são sucesso de bilheteria em diversas salas de exibição de filmes em todo o País.

Há dois anos, foi inaugurado um grande shopping em Mossoró e junto com ele boatos de que cinco salas de cinema estariam reservadas em suas dependências. Mas, o que se vê até agora é que nenhuma apareceu.

Com isso, um antigo cinema que funcionava na cidade fechou suas portas e a população ficou sem o principal lazer.

Quando procurada, a assessoria do shopping não se pronunciou sobre o assunto.

Assim, com a ausência das salas de cinema, muitos estão recorrendo à pirataria, meio que possibilita a compra de um filme, que ainda está em exibição em outras cidades, pelo preço de uma entrada de estudante para o cinema onde está sendo exibido.

"Comprar o filme pirata é bom, além de não termos cinema aqui, nós temos a chance de assistir a filmes que ainda nem foram lançados oficialmente pagando menos do que uma entrada no cinema", explica um estudante que não quis se identificar.

Atualmente, uma outra alternativa usada por aqueles que não têm acesso ao cinema é baixar filmes via internet. Muitos sites estão disponibilizando diversos filmes (legal ou ilegalmente) para qualquer um que se interesse em assisti-los, sem ser necessário nenhum pagamento.

Enquanto isso, a população e algumas locadoras lamentam a ausência deste empreendimento na cidade. "Um cinema ajudaria a criar nas pessoas o hábito de assistir filmes, aumentando a procura pelo aluguel de películas que já não estão em exibição, mas que foram sucesso", diz o empresário Fábio Queiroz, responsável por uma rede de locadoras da cidade.

Cine Clube Mossoró se opõe à abertura de um cinema na cidade

Contrapondo-se a diversas linhas de pensamento, o Cine Clube Mossoró não se mostra favorável à construção de um cinema na cidade.

Movimento cultural que tem como objetivo exibir, debater e desenvolver uma crítica acerca do cinema, o clube promove semanalmente a exibição gratuita daqueles que são considerados como bons filmes.

"Bom filme é aquele que tem como peças chaves, para sua criação, um bom roteiro e uma temática importante para a sociedade", explica o geógrafo Gomes Neto, diretor do Cine Clube de Mossoró.

Portanto, ele defende que a implantação de um cinema na cidade não seria algo culturalmente bom para a população. "Um cinema aqui seria apenas um espelho dos outros cinemas brasileiros, sem a exibição de filmes com temas relevantes para a sociedade".

Ainda de acordo com o diretor, o cinema não teria como base principal a formação cultural que os filmes exibidos ofereceriam para os seus espectadores. E iriam visar apenas o lado econômico, dando maior ênfase aqueles que gerassem maiores lucros à empresa. Assim, deixando de lado os filmes de qualidade, que poderiam contribuir para a comunidade com ensinamentos sobre um determinado tema.


Anexo 02 – 11 de janeiro de 2008 / O Mossoroense

Em http://www2.uol.com.br/omossoroense/110108/conteudo/cotidiano.htm

Mossoró perde seu único cinema

ADRIANA MORAIS
adriana.morais20@hotmail.com

O único cinema de Mossoró fechou as portas. O Cine Pax, que no dia 26 deste mês completaria 65 anos, definitivamente dará lugar a mais uma Loja do Papai. Desse modo, os cinéfilos vão ficar sem a maravilha da sétima arte na cidade de Mossoró.

O proprietário do Cine Pax, Luiz Pinto, afirma que o Corpo de Bombeiros fez uma série de exigência que o cinema teria que cumprir para que o estabelecimento continuasse a funcionar, como a implantação de um sistema de pára-raios, portas com destravamentos, iluminação de emergência, disposição de extintores, distanciamento de cadeiras laterais e uma escada de emergência de dois metros de altura.

Muitas dessas reivindicações foram atendidas. No entanto, quanto à questão das escadas, não foi possível fazer as modificações exigidas. "Não tínhamos como modificar um projeto de 65 anos, projetado pelo maior engenheiro do mundo", afirma Luiz Pinto.

Aliado a isso a concorrência desleal da pirataria e violência afastaram o público das salas do cinema mossoroense. Os conjuntos desses fatores levaram o cinema de Mossoró ao fim inevitável. "Até o momento, conseguimos manter o estabelecimento com muita dificuldade, mas infelizmente não teve como evitar o fechamento. Nós não queríamos que a cidade ficasse sem cinema, mas infelizmente não podemos fazer nada", lamenta Luiz Pinto.

Com o fechamento do Cine Pax e sem a instalação das salas de cinema do Mossoró West Shopping, que de acordo com o departamento de marketing não tem uma data definida para a inauguração, o único meio de se assistir a filmes na telona é no Cine Clube da cidade, que realiza as exibições quinzenalmente.

De acordo com o diretor do Cine Clube da cidade, Giovanni Fernandes, é lamentável que o único cinema da cidade feche suas portas. "É uma perda para a cultura local", diz.

Segundo ele, durante este mês de janeiro os mossoroense irão ficar sem o contato com a telona, uma vez que as sessões do Cine Clube em Mossoró estão em recesso, voltando à exibição de filmes somente depois do Carnaval.

Segundo Luiz Pinto, o cinema na cidade irá fazer falta, mas o que resta é esperar que em breve o Mossoró West Shopping abra as suas salas de cinema e possa oferecer diversão e cultura para a população mossoroense.

Conheça um pouco da história do Cine Pax

O cinema de Mossoró foi construído no dia 26 de janeiro de 1943, por meio de uma associação que era constituída pelas pessoas ricas da cidade na época, as quais dividiam ações sobre a propriedade. Esta associação era constituída de mil ações, divididas entre diversas pessoas.

O Cine Pax foi construído por um dos maiores arquitetos do mundo, George Muniet, que na época veio ao Nordeste para construir uma ponte no Recife e a catedral de Fortaleza.

Desde aquela época, o Pax veio dando a Mossoró um acervo de grandes espetáculos tanto de cinema quanto de teatro. Vários nomes nacionais se apresentaram no cine Pax, como a Cia. de Teatro Maria de La Forte, e outras companhias teatrais que vinham percorrendo o Brasil. O cine Pax também foi palco para a apresentação de cantores como Roberto Carlos, além de outros cantores de renome nacional.

O cinema estava funcionando somente na parte de cima do prédio. No entanto, o prédio foi modernizado, tem o ambiente mais agradável, com um som bom e espaço para mais de 300 lugares.

Atualmente o espaço que pertencera à sala de cinema em Mossoró foi vendido a empresários, para que futuramente seja instalada no local mais uma unidade da Loja do Papai.


Anexo 03 – 09 de março de 2006 / Cineclube Natal

Em http://cineclubenatal.blogspot.com/2006/03/cineclube-natal-carta-aos-amantes-do.html

Cineclube Natal entrega carta aos amantes do cinema

na estréia do circuito Cinemark em Natal



Anexo 04 – 26 de setembro de 2005 / Cineclube Natal

Em http://cineclubenatal.blogspot.com/2005/09/cineclube-natal-manifesto.html

Cineclube Natal - MANIFESTO

Atenção!

Nesta terça-feira, 27 de Setembro de 2005, o Cineclube Natal estará no Cinema Severiano Ribeiro, de luto pela "morte" da Sessão de Arte - a única que figurava no circuito comercial da nossa cidade.
Realizaremos um manifesto pacífico mostrando a nossa posição diante do atual cenário de salas exibidoras de Natal.

*As salas do Grupos Severiano Ribeiro se localizam no Natal Shopping. O último filme de arte a ser exibido antes do fechamento das salas, no dia 2 de Outubro, será a produção A Janela da Frente.




Leia aqui o texto escrito pelo sócio Giovanni Rodrigues:

O Cineclube Natal, entidade sem fins lucrativos, em funcionamento desde maio deste ano, voltada para a apreciação, estudo e difusão do cinema, vem juntar-se a todos os apreciadores do cinema livre e independente dos grandes interesses dominantes no mercado cinematográfico mundial e nacional, o cinema comprometido com a reflexão sobre o homem e os dilemas do nosso tempo, para lamentar a extinção da Sessão de Arte do Cine Natal que, malgrado todas as suas limitações, era ainda um espaço onde se podia tomar contato com parte da melhor produção cinematográfica mundial.


Tal situação se deve, entre outros fatores, ao modelo extremamente concentrador do mercado exibidor do país que, ao emergir da grande crise que levou ao fechamento de mais de três mil salas de cinema no território nacional, nos anos 1980, retorna em um sistema de grandes redes exibidoras com grupos de salas concentrados em espaços inacessíveis para a grande maioria da população, os "shopping centers". Foi o fim do cinema de rua, de bairro, próximo do cidadão.


Essas grandes redes não têm interesse que não seja o lucro, mas o mais grave é que, por serem cadeias fechadas e programadas em bloco, raros espaços deixam para qualquer produção fora do estrito padrão caça-níqueis, tornando o espaço exibidor cinematográfico intelectualmente irrespirável.


Como resposta a esta situação, ressurge no Brasil, ainda que lutando com dificuldades, nesta era neoliberal já em desencanto, um cineclubismo promissor, que já começa a se reorganizar como movimento. O nosso Cineclube Natal, muito jovem ainda, mas com muita garra para lutar por novos espaços para a fruição e debate do bom cinema - crítico, independente, inovador, revolucionário - após um ciclo de sessões muito bem sucedidas, seguidas de proveitosos e instigantes debates, luta hoje por um espaço para dar prosseguimento às suas atividades.


É com garra, paixão e muito prazer que damos vida a esta idéia, que nos associamos no Cineclube, porque sabemos que fazemos muito por nós mesmos e pela sociedade, e por uma cultura livre, oxigenada e transformadora. E pelo prazer de viver a magia do cinema, mas numa perspectiva humanizadora, libertadora, não alienada.


Por isto, convidamos a todos os "órfãos" desta Sessão de Arte a não se deixarem tomar pelo isolamento e pelo desânimo; a se juntarem a nós na consolidação e fortalecimento do nosso Cineclube Natal, na realização de muitas, muitas sessões, e muitos debates, realizando assim o nosso anseio de comungar com os povos, os criadores e os sonhadores do mundo, desta força - feita de idéias e emoções e imagens - força criadora e transformadora, que é a arte universal do cinema.



Cineclube Natal - 154ª sessão: As Rosas Selvagens


A angústia da adolescência na Assembléia Legislativa


Nesta quinta feira, dia 30 de abril de 2009, o Cineclube Natal em parceria com a Assembléia Legislativa tem o prazer de apresentar o filme francês As Rosas Selvagens (Les Roseaux Sauvages, França, 1994), do diretor André Techiné. na sessão Cine Assembléia. A exibição gratuita começa às 18:00 horas, com direito a pipoca. A censura é de 16 anos.



As Rosas Selvagens é um marcante registro dos anos sessenta. Em Villeneuve, sudoeste da França, durante a guerra da independência da Argélia, um grupo de amigos vai ingressando, cada qual à sua maneira, no mundo dos adultos, enfrentando dúvidas sobre a adolescência, a sexualidade e a política. Henri, um jovem argelino, é enviado à cidade para completar seus estudos e acaba trazendo aos colegas a dura realidade da guerra. François e Serge são desafiados pela agressividade de Henri, enquanto a bela Maïté se sente atraída por ele. O filme apresenta um olhar honesto sobre a angústia e a incerteza da auto-descoberta nessa fase da vida, bem como os temores da entrada na universidade.

As lembranças de André Techiné acerca de seu último ano na escola com certeza conferiram ao seu filme um tom semi-biográfico, que parece mais honesto, emotivo e profundo do que a grande maioria das películas que tratram sobre o mesmo tema. Entretanto, a nostalgia de Techiné não macula este drama com tons amenos e românticos. Essencialmente um estudo de personagens envolvidos num quadrilátero amoroso, "As Rosas Selvagens" analisa a adolescência do ponto de vista daqueles que se consideram "marginalizados", mostrando que, enquanto o contexto político e social pode afetar o desenvolvimento de uma pessoa, outros fatores - como amizade e amor - geralmente são os determinantes.

Quem é adolescente - ou já foi um - reconhecerá os temas abordados no belo filme de Techiné, tais como, a descoberta e as dúvidas referentes ao sexo, o primeiro amor, as pressões sociais e da famíla para "passar no vestibular", e, em última instância, o medo do futuro. Ver o filme é uma experiência única, especialmente para se constatar que, não importa o lugar, a época, as diferenças culturais ou a conjectura pollíca, as dores da entrada na vida adulta são as mesmas, sendo que esta constatação nos oferece um pouco de conforto.

O cineasta André Téchiné nasceu em 13 de março de 1943 em Valence D'Agen. Foi crítico de cinema da famosa revista Cahiers du Cinema. Seu primeiro filme "Pauline s'en Va", realizado em 1969, foi lançado somente em 1975. Techiné destaca-se por seu estilo autoral, que recebe muitos elogios da crítica francesa, reunindo em seus trabalhos atores e atrizes consagrados do cinema da França, trabalhando com nomes consagrados como Catherine Deneuve, dentre outros. Todos estão convidados para asssistir este terno e pungente filme.

Assista aqui ao trailer (em francês) de As Rosas Selvagens:



Sessão Cine Assembléia
Quinta-feira, 30 de abril
18 horas
Assembléia Legislativa
Praça 7 de Setembro, s/n, Cidade Alta
Fone: 3232-5761
Entrada gratuita
Classificação indicativa: 16 anos


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[FICHA TÉCNICA: "AS ROSAS SELVAGENS"]
Título original: Les Roseaux Sauvages
País: França
Ano: 1993
Duração: 115 minutos
Cor: colorido
Idioma: francês
Gênero: drama
Estúdio: Ima Films, Les Films Alain Sarde, Canal+, IMA Productions, La Sept-Arte, Société Française de Production (SFP), Centre National de la Cinématographie (CNC)
Roteiro: Olivier Massart, Gilles Taurand, André Téchiné
Direção: André Téchiné
Produção: Georges Benayoun, Chantal Poupaud, Paul Rozenberg, Alain Sarde
Fotografia: Jeanne Lapoirie
Desenho de Produção: Pierre Soula
Figurino: Elisabeth Tavernier
Edição: Martine Giordano
Elenco: Élodie Bouchez, Gaël Morel, Stéphane Rideau, Frédéric Gorny, Michèle Moretti, Jacques Nolot

Principais premiações: César de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Atriz Mais Promissora, Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro da Associação de Críticos de Los Angeles, do Círculo de Críticos de Nova Iorque e da Sociedade Nacional de Críticos dos Estados Unidos; Indicado ainda aos César de Melhor Atriz Coadjuvante e Ator Mais Promissor (Frédéric Gorny, Gaël Morel,Stéphane Rideau)


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20.4.09

Cineclube Natal - 153ª sessão: Short Cuts - Cenas da Vida


Short Cuts - Cenas da Vida ilumina as telas do TCP


Neste domingo, dia 26 de abril, o Cineclube Natal volta às telas do TCP, apresentando, às 17:00 horas, o filme Short - Cuts, Cenas da Vida (Short Cuts, 1993), do diretor americano Robert Altman na sessão Cine Vanguarda. A entrada custa R$ 2,00 (dois reais) e a classificação etária é de 16 anos.



O filme monta um painel da cidade de Los Angeles a partir do atropelamento de uma criança, filha de um apresentador de TV (Bruce Davison), por uma garçonete (Lilly Tomlim). Casais que não se entendem, pais e filhos que não se comunicam e amantes que não conseguem se integrar fazem parte da narrativa costurada a partir de sete contos do escritor Raymond Carver. Short Cuts não tem protagonistas, nem coadjuvantes. São 22 pessoas que vivem em Los Angeles em bairros de classe média, e levam vidas normais.

Dentre eles, além dos citados, há o pai do apresentador de TV (o grande Jack Lemmon) que aparece de surpresa, após anos sem dar notícia. Tem o padeiro (Lyle Lovett) que passa trotes telefônicos e um policial (Tim Robbins) que, por sua vez, trai a esposa (Madeleine Stowe), que posa nua para uma amiga (Julianne Moore). Talvez a personagem mais interessante de todas seja a atendente de telessexo (Jennifer Jason Leigh), que atende aos telefonemas com voz lasciva e diz obscenidades despreocupadamente, sob os olhares enciumados do marido com quem não faz sexo (Chris Penn), enquanto troca a fralda de um dos filhos do casal.


Short Cuts foi muito elogiado na época do lançamento, sobretudo pelo roteiro arrojado do próprio Altman. O cineasta deu um jeito de interligar os personagens dos contos de Carver, compondo um mosaico riquíssimo de indivíduos que levam suas vidas de forma banal e melancólica. Nos filmes do diretor - e sobretudo em Short Cuts - , os personagens começam principais, viram secundários, tornam-se novamente principais, e assim por diante. A narrativa é fragmentada, sim, mas extraordinariamente coesa tematicamente. Entre os conflitos retratados, preponderam as insatisfações com a vida profissional, arrependimentos e outros dramas pessoais, sendo que cada história parece tomar um rumo próprio, mas nunca perdendo a conexão emocional com as demais.

Robert Altman filma a vida como ela é: monótona, solitária, cheia de encontros e desencontros definidos pela sorte, sobre os quais não temos nenhum controle. E, apesar dos problemas dos personagens - e, por que não, os nossos - serem de caráter pessoal, não deixam de estar relacionados com as mazelas da sociedade moderna, especialmente o conformismo.


Altman, emulando no cinema a obra de Raymond Carver, usa uma abordagem de extremo minimalismo e recusa a utilização de artifícios dramáticos, como um final redentor que pudesse dar um significado maior ao acaso da vida. Ele evita encerrar a obra da forma tradicional, com algum acontecimento extraordinário. Muitos cineastas talentosos, posteriores a Altman, tentaram imitá-lo (Paul Thomas Anderson conseguiu um bom resultado em "Magnólia"), mas nenhum chegou tão perto de exprimir a sensação de se viver em uma cidade grande como Robert Altman. Trata-se de um belíssimo filme, com roteiro maravilhoso, um dos raríssimos trabalhos que tem o ritmo da vida como ela é.

Infelizmente, a obra-prima de Altman ainda não foi lançada em DVD no Brasil. Existe uma inacreditável versão em DVD nos EUA, da Criterion, completíssima, que inclui uma cópia do livro original de Raymond Carver, um longo documentário de bastidores, uma conversa entre Altman e Tim Robbins, outro documentário sobre a vida de Carver, além de entrevista em áudio com o autor do livro e alguns extras enfocando partes específicas do desenvolvimento do projeto. Na ausência de um lançamento nacional adequado, esta é uma exclente oportunidade para o público natalense conferir essa grande obra daquele que foi, indubitavelmente, um dos grandes diretores americanos de nosso tempo.

Assista aqui ao trailer (em inglês) de Short Cuts - Cenas da Vida:


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 26 de abril
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular "Chico Daniel"
Rua Jundiaí, 641, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 2,00
Classificação indicativa: 16 anos


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[FICHA TÉCNICA: "SHORT CUTS - CENAS DA VIDA"]
Título original: Short Cuts
País: Estados Unidos
Ano: 1993
Duração: 187 minutos
Cor: colorido
Idioma: inglês
Gênero: drama / comédia
Estúdio: Avenue Pictures Productions, Fine Line Features, Spelling Entertainment
Roteiro: Raymond Carver (contos), Robert Altman, Frank Barhydt
Direção: Robert Altman
Produção: Cary Brokaw, Scott Bushnell, Mike E. Kaplan, David Levy
Fotografia:
Música: Mark Isham
Direção de Arte: Jerry Fleming
Desenho de Produção: Stephen Altman
Figurino: John Hay
Edição: Suzy Elmiger, Geraldine Peroni
Elenco: Jack Lemmon, Julianne Moore, Tim Robbins, Madeleine Stowe, Robert Downey Jr., Lily Tomlin, Frances McDormand, Jennifer Jason Leigh, Chris Penn, Andie MacDowell, Bruce Davison, Zane Cassidy, Mathew Modine, Anne Archer, Lili Taylor, Tom Waits

Principais premiações: Leão de Ouro (Melhor Diretor, empatado com "A Liberdade é Azul") e Melhor Elenco no Festival de Veneza, Globo de Ouro Especial de Melhor Elenco, Independent Spirit de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro; Indicado ainda ao Oscar de Melhor Diretor, ao Globo de Ouro de Melhor Roteiro, ao Independent Spirit de Melhor Atriz Coadjuvante (Julianne Moore) e ao César de Melhor Filme Estrangeiro.


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Cineclube Natal - 152ª sessão: Os Visitantes


Uma visita ao ano de 1993
- Os Visitantes será o primeiro filme da sessão Cinéphilie, novo projeto do Cineclube Natal, em parceria com a Aliança Francesa -

Nesta quarta-feira, dia 22 de abril, o Cineclube Natal, dando continuidade à sua nova sessão fixa, o recém-inaugurado projeto "Cinéphillie", está de volta à Aliança Francesa e apresentará o filme Os Visitantes (Les Visiteurs, 1993, do diretor Jean-Marie Poiré), às 18:30 horas. A entrada é franca e a censura, livre.


Os Visitantes
consiste num dos melhores exemplares da comédia francesa dos anos noventa, sendo um dos maiores fenômenos de bilheteria da França - com mais de 10 milhões de espectadores só neste país. Uma comédia hilariante estrelada pelos astros Jean Reno ("O Código Da Vinci") e Christian Clavier ("Astérix & Obelix").

No ano de 1123, o conde de Montmirail, Godefroy de Paincourt, acidentalmente mata o pai de sua noiva e pede a um mago que o leve de volta no tempo para reverter a situação. A magia, porém, sai ao contrário, sendo que Papincourt e seu fiel escudeiro Jacquoille acabam parando na França de 1993. Numa sucessão de acontecimentos hilários, eles são conduzidos até a descendente direta de Godefroy, Béatrice. Esta reconhece nele os traços de seu antepassado, cujo retrato adornava uma das paredes do castelo que ela teve de vender, devido a alguns problemas financeiros, a um novo-rico covarde e esnobe, Jacquart, descendente e, portanto, extremamente parecido com Jacquoille. A confusão está armada nesta comédia de humor tipicamente francês.


Interessante notar que este filme só atinge todo potencial cômico em seu idioma de origem, o francês, ficando a dever em dublagens para outras línguas. Os trocadilhos são hilários, sendo que nenhuma tradução - por mais bem feita que seja - consegue substituir a criatividade dos diálogos originais em francês. A sessão Cinéphilie exibirá em áudio original, visando o aprimoramento do idioma para os alunos da Aliança Francesa, um dos objetivos do projeto. Logicamente, haverá legendas em português, para atender o público externo, outra meta de qualquer sessão do Cineclube Natal. Portanto, uma boa pedida para os conhecedores e amantes do francês, mas também para os apreciadores de uma comédia histórica com toques de "non-sense", nos moldes de "O incrível Exército de Brancaleone" e "Monty Python e o Cálice Sagrado".

Assista aqui a algumas cenas (em francês) de Os Visitantes:


Sessão Cinéphilie

Quarta, 22 de abril
18:30 horas
Aliança Francesa
R. Potengi, 459, Petrópolis
Fone: 3222-1558
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "OS VISITANTES"]
Título original: Les Visiteurs
País: França
Ano: 1993
Duração: 107 minutos
Cor: colorido
Idioma: francês
Gênero: comédia / fantasia
Estúdio: Alpilles Productions, Amigo Productions, Canal+, France 3 Cinéma, Gaumont International
Roteiro: Christian Clavier, Jean-Marie Poiré
Direção: Jean-Marie Poiré
Produção: Alain Terzian
Fotografia: Jean-Yves Le Mener
Música: Eric Levi
Direção de Arte: Bertrand Seitz
Desenho de Produção: Huhues Tissandier
Figurino: Catherine Leterrier
Edição: Catherine Kelber
Elenco: Jean Reno, Christian Clavier, Valérie Lemercier, Christian Bujeau

Principais premiações: César de Melhor Atriz Coadjuvante; Indicado aos César de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Ator (Jean Reno e Christian Clavier), Melhor Edição, Melhor Música e Melhor Figurino.



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1.4.09

Cineclube Natal - 151ª sessão: Da Vida das Marionetes


Ingmar Bergman nas telas do Nalva Melo Café Salão


"Instintivamente as pessoas têm sempre medo das emoções. Na minha geração, no meu meio, educar não era formar um ser humano, mas criar uma pequena marionete, destinada a existir e a andar numa sociedade autoritária. Para que um menino não se comporte como uma menina é preciso ser duro com ele e assim, muito cedo, aprendemos a interpretar nossos papéis. Por isso, seriamente, creio que é, que seria maravilhoso ensinar o ABC das emoções. Com esse ABC eu tento trabalhar e atingir o D do abecedário, mas nós somos todos analfabetos nesse campo" Ingmar Bergman, sobre "Da Vida das Marionetes"

Nesta sexta-feira, dia 03 de abril, o Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Salão Café, tem a honra de apresentar dentro do projeto Cine Café o filme Da Vida das Marionetes (Aus dem Leben der Marionetten, Suécia/Alemanha, 1980), uma das obras mais complexas e radicais do mestre Ingmar Bergman. A sessão começa às 20:00 horas e a entrada custa R$ 2,00 (dois reais).

A história do filme versa sobre Peter Egerman, um executivo bem sucedido que vive um casamento conturbado com Katarina. Dias depois de ter um sonho no qual mata a esposa, Peter sai com uma prostituta e mata-a. Qual seria a explicação dessa tragédia? Em Da Vida das Marionetes, Bergman explora, com intensidade e ousadia, a mente de um homem levado ao extremo a partir do relacionamento desse casal problemático.

Os eventos do filme são desnudados de forma extremamente violenta pela câmera do diretor. A narrativa nos relata os momentos anteriores e posteriores do incidente. Gradativamente, as vidas do assassino e de sua esposa vão se desintegrando em meio às neuroses daquele e a lascívia latente desta. Tudo nos é contado de forma desconexa, onde a história vai e volta no passado. Somos jogados no meio da relação do casal, percebendo o quanto a sua aparente "vida livre" nos revela uma esposa sexualmente repressiva e um marido tão carente quanto neurótico.

Ingmar Bergman
, mais uma vez, desconstrói os relacionamentos humanos através da vida de um casal em crise. Pode não parecer, mas eles estão tão distantes um do outro quanto um outro casal famoso do cinema de Bergman: Marianne e Johan de "Cenas de um Casamento".

O filme Da Vida das Marionetes surgiu durante a mais dura fase da vida de Ingmar Bergman. Na época, o cineasta sueco foi acusado de sonegar impostos no seu país natal, tendo que fugir para evitar a cadeia. Sendo assim, Bergman se estabeleceu em Munique, na Alemanha, onde passou a dirigir um teatro. Para lidar com a ansiedade, tomava remédios contra a depressão e insônia. Um péssimo momento para um ser humano comum trabalhar, mas não para Bergman. Durante a carreira prolífica, ele se tornara especialista no ato de sintetizar fantasmas pessoais em poderosas reflexões sobre os dramas da condição humana (vide "Fanny & Alexander"). Desta forma, como fazem todos os grandes artistas, transformou o próprio sofrimento em um impressionante e perturbador pesadelo sobre sexo, morte e máscaras sociais.

Por diversas razões, Da Vida das Marionetes jamais recebeu a merecida atenção da crítica especializada. Para começar, a própria condição de exilado limitava a participação de Bergman em festivais de lançamento. O filme também reprisava temas (o medo da morte, a dor inerente à alma humana, as prisões sociais) e situações dramáticas (um casal em crise) muito comuns à obra do diretor sueco, algo que para muita gente rebaixava a obra. Foi produzido com baixíssimo orçamento, sendo lançado sem badalação. Adotava o formato "quadrado" de imagem (1.33:1), como o de um aparelho de televisão tradicional (já que havia sido feito para a TV alemã), o que reduzia as chances de ser exibido em circuito amplo de cinemas. Por fim, o próprio cineasta já acalentava a idéia de aposentadoria, o que lhe levava a ser visto por cinéfilos de todo o mundo como um diretor ultrapassado, um dinossauro que não tinha mais nada de novo a dizer - ironicamente, Bergman ainda dirigiria muitos filmes depois deste.

Definitivamente, Da Vida das Marionetes, por todos os motivos expostos, não está na linha dos filmes mais conhecidos da filmografia do brilhante cineasta, mas da sua vasta e densa produção cinematográfica é sem dúvida um dos mais psicanalíticos, e por isso mesmo um dos mais humanos. Mais uma boa oportunidade para o público natalense conhecer melhor o cinema de Bergman e, de quebra, degustar um bom café.

Assista aqui a algumas cenas (em alemão com legendas em espanhol) de Da Vida das Marionetes:


Sessão Cine Café

Sexta, 03 de abril
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação indicativa: 18 anos


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[FICHA TÉCNICA: "DA VIDA DAS MARIONETES"]
Título original: Aus dem Leben der Marionetten
País: Alemanha Ocidental / Suécia
Ano: 1980
Duração: 104 minutos
Cor: preto e branco / colorido
Idioma: alemão
Gênero: drama
Estúdio: Austrian Broadcasting Corporation (ORF), Incorporated Television Company (ITC), Personafilm, Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF)
Roteiro: Ingmar Bergman
Direção: Ingmar Bergman
Produção: Ingmar Bergman, Richard Brick, Lew Grade, Helmut Rasp, Martin Starger, Horst Wendlandt
Fotografia: Sven Nykvist
Música: Rolf A. Wilhelm
Direção de Arte: Hebert Strabel
Desenho de Produção: Rolf Zehetbauer
Figurino: Charlotte Flemming
Edição: Petra von Oelffen
Elenco: Robert Atzorn, Heinz Bennent, Martin Benratch, Toni Berger, Christine Buchegger, Gaby Dohm, Erwin Faber, Lola Müthel, Ruth Olafs, Karl-Heinz Pelser, Rita Russek, Walter Schmidinger

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