25.5.09

Cineclube Natal - 158ª sessão: O Mundo de Apu


Encerramento da Trilogia de Apu
no Cine Assembléia


A retrospectiva do mais importante diretor da Índia promovida pelo Cineclube Natal termina nesta quinta-feira, 28 de maio, no projeto Cine Assembléia, com o filme O Mundo de Apu (Apur Sansar, 1959), o terceiro longa que compõe a Trilogia de Apu (A Canção da Estrada; O Invencível), do diretor Satyajit Ray. A sessão é gratuita e começa às 18:00 horas no auditório da Assembléia Legislativa.


Agora, o jovem Apu é um estudante e escritor em Calcutá, quando vai a um casamento. Lá, vê-se, de repente, forçado a se casar com a noiva para salvá-la da maldição de ser abandonada no altar. Apaixonam-se depois, mas outra trajédia na vida de Apu colocará em cheque a sua felicidade. Aqui encerra-se uma das mais belas e honestas sagas do cinema.

A Índia possui uma das maiores cinematografias do mundo. É o único lugar que produz mais filmes que Hollywood, mas a maioria deles, melodramas cantados, é consumida só pelo público interno, não se destina à exportação. Satyajit Ray foi um dos raros diretores indianos a conseguir projeção internacional.

Até Hollywood se rendeu ao diretor nascido em 1921. Ele já estava no hospital, quando recebeu um Oscar especial de carreira, em 1992. Morreu menos de um mês depois. Deixou o legado de uma obra que pode ser desequilibrada estruturalmente, mas é sempre rigorosa do ponto de vista filosófico, humano e poético. Canção da Estrada, o primeiro filme da trilogia, inicia a história de Apu. O garoto nasce logo no começo e o filme mostra a dificuldade da família para sobreviver numa aldeia pobre. Apu, o pai, a mãe e a irmã. Uma narrativa de inspiração neo-realista, com contornos de fábula bucólica.

No segundo filme, O Invencível, a família muda-se para a cidade. Apu não se adapta, distancia-se da mãe. É quando vem a cena maravilhosa – ele recita uma poesia na aula. É como se Ray quisesse dizer que a beleza pode refulgir no ambiente mais miserável. Esse homem era um humanista – por mais que a palavra seja estranha nesses tempos de globalização. N'O Mundo de Apu, o herói casa-se com uma mulher rica e desenvolve um olhar contemplativo sobre o mundo. Os três filmes compõem um comentário sobre a evolução da Índia como sociedade industrial. Ray critica essa sociedade por ser corrupta, mas sua idéia é a de que o homem não precisa (nem deve) se corromper.

O diretor era filho de um poeta e pintor que morreu quando tinha apenas 2 anos. A família empobreceu, Ray teve de trabalhar muito cedo. Foi ser desenhista de publicidade, sendo que os desenhos o aproximaram do cinema. Resolveu ser cineasta e em 1947 fundou a Film Society. No começo dos anos 50, teve o encontro decisivo com Jean Renoir, que fora à Índia para fazer "O Rio Sagrado". Superando dificuldades, Ray fez, ao longo de vários anos, A Canção da Estrada, que ganhou o prêmio de melhor documento humano em Cannes, em 1956. No ano seguinte, ganhou o Leão de Ouro de Veneza com "O Invencível". O resto é história.

Assista aqui a uma cena (com legendas em inglês) de O Mundo de Apu:


Sessão Cine Assembléia
Quinta-feira, 28 de maio
18 horas
Assembléia Legislativa
Praça 7 de Setembro, s/n, Cidade Alta
Fone: 3232-5761
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "O MUNDO DE APU"]
Título original: Apu Sansar
País: Índia
Ano: 1959
Duração: 105 minutos
Cor: preto e branco
Idioma: bengali
Gênero: drama
Estúdio: Satyajit Ray Productions
Roteiro: Bibhutibhushan Bandyopadhyay (romance), Satyajit Ray
Direção: Satyajit Ray
Produção: Satyajit Ray
Fotografia: Subrata Mitra
Música: Ravi Shankar
Desenho de Produção: Bansi Chandragupta
Edição: Dulal Dutta
Maquiagem:Sakti Sen
Som: Durgadas Mitra
Elenco: Soumitra Chatterjee, Sharmila Tagore, Alok Chakravarty, Swapan Mukherjee, Dhiresh Majumdar, Sefalika Devi, Dhiren Ghosh, Shanti Bhattacherjee, Abhijit Chatterjee, Belarani Devi

Principais premiações: indicado a Melhor Filme Estrangeiro no BAFTA.


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20.5.09

Cineclube Natal - 157ª sessão: O Cavaleiro do Telhado e a Dama das Sombras


O talento de Juliette Binoche no Cinephilie


Nesta quinta-feira, dia 21 de março do corrente ano, o Cineclube Natal e a Aliança Francesa exibirão, dentro do projeto Cinephilie, o belo O Cavaleiro do Telhado e a Dama das Sombras (Le Hussard Sur Le Toit, 1995). A sessão começará às 17:00 horas e a entrada é franca.



No Sul da França do século XIX, um jovem oficial italiano (Olivier Martinez), idealista e fugitivo do exército francês, tenta voltar ao seu país. A seu redor, uma epidemia causa o pânico e extermina com tudo. Ele tenta se manter vivo e suas chances aumentam quando encontra uma bela e enigmática mulher (Juliette Binoche), que também está em fuga e busca um misterioso marido desaparecido.

Depois do monumental sucesso de seu "Cyrano de Bergerac", o diretor Jean-Paul Rappeneau tentou criar um filme ainda mais luxuoso e belo, O Cavaleiro do Telhado e a Dama das Sombras, que consiste numa adaptação do romance homônimo do francês Jean Giono. Rappeneau admitiu que o romance era praticamente impossível de adaptar às telas, mas que ficara tão impressionado com a beleza da obra que resolveu assumir o risco. Ao exorbitante custo de 176 milhões de francos, este foi o filme francês mais caro até então. Acabou se tornando um sucesso mundial moderado, sendo eventualmente indicado a 10 "César" (O Oscar francês), ganhando apenas dois, por melhor som e cinematografia - merecidamente.


Além da espetacular fotografia, muito dos méritos do filme reside na química entre os dois atores principais, salientando que o diretor evita com destreza os óbvios estereótipos dos romances ambientados nessa particular época. Embora os personagens estejam evidentemente apaixonados, o respeito mútuo entre eles, o seu código de honra e senso de lealdade se transformam em verdadeiros obstáculos morais para a consumação de seu amor. O desenvolvimento dessa relação e interação entre os personagens consistem num dos pontos mais fortes do filme, conferindo-lhe uma sutileza e profundidade que vão além do que nos é comumente apresentado no chamado "cinema moderno".

A despeito de algumas falhas, em especial a narrativa truncada, O Cavaleiro do Telhado e a Dama das Sombras possui um charme indefinível que mantém a atenção do espectador do seu início ao fim. Com certeza a sensível atuação de Binoche como uma mulher forte de grande senso moral, aliada às espetaculares locações - que fazem deste filme um dos mais belos "road movies" franceses -, tornam O Cavaleio do Telhado e a Dama das Sombras uma obra a ser conferida.


Assita aqui ao trailer de O Cavaleiro do Telhado e a Dama das Sombras:



Sessão Cinéphilie
Quinta-feira, 21 de maio
17 horas
Aliança Francesa
R. Potengi, 459, Petrópolis
Fone: 3222-1558
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "O CAVALEIRO DO TELHADO E A DAMA DAS SOMBRAS"]
Título original: Le Hussard Sur Le Toit
País: França
Ano: 1995
Duração: 120 minutos
Cor: colorido
Idioma: francês
Gênero: drama
Estúdio: Hachette Première, Canal+, Centre Européen Cinématographique Rhône-Alpes, Compagnie Européenne Cinématographique (CEC), Entree Europees Cineatografique, France 2 Cinéma
Roteiro: Jean-Claude Carrière, Nina Companéez, Jean-Paul Rappeneau, Jean Giono (romance)
Direção: Jean-Paul Rappeneau
Produção: Bernard Bouix, René Cleitman
Fotografia: Thierry Arbogast
Música: Jean-Claude Petit
Direção de Arte: François Hamel
Desenho de Produção: Ezio Frigerio, Jacques Rouxel
Figurino: Franca Squarciapino
Edição: Noëlle Boisson
Elenco: Juliette Binoche, Olivier Martinez, Pierre Arditi, François Cluzet, Jean Yanne, Claudio Amendola, Isabelle Carré, Carlo Cecchi, Jacques Sereys, Christophe Odenti, Yolande Moreau

Principais premiações: César de Melhor Fotografia e Melhor Som; Indicado ao César de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Atriz Mais Promissora, Melhor Edição, Melhor Figurino, Melhor Desenho de Produção e Melhor Música.

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19.5.09

Cineclube Natal - Mercado Cultural: aniversário e inauguração da sede

MERCADO CULTURAL


A cultura potiguar invadindo o mercado de Petrópolis!


QUARTA-FEIRA, DIA 20 DE MAIO, a partir das 18hs:

GRANDE FESTA DE INAUGURAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DOS BOXES CULTURAIS DO MERCADO DE PETRÓPOLIS


18hs: Abertura do evento com apresentação de Khystal

18:40 hs: Camilo Lemos

19:20hs: Projeto Pau & Lata

20:hs: Babal e Lívio Oliveira realizam o relançamento do CD Cineclube

20:30hs: Performances do Circo Tropa-Trupe

21hs: Diogo Guanabara e Macaxeira Jazz

21:30hs: Camila Masiso e Macaxeira Jazz


PARCEIROS

INAUGURAÇÃO: Cineclube Natal (Box 51) / Sebo Lisboa (Box 26) / Pub Papo Furado (Box 19) / Sebo Cata-Livros (Box 8)

REVITALIZAÇÃO: DS TEC- Software Livre (Box 24) / Oficina Willame Galvão (Box 25)

Localização: Mercado de Petrópolis, Av. Hermes da Fonseca, 407

11.5.09

Cineclube Natal - III Semana do Filme Cult


Uma tela para os malditos
III Semana do Filme Cult começa nesta quarta-feira no TCP

Na próxima quarta feira, quem quiser fugir do surrado circuitão cinematográfico dos shoppings e encarar um programa diferente, terá um motivo a mais para ir até o Tirol, precisamente às 18h30 (exceto no domingo, às 19h), no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, anexo à sede da Fundação José Augusto. Lá estará sendo lançada a III Semana do Filme Cult, que dessa vez apresentará uma programação-surpresa antes das sessões anunciadas. A Semana reúne obras obscuras da cinematografia mundial, negligenciadas pela tradicional ignorância do exibidor brasileiro.



O sucesso das duas edições anteriores motivou a direção do Cineclube Natal a promover mais uma edição da mostra, novamente contando com a colaboração dos cineclubistas Nelson Marques, Gianfranco Marchi e do jornalista e crítico de cinema Rodrigo Hammer. De acordo com Marques, a iniciativa complementa uma série de ações da entidade que atualmente promove sessões periódicas em quatro pontos diferentes da cidade: o Nalva Melo Café Salão, a Assembléia Legislativa, o próprio Teatro d Cultura Popular e, mais atualmente, a Aliança Francesa.



Ter a chance de assistir a cinco filmes de acesso restrito à grande parte do público, é especialmente interessante quando se leva em conta que, da seleção, apenas um dos títulos – o sueco Deixe Ela Entrar (2008) – foi produzido neste século, tratando de um inusitado caso de vampirismo infantil. Relegados ao oblívio ou simplesmente discriminados face à temática controversa dos roteiros, pertencem todos ao nicho das coleções particulares, quando muito, disponíveis através dos emuladores da Internet. Exemplo patente, é o bizarro Lua Negra (1975), ainda menos conhecido que o ultra-cult Sopro No Coração, também de Louis Malle. Programado para a quinta-feira, chegou a ser banido em alguns países por conter sequências que ofenderiam à mentalidade dos “guardiões” da falsa-moral contemporânea.

O Abominável Dr. Phibes - quarta-feira, dia 13

Lua Negra - quinta, dia 14

Na mesma trilha segue o terror mexicano Alucarda (1978). Dirigido por Juan López Moctezuma, não teve melhor sorte que as outras produções da época inspiradas em casos de possessão com direito a nudez, sugestões a lesbianismo e rituais sanguinolentos. Para iniciar a mostra, a organização escolheu o clássico underground O Abominável Dr. Phibes (1971), de Robert Fuest. Tragicomédia trash de contornos românticos, apresenta o mito Vincent Price em uma de suas mais brilhantes atuações na pele do atormentado vilão movido por vingança. O filme teve em 1972 uma sequência fracassada – o ótimo Dr. Phibes Rises Again – a completar magistralmente a saga do personagem.

Alucarda - sexta, dia 15

No sábado, um dia antes do encerramento com Deixe Ela Entrar, o público da mostra vai conhecer A Maldição do Homem Sem Rosto (1958), único exemplar assumidamente “B” do pacote, versando sobre um cadáver remanescente das ruínas de Pompia em busca da mulher amada. Traduzido e legendado exclusivamente para o festival por Rodrigo Hammer, pertence a um ciclo distinto da cinematografia norte-americana dos Anos 1950, época em que o gênero Noir dominava as telas, com poucos realizadores que ousavam apostar noutra linha de entretenimento.

A Maldição do Home Sem Rosto - sábado, dia 16

Deixe Ela Entrar - domingo, dia 17

A III Semana do Filme Cult é oferecida pelo Cineclube Natal em parceria com o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (FJA). Os ingressos somente estarão à venda na bilheteria do TCP, antes das sessões.

Informamos que no domingo, dia 17, haverá ainda a sessão do Cine Vanguarda de maio, adiada do dia 10 para esta nova data. A exibição trará a segunda parte da Trilogia de Apu, "O Invencível", e começará às habituais 17hs. O encerramento da III Semana do Filme Cult terá início logo após, às 19 horas.


P R O G R A M A Ç Ã O


Quarta-feira, 13 - "O Abominável Dr. Phibes"
(trailer)


(The Abominable Dr. Phibes - ING/EUA – 1971)
Direção: Robert Fuest
Com Vincent Price e Joseph Cotten
O Dr. Anthon Phibes conduz a execução premeditada de nove dos médicos que seriam os culpados pela morte de sua esposa durante cirurgia.




Quinta-feira, 14 - "Lua Negra"
(cena)


(Black Moon - FR/ALE – 1975)
Direção: Louis Malle
Com Cathryn Harrison e Joe Dallesandro
Quando se vê isolada em estranha mansão campestre, jovem viajante encara situações surrealistas que envolvem a guarda de uma anciã.




Quinta-feira, 15 - "Alucarda"
(trailer)


(Alucarda - La Hija De Las Tinieblas - MEX – 1978)
Direção: Juan López Moctezuma
Com Tina Romero e Claudio Brook
Noviça apresenta sinais de possessão demoníaca agravados pela presença da misteriosa Alucarda, jovem que surge como sua aliada.




Quinta-feira, 16 - "A Maldição do Homem Sem Rosto"

(Curse Of The Faceless Man – EUA – 1958)
Direção: Edward L. Cahn
Com Richard Anderson e Elaine Edwards
Corpo descoberto em escavação adquire vida e passa a perseguir mocinha nas cercanias do Museu de Pompeia, em Nápoles.




Quinta-feira, 17 - "Deixe Ela Entrar"
(trailer)


(Let The Right One In – SUE – 2008)
Direção: Tomas Alfredson
Com Kare Hedebrant e Lina Leandersson
O desprezado Oscar, menino atormentado, conhece o amor e a vingança através da amizade com Eli, vizinha que descobre ser vampira.




III Semana do Filme Cult
de quarta-feira, 13 a domingo, 17 de maio
18:30 horas (quarta a sábado)
19 horas (domingo)
TCP - Teatro de Cultura Popular 'Chico Daniel'
Rua Jundiaí, 461, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 3,00 ou R$ 12,00 (o pacote com todas as sessões)
Classificação indicativa: 16/18 anos



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7.5.09

Cineclube Natal - 156ª sessão: O Invencível



AVISO: A SESSÃO DE "O INVENCÍVEL", CANCELADA NO FINAL DE SEMANA PASSADO, SERÁ EXIBIDA NESTE DOMINGO, DIA 17, NO MESMO HORÁRIO (ÀS 17 HORAS) - A DIRETORIA DO CINECLUBE NATAL PEDE DESCULPAS PELO INCONVENIENTE.



A força do cinema indiano invade o TCP!


Neste domingo, 17 de maio, o Cineclube Natal, em sua parceria com o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, apresentará a segunda parte da chamada "Trilogia de Apu": o filme "O Invencível" (Aparajito, 1956). A sessão Cine Vanguarda começa às 17:00 horas e a entrada custa módicos R$ 3,00 (três reais), dando direito ainda ao ingresso no encerramento da III Semana do Filme Cult, também realizada pelo Cineclube Natal, de 13 a 17 de maio.


Apu agora é um adolescente. Após viver algum tempo em Benares, o jovem de dez anos muda-se com a mãe para a casa de um tio. Apu freqüenta a escola, local onde é um bom aluno, ao ponto de receber uma bolsa de estudos para estudar em Calcutá. Ele decide partir, deixando a mãe angustiada com sua ida e crescente independência.

A partir de "O Invencível", a narrativa do diretor Satyajit Ray se modifica drasticamente em relação àquela apresentada no filme anterior ("A Canção da Estrada", 1955). O caráter universal sugerido pelo primeiro título da série se desmancha em parte para dar vazão a uma história que ganha tons locais. Apu está crescido e, na Índia colonial, receber uma bolsa de estudos era como ganhar na loteria. A mãe se vê diante de um conflito: por um lado, ela sonha com um futuro promissor para o filho, por outro, não quer ficar sozinha e, a princípio, pede para que Apu fique com ela e siga o ofício do pai como pregador. O rapaz, no entanto, agora ciente da realidade e das possibilidades de desenvolvimento refuta um possível retorno ao passado miserável, preferindo aceitar a chance de estudar em Calcutá e ter uma profissão. Durante este período, faz raras visitas à mãe e, em suas visitas, mal lhe fala. As escolhas de Apu para com sua família marcarão profundamente sua existência, a partir dos acontecimentos apresentados no decorrer deste filme.

De elevado realismo, o cinema de Ray funda-se na escola Italiana a que teve acesso, sobretudo, em Londres. A nostalgia, o desânimo e a compaixão são as suas armas cinematográficas, num país que teimava em não acertar o passo da produção de cinema. Por isso escreveu nos anos 40: "A crueza das imagens do cinema é a própria vida. É inacreditável como um país que inspirou tanta pintura, música, e poesia, falhe perante o realizador de cinema. Ele só tem de ter os olhos abertos e os ouvidos atentos. Deixem-no fazê-lo”.

E ele o fez maravilhosamente! Akira Kurosawa certa vez disse a seu propósito: "Não ter visto o cinema de Ray significa existir no mundo sem ver o sol ou a lua". É essa a força do seu cinema.

Assista aqui a uma cena (com legendas em inglês) de O Invencível, com a música de Ravi Shankar:


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 17 de maio
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular Chico Daniel
Rua Jundiaí, 461, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 3,00 (excepcionalmente, mas com direito a mais um filme, no encerramento da III Semana do Filme Cult)
Classificação indicativa: 12 anos


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[FICHA TÉCNICA: "O INVENCÍVEL"]
Título original: Aparajito
País: Índia
Ano: 1956
Duração: 110 minutos
Cor: preto e branco
Idioma: bengali
Gênero: drama
Estúdio: Epic Productions
Roteiro: Bibhutibhushan Bandyopadhyay (romance), Satyajit Ray
Direção: Satyajit Ray
Produção: Satyajit Ray
Fotografia: Subrata Mitra
Música: Ravi Shankar
Desenho de Produção: Bansi Chandragupta
Edição: Dulal Dutta
Elenco: Kanu Bannerjee, Karuna Bannerjee, Pinaki Sengupta, Smaran Ghosal, Santi Gupta

Principais premiações: Leão de Ouro (melhor filme) no Festival de Veneza, Prêmio Golden Gate de Melhor Diretor no Festival de São Francisco; Indicado a Melhor Filme Estrangeiro no BAFTA.


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6.5.09

Cineclube Natal - 155ª sessão: A Canção da Estrada


A verdadeira Índia no Cine Café


Nesta sexta-feira, dia 08 de maio, o Cineclube Natal em parceria com o Nalva Melo Salão Café, dará início às sessões dedicadas a uma das mais belas obras do cinema mundial, a chamada "Trilogia de Apu", do diretor indiano Satyajit Ray. O primeiro filme da trilogia, "A Canção da Estrada" (Pather Panchali, 1955) será apresentado no projeto Cine Café. A sessão começa às 20:00 horas e a entrada custa R$ 2,00 (dois reais). A parte restante da trilogia será exibida em nossas sessões regulares do Cine Vanguarda, no próximo dia 10, e Cine Assembléia, no dia 28 deste mês.


O filme narra as tragédias vivenciadas por uma pobre família brâmane em um vilarejo de Bengala na Índia do início do século 20. O patriarca, Harihara, é um sacerdote mundano, curandeiro, sonhador e poeta. Sabajaya, a mãe, trabalha para alimentar a família, que recebe com alegria e esperança a chegada de um novo filho, Apu. O filme "A Canção da Estrada”, bem como os outros que compõem a trilogia ("O Invencível" e "O Mundo de Apu"), descrevem as dificuldades sofridas pelo protagonista Apu por viver (ou sobreviver) em meio a circunstâncias tão desfavoráveis desde seu nascimento até a vida adulta, porém tentando manter o otimismo e a esperança no futuro.

É sempre difícil falar sobre os filmes de Satyajit Ray - ainda que estes abarquem profundas e intermináveis discussões. Além da clara descrição da condição humana na Índia, "A Canção da Estrada" é um filme que trata de fatos que foram esquecidos, ou perderam o valor nestes tempos modernos: a família sentada na porta de casa durante a noite; o pai escrevendo uma peça de teatro, desejando com essa, conseguir dinheiro; o filho aprendendo, com a ajuda do pai, a escrever; a mãe ajeitando o cabelo da filha; o silêncio da noite sendo quebrado somente pelas vozes. A câmera mostra cada um deles, para depois se afastar, e pintar um quadro da família como um todo. A narrativa nos fala de acontecimentos singelos como: brincar na chuva e, depois, se esconder embaixo de uma árvore pedindo a volta do sol; assistir a uma peça de teatro e sonhar com um mundo quase irreal; ou ainda, o passar de vendedores de doces e crianças que correm em volta dele - uma das mais belas cenas do cinema mundial.

A sensibilidade de Ray para mostrar a passagem do tempo consegue emocionar até mesmo um bloco de cimento: ele mostra o "Grande Mundo" que ataca a pequena vila: o sistema elétrico passando pelo campo; o trem que também corta o campo e deixa as crianças curiosas; e no pequeno mundo da vila, os animais crescendo, uma planta cuidada por uma velha senhora se desenvolvendo, o primeiro encontro com a morte... Este é também um filme sobre a relação Natureza/ Cultura: um jardim de frutas que ajuda a sustentar famílias, e é motivo de brigas; ou a chuva se impondo como uma constante ameaça. É o tipo de filme que provoca lágrimas, não se tendo mais o que pedir ao cinema.

Uma das obras-primas do cinema mundial, incompreensivelmente inédita no Brasil. Foi a estréia espetacular de Ray, chamando atenção para a profundidade do cinema indiano pré-Bollywood.

Em um momento em que a cultura indiana está presente nas rodas de conversa dos brasileiros devido a uma descrição deturpada oferecida por uma novela global, esta é uma oportunidade ímpar de conferir a visão de um povo sob a ótica de um filho dessa bela, mística e sofrida terra. Todos estão convidados!


Assista aqui a uma cena (com legendas em inglês) de A Canção da Estrada:


Sessão Cine Café
Sexta, 08 de maio
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação Indicativa: 12 anos


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[FICHA TÉCNICA: "A CANÇÃO DA ESTRADA"]
Título original: Pather Panchali
País: Índia
Ano: 1955
Duração: 120 minutos
Cor: preto e branco
Idioma: Bengali
Gênero: drama
Estúdio: Governo da Bengala Ocidental
Roteiro: Bibhutibhushan Bandyopadhyay (romance), Bibhutibhushan Bandyopadhyay, Satyajit Ray
Direção: Satyajit Ray
Fotografia: Subrata Mitra
Música: Ravi Shankar
Direção de Arte: Bansi Chandragupta
Desenho de Produção: Bansi Chandragupta
Edição: Dulal Dutta
Elenco: Kanu Bannerjee, Karuna Bannerjee, Subir Bannerjee, Uma Das Gupta, Chunibala Devi, Runki Banerjee, Reba Devi, Aparna Devi

Principais premiações: prêmio Melhor Documento Humano e Menção Honrosa no Festival de Cannes, prêmio Golden Gate de Melhor Filme e Melhor Diretor no Festival de São Francisco; Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes e a Melhor Filme Estrangeiro no BAFTA.



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