31.7.07

Arrivederci, Maestro.

Michelangelo Antonioni



O diretor de cinema italiano Michelangelo Antonioni morreu na noite desta segunda-feira (30), aos 94 anos. Segundo a agência Ansa, ele estava na sua casa, em Roma, junto a sua mulher, Enrica Fico.




O corpo do diretor italiano será velado amanhã na Prefeitura de Roma. Depois, os restos mortais serão levados para a sua cidade natal, Ferrara, no norte da Itália.

“Com Antonioni desaparece não só um dos nossos maiores diretores, mas também um mestre do cinema moderno. Graças a ele chegaram à grande tela as problemáticas mais duras do mundo contemporâneo, como a falta de comunicação e a angústia”, comentou o prefeito de Roma, Walter Veltroni.



Antonioni despontou na cinematografia italiana com uma forma original de fazer filmes com “Crimes da alma” (“Cronaca di un amore”, 1950) e, em 1960 rodou “A aventura”, que receberia o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes. Entre suas “musas”, se destaca Monica Vitti, estrela de “A Aventura”, “A noite” (1960) e “O Eclipse” (1962). Em seguida vieram “O dilema de uma vida” (“Deserto rosso”, 1964) e, em seu período americano, “Depois daquele beijo” (“Blow-up”, 1966), “Zabriskie point” (1970) e “Profissão: repórter” (1974). Outra obra de Antonioni foi “Além das nuvens” (“Al di là delle nuvole”, 1995), realizada com o alemão Wim Wenders. O filme se baseia num livro do cineasta italiano.

Com “Blow Up”, seu primeiro filme em inglês, o cineasta recebeu a indicação para o Oscar de melhor diretor. Mas só recebeu a estatueta dourada em 1995, num prêmio por toda a sua carreira (Fonte: http://www.globo.com/).


"Minha contribuição para a formação de uma nova linguagem cinematográfica é uma questão para os críticos decidirem. E não os críticos de hoje, mas sim os de amanhã, se o cinema durar como arte e os meus filmes resistirem ao desgaste do tempo."
Michelangelo Antonioni, 1965


E Antonioni parte para sua última aventura...

30.7.07

Nasce um Imortal


Ingmar Bergman


É com grande tristeza que recebemos a notícia sobre a morte do cineasta Ingmar Bergman. Para homenageá-lo, promoveremos, durante metade de agosto, a exibição de 4 filmes do diretor sueco.



Morreu nesta segunda-feira (30), aos 89 anos, o diretor sueco Ingmar Bergman. Considerado um dos mais importantes diretores do século 20, ele é o autor de clássicos como “O sétimo selo”, "Morangos silvestres" e “Cenas de um casamento”.

Sua morte foi "tranqüila e suave", segundo disse Eva Bergman à agência de notícias sueca "TT", que não informou nem a causa nem o momento exato do falecimento. O cineasta estava em sua casa, na ilha sueca de Faaro.

Bergman foi um dos fundadores da Academia Européia de Cinema, em 1988, e durante sua longa carreira, foi indicado ao Oscar nove vezes. Ele venceu a estatueta de melhor filme estrangeiro três vezes. O diretor sueco também foi premiado diversas vezes nos Festivais de Berlim e Cannes.


O diretor sueco começou sua carreira nos anos 1950 e dirigiu mais de 40 filmes, entre eles "Gritos e sussuros" "Fanny e Alexander",“Persona” e "O silêncio" que o elevaram ao status de um dos maiores mestres do cinema moderno. Nascido no dia 14 de julho de 1918 em Uppsala, ao norte de Estocolmo, Ingmar Bergman foi casado cinco vezes, teve nove filhos e sua vida privada o levou a ser alvo da atenção pública em vários momentos.

Bergman teve casamentos com mulheres belas e talentosas, além de várias relações amorosas com suas atrizes principais, dentre elas, Liv Ullman, com quem teve uma filha, Linn Ullman.

Ullman estrelou dez de seus filmes, entre eles "Cenas de um casamento" (1973), que explora os conflitos sexuais e psicológicos de um casal em crise.

30 anos depois, já separados, Bergman e a atriz voltaram a trabalhar juntos em "Saraband", que mostra a relação dos protagonistas de "Cenas" num outro momento, na terceira idade. "Saraband", de 2003, foi o último filme de Bergman.

Ingmar Bergman exorcizou sua infância traumática por meio de obras-primas do cinema que exploraram a ansiedade sexual, a solidão e a busca por um sentido na vida. A morte era um dos temas preferidos do diretor e estava presente em muitas de suas obras, como "O sétimo selo", em que um cavaleiro encontra a morte em pessoa e disputa com ela uma partida de xadrez que pode decidir seu destino. No longa, o cavaleiro é interpretado por Max von Sydow, um dos atores favoritos do diretor, com quem trabalhou em 13 filmes.

Em "Morangos silvestres", a morte também está presente. Aqui, um artista na terceira idade faz uma viagem para receber uma homenagem e aproveita o caminho para relembrar momentos e se despedir da vida.

O pai de Ingmar Bergman, um pastor luterano que tornou-se capelão do rei da Suécia, costumava humilhar e surrar o filho, uma criança doente. Bergman falou várias vezes do amor profundo que nutria por sua mãe, de seu hábito de refugiar-se em fantasias e de seu gosto pelo macabro. Críticos atribuem os temas de repressão, culpa e castigo, constantes em sua obra, à educação rígida que o diretor teve em sua infância. Em entrevista rara concedida em 2001, Bergman disse que durante toda sua vida ele foi atormentado e inspirado por demônios pessoais. "Os demônios são inúmeros, aparecem nos momentos mais impróprios e geram pânico e terror", disse ele na época. "Mas já aprendi que, se consigo controlar as forças negativas e atrelá-las a minha carruagem, elas podem trabalhar em meu benefício." Nunca o vínculo autobiográfico ficou mais claro que em "Fanny e Alexander", que Bergman afirmou ser sua obra-prima como cineasta. Produzido em duas versões, de três e de cinco horas, o filme recebeu quatro Oscar em 1984, um deles de melhor filme em língua estrangeira. "Fanny e Alexandre" é um panorama detalhado de uma família de classe alta de Uppsala nos anos que antecederam a 1ª Guerra Mundial. O garoto Alexander, 10 anos, e sua irmã Fanny, 8, são mental e fisicamente abusados por seu padrasto, o bispo local, inspirado no pai de Bergman. O tímido e fraco Alexander usa poderes sobrenaturais para vingar-se de seu padrasto de maneira sinistra.

O reconhecimento internacional pleno chegou para ele com "O sétimo selo", de 1956, que recebeu o prêmio do júri do Festival de Cannes em 1957. Nos dez anos seguintes Bergman criou "Morangos silvestres", "O silêncio" (que incluiu uma cena sexual forte que provocou um choque com a censura sueca), "A fonte da donzela" e "Através de um espelho". Os dois últimos receberam o Oscar de melhor filme em língua estrangeira. Em janeiro de 1976 ele foi preso durante um ensaio do Real Teatro Dramático por policiais à paisana, que o levaram para ser interrogado sobre suposta sonegação de impostos. Ele não chegou a ser formalmente acusado, mas a humilhação que sentiu o levou a sofrer um colapso nervoso. Condenando publicamente à burocracia sueca, ele deixou seu país para viver um longo exílio artístico em Munique, na Alemanha. Em 1984, Bergman retornou ao Real Teatro Dramático com uma versão aclamada de "Rei Lear". No ano seguinte ele pôs fim a seu exílio auto-imposto e passou a produzir uma seqüência de obras clássicas no teatro nacional. (Fonte: www.globo.com).

A morte deve ter tido uma partida de xadrez e tanto.