8.12.09

Cineclube Natal - 183ª sessão: Carmen Jones


Cine Vanguarda encerra a programação 2009 com Carmen Jones

Neste domingo, dia 13 de dezembro, o Cineclube Natal em parceria com o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel apresentará, em sua última sessão do ano, o clássico americano Carmen Jones, de Otto Preminger, encerrando o ciclo dedicado aos musicais. A sessão tem início às usuais 17:00 horas e a taxa de manutenção custa R$ 2,00 (dois reais). A classificação indicativa é livre.


Carmen Jones (1954) é uma das grandes subversões de Otto Preminger: uma atualização da famosa ópera de Georges Bizet que inclui apenas actores afro-americanos no elenco. O filme tem o nome da sua protagonista, portentosamente interpretada por Dorothy Dandridge.

Poderoso, e precoce, símbolo da emancipação feminina, o filme é protagonizado por Carmen, uma "femme fatale" temperamental que odeia compromissos e que vê no ideal dominante de família um inaceitável regime prisional. Joe (Harry Belafonte), o miliar que se apaixona por ela, demora a perceber que Carmen não é mesmo uma mulher como as outras: gosta de passear solta, sem freios, pelas ruas de Chicago e não gosta de dançar sempre com o mesmo homem ou de viver eternamente no mesmo lugar.

Carmen não é só a mulher que dá nome a este robusto musical de Otto Preminger; ela é, de fato, o filme. Ver
Carmen Jones é passar pela experiência de ser Carmen. A câmera de Preminger é perfeita para tal; sempre em movimento, quase "aquática" (palavra aqui roubada de Godard), passa de ambientação em ambientação com uma suavidade e "sentido de liberdade" notáveis. Não se acanha perante as sumtuosas pernas de Dandridge, os seus olhares provocadores e os seus modos, para a época, no limiar da lascívia.

A entrada em cena de Carmen diz tudo: a partir daí, o espectador como o pobre Joe já não poderão ficar indiferentes à sua presença. Imediatamente, embarcamos numa grande aventura amorosa construída em arco: traição, amor e morte. A música, sempre trágica, atravessa a narrativa como uma flecha.


Monumental o plano que enquadra o presidiário Joe, de tronco nu, a cantar o amor por Carmen; engenhosa a forma como duas, três personagens trocam "diálogos cantados" sem sair do mesmo plano e extraordinariamente sensual a imagem de Carmen provocando o "foragido" Joe com as suas pernas. A mulher manda aqui: os homens rastejam por ela e sonham com o exclusivo do seu amor. Com efeito, um sonho que pode levar à loucura e depois à morte.


A despeito de todos seus méritos, o filme não funcionaria sem a grande performance de Dandridge, que foi a primeira negra a ter uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Cantora e atriz de talento absurdo, teve também uma vida difícil, marcada pela discriminação racial. Era amante de Preminger, homem violento e grosseiro, que sequer assumia publicamente seu romance. Em 1962, declarou-se falida e morreu logo depois de uma overdose de pílulas que pode ou não ter sido acidental - sua vida foi contada no telefilme estrelado por Halle Berry "Dorothy Dandridge, O Brilho de uma Estrela" (1999), que lhe rendeu um Globo de Ouro de melhor atriz.


Por fim, o filme é um libelo da evolução dos direitos raciais nos Estados Unidos, marco da Indústria Cinematografica americana. Todos estão convidados.

Assista aqui ao trailer (em inglês) de Carmen Jones:


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 13 de dezembro
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular "Chico Daniel"
Rua Jundiaí, 641, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 2,00
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "CARMEN JONES"]
Título original: Carmen Jones
País: Estados Unidos
Ano: 1954
Duração: 108 minutos
Cor: colorido
Idioma: inglês
Gênero: musical
Estúdio: Carlyle Productions
Roteiro: Oscar Hammerstein II (livro), Prosper Mérimée, Harry Kleiner
Direção: Otto Preminger
Produção: Otto Preminger
Fotografia: Sam Leavitt
Direção de Arte: Edward L. Ilou, John De Cuir
Figurino: Mary Ann Nyberg
Edição: Louis R. Loeffler
Elenco: Dorothy Dandridge, Harry Belafonte, Olga James, Pearl Bailey, Joe Adams, Nick Stewart, Roy Glenn, Diahann Carroll, Broc Peters, Madame Sul-Te-Wan, Sandy Lewis, Le Vern Hutcherson, Marvin Hayes, Marilynn Horne, Alvin Ailey

Principais premiações: Urso de Bronze no Festival de Berlim; Globo de Ouro de Melhor Filme; Indicado aos Oscar de Melhor Atriz e Melhor Música; Indicado ao BAFTA de Melhor Atriz Estrangeira e Melhor Filme; Indicado a Palma de Ouro, no Festival de Cannes;


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Cineclube Natal - 182ª sessão: As Aventuras de Azur e Asmar


Presente de Natal na última sessão do ano do Cinephilie

Neste sábado, dia 12 de dezembro de 2009, o Cineclube Natal em parceria com a Aliança Francesa preparou uma surpresa especial para o público infantil: a exibição do longa animado As Aventuras de Azur e Asmar, do consagrado animador francês Michel Ocelot. A sessão tem início às 10:00 horas e a entrada é franca. A classificação indicativa é livre.


Michel Ocelot (de "Kiriku e a Feiticeira" e "Príncipes e Princesas"), realizou indubitavelmente uma das melhores animações européias dos últimos tempos, especialmente no que tange à aplicação da computação gráfica. A trama do filme, muito bem desenvolvida na tela, tem toques de O Príncipe do Egito (sem os os vícios cinematográficos deste) e da obra literária O Príncipe e o Mendigo - mas, na verdade, não é o roteiro do filme o seu ingrediente mais importante. As Aventuras de Azur e Asmar é um poema visual (pode-se dizer até que seria um poema sensorial), no qual Ocelot emprega os sons, as imagens, o ritmo e todos os itens que fizeram do cinema o espetáculo que é para um verdadeiro show de beleza, magia e cores.

Quem assistiu ao belíssimo "As Bicicletas de Belleville" teve a oportunidade de perceber o quanto a animação francesa tem evoluído. Agora, Ocelot, especialista no gênero, (e)leva essa evolução a níveis ainda maiores, demonstrando um amadurecimento nítido em sua arte: dispondo-se a empregar todas as técnicas que tem em mãos para a elaboração de seu filme e sua condição de espetáculo, o cineasta revela um admirável domínio para atingir o fim a que se propõe e demonstra, a cada fotograma, o quanto sabe empregar as técnicas da animação seduzir e encantar o espectador.

As Aventuras de Azur e Asmar é um filme curto, mas em seus 99 minutos tudo é tão bem desenvolvido na tela que o espectador não consegue sequer desviar seu olhar durante a projeção, vez que é um espetáculo de beleza e magia, uma experiência sensorial que transcende o imaginário e os limites físicos que roteiro e fotografia possam impor. Se não se dispusesse, também, a contar uma estória - algo coadjuvante na excelência do filme, mas que existe e que acontece de forma muito bem conduzida - o filme poderia, também, ser comparado a "Fantasia" e "Fantasia 2000", dos Estúdios Disney.

A narrativa do filme - de duas crianças, uma rica e outra pobre, uma negra e outra branca, que cresceram juntas convivendo como irmãos - existe, é muito bem narrada, mas As Aventuras de Azur e Asmar foi criado por Ocelot para algo muito maior que contar bem a sua adorável estória de tolerância racial e social: o objetivo maior do filme é libertar-se de amarras, cativar o público e oferecer a este momentos de puro deleite.

Finalizando, um destaque interessante nos créditos do filme: quem dubla a meiga Jenane, mãe de uma das crianças e babá da outra, é a atriz israelense Hiam Abbass, de Jesus - A História do Nascimento, Munich e Paradise Now.

Assista aqui ao trailer (em inglês) de As Aventuras de Azur e Asmar:


Sessão Cinéphilie ESPECIAL: cinema infantil

Sábado, 12 de dezembro
10 horas
Aliança Francesa
R. Potengi, 459, Petrópolis
Fone: 3222-1558
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "AS AVENTURAS DE AZUR E ASMAR"]
Título original: Azur et Asmar
País: França, Bélgica, Espanha, Itália
Ano: 2006
Duração: 99 minutos
Cor: colorido
Idioma: árabe, francês
Gênero: animação, aventura, família, fantasia
Estúdio: Nord-Ouest Productions, Eurimages, Intuition Films, Lucky Red, Studio O
Roteiro: Michel Ocelot
Direção: Michel Ocelot
Produção: Patrick Juarez, Ian McIntyre, Christophe Rossignon, David Shead, Stéphane Sorlat, Viviana Turchi
Música: Gabriel Yared
Direção de Arte: Daniel Cacouault
Cenário: Anne Lise Lourdelet
Elenco: Cyril Mourali, Karim M'Riba, Hiam Abbass, Patrick Timsit, Fatma Ben Khell, Rayan Mahjoub, Abdelsselem Ben Amar, Thissa d'Avila Bensalah, Olivier Claverie

Principais premiaçõe: Prêmio do Júri Popular Infantil no Festival de Munique; Indicado a Melhor Animação no Goya; Indicado a Melhor Canção no César.


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3.12.09

Cineclube Natal - 181ª sessão: O Show Deve Continuar



Uma alternativa ao Carnatal no Nalva Melo Salão Café


Iniciando o último ciclo temático do ano, "MÚSICA MAESTRO!", dedicado aos musicais, o Cineclube Natal em parceria com o Nalva Melo Salão Café, tem o prazer de apresentar o grande O Show Deve Continuar (All That Jazz, 1979), do coreógrafo e diretor Bob Fosse. A sessão CINE CAFÉ será exibida sexta-feira, 04 de dezembro, às 20:00 horas. A taxa de manutenção custa módicos R$ 2,00 (dois reais) e a classificação indicativa é 16 anos.


Joe Gideon (Roy Scheider) é um diretor de cinema e coreógrafo mulherengo, que trabalha simultaneamente na edição de seu filme e nos ensaios de um musical que acaba por sofrer um enfarte e, com a vida por um fio, revê momentos da sua vida, transformando-os na sua imaginação em números musicais. Sua atenção é disputada por 4 mulheres: a namorada, a ex-esposa, a filha e a Morte, representada por uma bela loira vestida de branco (Jessica Lange), que conversa com ele de forma bem instigante acerca dos rumos de sua existência. Temos, então, um personagem que é um anti-herói por excelência, que sofre de sérios problemas com drogas, álcool e fidelidade, mas nenhuma de suas agruras pessoais irão impedi-lo de montar seu grande show, pois, afinal, este deve sempre continuar - nem que custe sua vida.

Num ano que testemunhou a morte trágica do superastro Michael Jackson, cujo último suspiro artístico foi capturado pelo excelente documentário musical "This Is It" (2009), a discussão sobre a morte - tanto física quanto artística - lançada por este filme é extremamente oportuna, vez que a idéia central de
O Show Deve Continuar consiste na que vivemos no mundo do espetáculo. Tudo é espetáculo. Até a própria morte. E esta idéia continua, anos após a realização do filme, permitindo grande reflexão sobre o assunto. As barreiras entre ficção e realidade, "show" e vida, são cada vez mais diluídas.

Com o roteiro de Robert Alan Arthur e do próprio Fosse, trata-se obviamente de um filme autobiográfico, uma fantasia baseada na vida e na carreira do grande bailarino, coreógrafo e aqui diretor, que lança um olhar crítico para a vida impulsionada pelo entretenimento, em detrimento do lado pessoal. Fosse nos brinda com um filme ousado, enquanto Scheider merece todos os louvores pelo melhor desempenho de sua carreira. Presente nos números de dança do filme está o inconfundível "Estilo Fosse", com movimentos vigorosos e extravagantes, acompanhados de fantásticas imagens milimetricamente imaginadas e ensaiadas pelo coreógrafo/diretor. Ainda vivo, Fosse coreografou a própria morte. Todos estão convidados.

Assista aqui ao trailer e a uma cena (em inglês) de O Show Deve Continuar:




Sessão Cine Café
Sexta, 04 de dezembro
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação Indicativa: 16 anos

[FICHA TÉCNICA: "O SHOW DEVE CONTINUAR"]
Título original: All That Jazz
País: Estados Unidos
Ano: 1979
Duração: 123 minutos
Cor: colorido
Idioma: inglês, espanhol
Gênero: musical, drama, fantasia
Estúdio: Columbia Pictures Corporation, Twentieth Century-Fox Film Corporation
Roteiro: Bob Fosse, Robert Alan Aurthur
Direção: Bob Fosse
Produção: Robert Alan Aurthur, Wolfgang Glattes, Daniel Melnick, Kenneth Utt
Fotografia: Giuseppe Rotunno
Música: Ralph Burns
Cenário: Gary J. Brink, Edward Stewart
Figurino: Albert Wolsky
Edição: Alan Heim
Desenho de Produção: Philip Rosenberg
Elenco: Roy Scheider, Jessica Lange, Leland Palmer, Ann Reinking, Cliff Gorman, Ben Vereen, Erzsebet Foldi, Michael Tolan, Max Wright, William LeMassena, Chris Chase, Deborah Geffner, Kathryn Doby, Anthony Holland, Robert Hitt

Principais premiações: Palma de Ouro no Festival de Canes (Bob Fosse); Oscar de Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Edição e Melhor Canção; BAFTA de Melhor Fotografia e Melhor Edição; Indicado ao Oscar de Mlehor Ator (Roy Scheider), Melhor Fotografia, Melhor Diretor, Melhor Filme e Melhor Roteiro Original; Indicado ao BAFTA de Melhor Ator (Roy Scheider), Melhor Figurino, Melhor Desenho de Produção/Direção de Arte e Melhor Som; Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator (Musical/Comédia).




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26.11.09

Cineclube Natal - sessão especial: Porta do Sol

Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino
- o filme Porta do Sol marcará a data em Natal -

Para marcar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino (29 de novembro), o Cineclube Natal e o Instituto de Cultura Árabe, em parceria com a Livraria Siciliano, trazem a Natal o filme Porta do Sol (Bab El Shams, 2004), de Yousry Nasrallah. A película, divida em parte I e II, será apresentada nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, respectivamente, contando ainda com palestras e testemunhos sobre a questão palestina*. As atividades ocorrerão sempre a partir das 18h, no auditório da Livraria Siciliano do Midway Mall. A entrada é gratuita.



Baseado no livro de Elias Khoury e dirigido por Yousry Nasrallah, o filme narra a saga de inúmeros personagens, cujas vidas se entrelaçam e formam um mosaico convincente da Palestina e de seu povo, tratando temas sensíveis com grande dramaticidade, em dois momentos históricos distintos, quais sejam: as origens do conflto entre Israel e palestina e o então otimista ano de 1994, marcado pelos acordos de Oslo e do aperto de mão emblematico entre Yasir Arafat e Yitzhak Rabin.

Começa sua narrativa quando a Palestina ainda estava sob a colonização britânica, no momento em que a idéia do estado Zionista começou a tomar forma, mostrando como os Palestinos sofreram e findaram expulsos de seus lares sob a justificativa de que Israel estaria protegendo suas fronteiras. Os Palestinos, sem ajuda política e expulsos de sua terra, começam então sua jornada a diferentes países, lugares onde nunca foram aceitos e, em muitos casos, até odiados. Os que ficam são obrigados a trabalhar para os israelenses, em sua própria terra, para sobreviver. Noutro aspecto, o filme aborda, inclusive, o complexo relacionamento dos árabes com os próprios Palestinos, fomentando uma discussão crítica acerca da identidade do Mundo Árabe.

Entretanto, não se trata de apenas um filme político. Em verdade, acompanhamos muitas estórias, de vários personagens diferentes, em momentos distintos, que no fim das contas tratam de temas comuns a toda humanidade: amor, tradição, esperança e valores morais. Não se trata de um filme contra os Judeus - um personagem do filme brada que "Palestinos não são anti-semitas", mas que tenta corrigir algumas distorções históricas, com certa auto-indulgência justificada..

Tecnicamente o filme é impressionante. Da trilha sonora às atuações, tudo funciona para proporcionar uma experência cinematográfica única, um verdadeiro épico moderno. Porta do Sol é provavelmente, um dos maiores (literalmente, com suas quase cinco horas) filmes feitos no Mundo Árabe. Todos estão convidados.

* Antes de cada sessão, teremos palestras abordando o tema. No dia 30 de novembro, segunda-feira, o Professor Hanna Safieh fará um panorama histórico da questão. Já na terça-feira, dia 01 de dezembro, veremos os testemunhos de Anne Paq e Sandra de Carvalho, que falarão sobre o trabalho que realizam na Palestina.

Hanna Safieh.
Secretário Geral da Confederação Palestina da America Latina e do Caribe. Palestino de nascimento, mas vive em Natal desde a década de 70.

Anne Paq
Fotógrafa francesa que mora na Palestina há 6 anos, documentando o cotidiano dos palestinos que vivem sob ocupaçao militar. Também trabalha em uma ONG palestina dando cursos de fotografia aos jovens dos campos de refugiados. Membro do Grupo de Fotografia Activistils (Israel/Palestina), que cobre, em outras, as açoes não violentas contra a ocupaçao e utiliza a fotografia como uma ferramenta para promover a mudança social. Organizou exposições sobre a Palestina na Europa e nos EUA.

Sandra de Carvalho
Natalense, trocou o mestrado de linguística pela culinaria vegetal, depois deixou sua cozinha em Paris pelos campos de refugiados na Palestina. Trabalhou durante 15 meses coordenando um projeto de Educaçao e Saúde para crianças de 6 a 12 anos no campo de Aida e um projeto de Nutrição e Boa Forma para as mulheres do campo de Arub. Quando nao estava ensinado crianças a escovar os dentes ou fazendo ioga com as mulheres, participava ativamente das açoes não violentas contra a ocupação, organizadas pelos amigos palestinos.


Assista aqui a um trecho de Porta do Sol:


Sessão especial - Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino
segunda e terça-feira, 30 de novembro e 1 de dezembro
18 horas
Livraria Siciliano (auditório) - Midway Mall
Av. Bernardo Vieira, 3775 - Tirol

Fone: (84) 3235-8208
Entrada gratuita


Parceiros:



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[FICHA TÉCNICA: "PORTA DO SOL"]
Título original: Bab El Shams
País: França, Egito, Bélgica, Dinamarca, Marrocos
Ano: 2004
Duração: 278 minutos
Cor: colorido
Idioma: árabe, inglês, francês
Gênero: drama, romance
Estúdio: Ognon Pictures, Soread-2M, arte France Cinéma, Gimanes
Roteiro: Elias Khoury (livro), Yousry Nasrallah, Muhammad Suwaid
Direção: Yousry Nasrallah
Produção: Ihab Ayoub, Humbert Balsan
Fotografia: Samir Bahzan
Música: Tamer Karaouan
Figurino: Nahed Nasrallah
Edição: Luc Barnier
Desenho de Produção: Adel Moghrabi
Elenco: Hiam Abbass, Fady Abou-Samra, Hussein Abou Seada, Mohamed Akil, Ahmad Al Ahmad, Vivianne Antonios, Muhtaseb Aref, Gérard Avedissian, Antoine Balabane, Béatrice Dalle, Darina El Joundi, Maher Essam, Hanane Hajj Ali, Mohamed Hedaki, Talal Jordy, Bassel Khayyat, Ragaa Kotrosh, Kassem Melho, Orwa Nyrabia, Hala Omran, Nadira Omran, Bassem Samra, Wissam Smayra, Rim Turkhi

Festivais: Seleção Oficial (fora de competição) Cannes 2004


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24.11.09

Cineclube Natal - 180ª sessão: Pixote - A Lei do Mis Fraco


A infância perdida de Pixote

- um dos mais importantes filmes nacionais no último Cine Assembléia do ano -

O oitavo e último filme do ciclo MEMÓRIA BRASILEIRA, que o Cineclube Natal promoveu durante todo o mês de novembro, será apresentado nesta quinta-feira, dia 26, dentro da parceria que mantém com a Assembléia Legislativa: o Cine Assembléia. O título que encerra a maratona será o emblemático Pixote - A Lei do Mais Fraco (1981), um dos pontos altos da carreira do diretor Hector Babenco. A sessão, que será o derradeiro Cine Assembléia deste ano, se inicia às 18:00 horas no auditório da própria Assembléia, com entrada - e pipoca - gratuita. A classificação indicativa é de 16 anos.


Pixote foi abandonado por seus pais e rouba para viver nas ruas. Ele já esteve internado em reformatórios e isto só ajudou na sua "educação", pois conviveu com todo o tipo de criminoso e jovens delinqüentes que seguem o mesmo caminho. Ele sobrevive se tornando um pequeno traficante de drogas, cafetão e assassino, mesmo tendo apenas onze anos.

Baseado no livro "A Infância dos Mortos" de José Louzeiro, o terceiro longa-metragem de Hector Babenco ocupa, sem dúvida, espaço de destaque na história do cinema brasileiro. A fama internacional, que possibilitou ao cineasta criar uma carreira em Hollywood, não veio de graça, vez que a trágica estória do menino de 11 anos, analfabeto e que nunca conheceu os pais, vivendo entre celas de reformatórios e quartos fedorentos no submundo, é cinema do mais alto nível, destrinchando a realidade dura e trágica da vida no submundo de forma áspera e impiedosa, sem aliviar um só segundo na espantosa carga de imagens de violência a que os personagens são submetidos.

O impacto emocional de Pixote - A Lei do Mais Fraco continua devastador, especialmente quando se sabe que a realidade da juventude que mora nas ruas, no Brasil, não mudou nada desde que o longa-metragem foi realizado. O próprio Louzeiro se inspirara em fatos reais para escrever sua obra de maior êxito: o caso dos meninos de Camanducaia, município mineiro onde quase 100 garotos foram espancados e jogados em um precipício. E dentro do cinema, os paralelos possíveis entre Pixote e "Cidade de Deus" são inúmeros e inevitáveis, sendo o uso de atores não-profissionais e o retrato acurado da vida nas favelas apenas dois deles. A projeção internacional alcançada pelos participantes do projeto é outro.

Elogiado no mundo inteiro, Hector Babenco foi filmar em Hollywood logo depois. Marília Pêra ganhou o prêmio de melhor atriz do ano no "National Board of Review", o principal troféu distribuído pelos críticos norte-americanos, salientando que o importante crítico americano Roger Ebert incluiu Pixote em sua lista dos melhores filmes da história do cinema. Entretanto, numa nota menos glamurosa e extremamente trágica, Fernando Ramos da Silva, o protagonista, fez uma novela - sendo demitido já que não conseguia ler os roteiros por sua condição semi-analfabeta - e integrou o elenco de dois outros longas, mas não conseguiu dar seqüência à carreira, voltando à vida de delinqüente juvenil e acabou morto a tiros após uma perseguição policial, dentro da própria casa, em 1987. O destino do rapaz resume e encapsula toda a dor, a solidão e a tragédia da juventude nascida nas ruas e, ironicamente, virou filme: "Quem Matou Pixote?", de José Joffily.

Pixote - A Lei do Mais Fraco também entrou na lista da revista "American Film" como o terceiro filme mais marcante da década de 80 - atrás apenas de "Ran", de Akira Kurosawa, e "Fanny & Alexander", de Ingmar Bergman - além de premiado como Melhor Filme Estrangeiro pelas associações de críticos de Los Angeles, Nova Iorque e Boston e indicado ao Globo de Ouro na mesma categoria.

Assista aqui à sequência de abertura de Pixote - A Lei do Mais Fraco:


Sessão Cine Assembléia
Quinta-feira, 26 de novembro
18 horas
Assembléia Legislativa
Praça 7 de Setembro, s/n, Cidade Alta
Fone: 3232-5761
Entrada gratuita
Classificação indicativa: 16 anos


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[FICHA TÉCNICA: "PIXOTE – A LEI DO MAIS FRACO"]
Título original: Pixote – A Lei do Mais Fraco
País: Brasil
Ano: 1981
Duração: 128 minutos
Cor: colorido
Idioma: português

Gênero: ação, crime, drama
Estúdio: Embrafilme, HB Filmes

Roteiro: José Louzeiro (livro “Infância dos Mortos”), Hector Babenco, Jorge Durán
Direção: Hector Babenco
Produção: Paulo Francini, Sylvia B. Naves, Jose Pinto, Hector Babenco
Fotografia: Rodolfo Sánchez
Música: John Neschling
Direção de Arte: Clovis Bueno
Figurino: Clovis Bueno
Edição: Luiz Elias
Elenco: Fernando Ramos da Silva, Jorge Julião, Gilberto Moura, Edilson Lino, Zenildo Oliveira Santos, Claudio Bernardo, Israel Feres David, José Nilson Martin dos Santos, Marília Pêra, Jardel Filho, Rubens de Falco, Elke Maravilha, Tony Tornado, Beatriz Segall, João José Pompeo

Principais premiações: Melhor Filme Estrangeiro pelas associações de críticos de Los Angeles, Nova Iorque e Boston, Leopardo de Prata no Festival de Locarno, Melhor Atriz pela Associação de Críticos de Cinema dos Estados Unidos, Menção Honrosa a Hector Babenco no Festival de San Sebastián; Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro
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23.11.09

Cineclube Natal - Quarta Cultural [NOVEMBRO]


QUARTA CULTURAL

do Mercado de Petrópolis

O projeto Quarta Cultural do Mercado de Petrópolis chega, no dia 25 de novembro de 2009, à sua oitava edição. Desta vez, tendo a noite dedicada à mulher potiguar, o evento presta uma especial homenagem à intérprete Glorinha de Oliveira, estrela dos glamourosos tempos da rádio potiguar. Seguindo a proposta de abertura de um espaço dedicado ao trabalho autoral dos artistas da terra, a Quarta Cultural abrilhanta a noite de Petrópolis com um panóplio de imagens do feminino tecidas por olhares e sensações dos seguintes artistas Lene Macedo, Luciane Antunes, Fábio Pinheiro, Coletivo Poético AME, Civone Medeiros e Mariana Flor.

Esta edição da Quarta Cultural também é especial para o Cineclube Natal, pois sediará o sorteio da Rifa 51, premiando com a tela Caligrafia, de Pippo Lodispoto.

(clique no panfleto para ampliá-lo)

Quarta Cultural do Mercado de Petrópolis Quarta-Feira, 25 de novembro
14hs
Feira de Artesanato e Antiguidades

18:30hs
Apresentações musicais de Lene Macedo e Luciane Antunes
+ Exposição Fotográfica de Fábio Pinheiro
+ Instalação Poética do Coletivo AME
+ Performance Poética de Mariana Flor
+ Re-Lançamento do Livro “Escrituras Sangradas” de Civone Medeiros.

Mercado Municipal de Petrópolis
Av. Hermes da Fonseca, 407, Petrópolis


Realização:
  • Cineclube Natal (Box 51)
  • Papo Furado Bar (Box19)
  • DSTec Software Livre (Box 24)
  • Oficina Willame Galvão (Box 25)
  • Estação Sabor (Box 39)
  • Cantinho do Açaí (Box 43)
  • Puka Tuka (Box 41)
  • Coração Sertanejo (Box 10)
  • Café da Dalila (Box 11)
  • Sebo Lisboa (Box 26)
  • Sebo Cata Livros (Box 8B)
  • Petrus Antiquário (Box 53)
  • Bela Flor Bar (Box 16)
  • Espaço do Colecionador (Box 20)
  • Coisa Nossa (Box 29)
  • Confraria do Gilmar (Box 28)
  • Galeria Sayonara (Box 32)
  • Zézé Produtos Caipiras (Box 27)
  • Antiguidades Silvanaldo Bezerra (Box 42)
  • Viva Melhor Rest. Vegetariano (Box 3)
  • Bodequita (Box 30)
  • Arte Luís Carlos (Box 50B)

19.11.09

Cineclube Natal - 179ª sessão: Os Fuzis


Urso de Prata em Berlin 64, Os Fuzis, de Ruy Guerra, será exibido no Cine Vanguarda de novembro


Neste domingo, dia 22 de novembro de 2009, às 17:00 horas, o Cineclube Natal em parceria com o Teatro de Cultura Popular dá continuidade ao mês dedicado às produções nacionais, com a exibição do filme Os Fuzis (1964), do diretor Ruy Guerra. Excepcionalmente, o custo de manutenção da sessão será o equivalente a uma rifa promovida pelo Cineclube Natal no valor de cinco reais, sendo que o comprador automaticamente concorrerá a uma obra de arte - ajudando o Cineclube a pagar a sua sede. A classificação indicativa é 16 anos.


No Nordeste, fazendeiros da região não conseguem ter uma colheita suficiente para sobreviverem em sua terras áridas. Quando um homem santo chega e prega que seu boi "sagrado" traria chuva se eles o seguissem, os camponeses ingênuos acreditam nele e seguem a criatura mística até um povoado próximo, onde está um agrupamento de soldados guardando um armazém de provisões do governo e um motorista de caminhão. Aí a tensão culmina em um conflito entre os camponeses famintos, incitados pelo motorista à revolta, e os guardas armados, e mortes desnecessárias ocorrem, incluindo a do caminhoneiro. Os Fuzis mostra as características do Cinema Novo, com sua mistura de expressivos componentes estéticos e poderosos assuntos de importância sócio-política.

O filme de Rui Guerra não procura "compreender" a miséria. Pelo contrário, ele a filma como a uma aberração, e dessa distância tira a sua força. À primeira vista é como se de cena em cena alternassem duas fitas incompatíveis: um documentário da seca e da pobreza, e um filme de enredo. A diferença é nítida. Depois do boi santo, com seus fiéis, depois da fala do cego e da gritaria mística, a entrada dos soldados, motorizados e falantes, é uma ruptura de estilo, — que não é defeito, como veremos.

No documentário há população local e miséria; no filme de enredo o trabalho é de atores, as figuras são da esfera que não é da fome, há fuzis e caminhões. Na mobilidade facial dos que não passam fome, dos atores, há desejo, medo, tédio, há propósito individual, há a liberdade que não há no rosto opaco dos retirantes. Quando o foco passa de uma a outra esfera, altera-se o próprio alcance da imagem: a faces que têm dentro seguem-se outras que não têm; os brutos são para ser olhados, e humanidade, trama ou psicologia, é só nos rostos móveis que se pode ler. Uns são para ver, e outros para compreender. Há convergência, que resta interpretar, entre esta ruptura formal e o tema do filme. O ator está para o figurante como o citadino e a civilização técnica estão para o flagelado, como a possibilidade está para a miséria pré-traçada, como o enredo está para a inércia. É desta codificação que resulta a eficácia visual de Os Fuzis. Todos estão convidados.

Assista aqui a um trecho de Os Fuzis:


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 22 de novembro
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular "Chico Daniel"
Rua Jundiaí, 641, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 2,00
Classificação indicativa: 16 anos


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[FICHA TÉCNICA: "OS FUZIS"]
Título original: Os Fuzis
País: Brasil, Argentina
Ano: 1964
Duração: 80 minutos
Cor: preto e branco
Idioma: português
Gênero: drama
Estúdio: Copacabana Filmes, Daga Filmes, Inbracine Filmes
Roteiro: Ruy Guerra, Pierre Pelegri, Miguel Torres
Direção: Ruy Guerra
Produção: Jarbas Barbosa, Gilberto Perrone
Fotografia: Ricardo Aronovich
Música: Moacir Santos
Edição: Raimundo Higino
Desenho de Produção: Calazans Neto
Elenco: Joel Barcellos, Leonidas Bayer, Hugo Carvana, Ivan Cândido, Maria Gladys, Átila Iório, Mauricio Loyola, Paulo César Peréio, Antonio Pitanga, Ruy Polanah, Cecil Thiré, Nelson Xavier

Principais premiações: Urso de Prata (por Melhor Direção) no Festival de Berlin; Indicado a Urso de Ouro no mesmo festival.




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18.11.09

Cineclube Natal - 178ª sessão: Home - Nosso Planeta, Nossa Casa


Alerta ecológico no Cinephilie


Continuando as comemorações do ano da França no Brasil, nesta quarta-feira, dia 18 de novembro de 2009, às 17 horas, o Cineclube Natal, em parceria com a Aliança Francesa exibirá com exclusividade o importante documentário Home - Nosso Planeta, Nossa Casa (Home, 2009), do diretor francês Yann Arthus-Bertrand. A sessão é livre e a entrada gratuita.


Com uma combinação de imagens impressionantes da Terra vista do céu (gravadas por câmeras de alta definição), som e pungente narração sobre os danos ambientais causados pela humanidade ao planeta, o documentário Home - Nosso Planeta, Nossa Casa é um projeto ambicioso do cineasta, aqui produtor, Luc Besson e do diretor Yann Arthus-Bertrand que tem como objetivo despertar a atenção para a devastação ambiental e chamar todos a uma ação global. Em Home é possível fazer uma viagem histórica, desde a formação do planeta, passando pela invenção da agricultura, até cair na descoberta do petróleo, das máquinas, o que dá ao homem mais poder para conseguir garantir a sua sobrevivência, mas também maior poder de destruição da natureza. O paradoxo é que, mesmo com todo este poder - um litro de petróleo gera tanta energia quanto um ser humano em 24 horas - há 1 bilhão de pessoas com fome no planeta. Mas o filme não se concentra no pessimismo, ao contrário, sua mensagem é que ainda temos tempo de conter os danos e buscar uma sustentabilidade compatível com a preservação dos recursos naturais ainda restantes.

Para alcançar o maior número possível de pessoas, Bertrand e Besson decidiram lançar o filme gratuitamente, em 87 países com dublagens em 14 línguas, tudo isso no Dia Mundial do Meio Ambiente, cinco de junho. O diretor, que ficou mundialmente conhecido pelas fotos aéreas que fez de diversas partes do planeta, explica que o filme revela a atual situação da Terra, enquanto afirma que a solução existe. E, do espaço, é realmente fácil ver as feridas do mundo.

A narração, segundo Bertrand, foi inspirada no trabalho de Lester Brown, o famoso ambientalista americano e pelo seu livro "O Estado do Mundo" (State of the World). Além disso, o diretor contou com a colaboração de amigos como Isabelle Delannoy, colaboradora de longa data, e o músico francês Armand Amar, especializado em músicas do mundo e vozes. Uma experiência imperdível, tanto pelo alerta ecológico quanto pelas incomparáveis imagens.

Abaixo, alguns dados mostrados no filme:
20% da população mundial consome 80% dos recursos do planeta
GEO4, UNEP (Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente) 2007


O mundo gasta doze vezes mais em armas do que em ajuda de desenvolvimento de países

SIPRI Yearbook, 2008 (Instituto Internacional de Pesquisa em Paz de Estocolmo)
OECD, 2008 (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)


5.000 pessoas morrem todos dias por beber água poluída. Um bilhão de seres humanos não têm acesso à água de beber salutar

UNDP, 2006 (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas)


1 bilhão de pessoas passam fome

FAO, 2008 (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)


Mais de 50% do grão comercializado ao redor do mundo é usado para ração animal ou biocombustíveis.
Worldwatch Institute, 2007 FAO, 2008

40% da terra cultivável é degradada
UNEP (Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente),
ISRIC World Soil Information


A cada ano, 13 milhões de hectares de florestas desaparecem
FAO, 2005

Assista aqui ao trailer de Home - Nosso Planeta, Nossa Casa:


Sessão Cinéphilie
Quarta-feira, 18 de novembro
17 horas
Aliança Francesa
R. Potengi, 459, Petrópolis
Fone: 3222-1558
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "HOME - NOSSO PLANETA, NOSSA CASA"]
Título original: Home
País: França
Ano: 2009
Duração: 120 minutos
Cor: colorido
Idioma: francês
Gênero: documentário
Estúdio: Elzévir Films, Europa Corp., France 2
Roteiro: Isabelle Delannoy, Yann Arthus-Bertrand, Denis Carot, Yen Le Van, Tewfik Fares
Direção: Yann Arthus-Bertrand
Produção: Luc Besson, Denis Carot
Fotografia: Michel Benjamin, Dominique Gentil
Música: Armand Amar
Edição: Yen Le Van



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16.11.09

Cineclube Natal - Mostra Panorama do Cinema Brasileiro


SESC/RN e Cineclube Natal realizam
a mostra Panorama do Cinema Brasileiro


A mostra Panorama do Cinema Brasileiro é uma promoção da regional SESC-RN, que integra um circuito mensal de exibição de filmes aberto ao público da comunidade potiguar. Colocando-se como uma opção de cinema alternativa ao circuito comercial da cidade, as mostras assumem um caráter plural e polifônico, integrando múltiplas vertentes e linguagens do cinema nacional e mundial. A curadoria do Cineclube Natal adiciona a esta atividade um momento de debates posterior a cada sessão. Apostando na promoção da cultura como um pilar fundamental do desenvolvimento e da transformação social, o SESC-RN materializa assim, nesta atividade, a proposta de formação de platéias, que utiliza o cinema como ferramenta pedagógica.


No intuito de homenagear o dia comemorativo do cinema brasileiro, dia 5 de novembro, este mês, a Mostra Temática de Cinema do SESC-RN tece um panorama do cinema nacional, com base em um recorte temporal que privilegia os principais movimentos estéticos do nosso cinema: a Chanchada, o Cinema Novo, o Cinema Marginal, e o dito Cinema da Retomada.

Veja aqui mais detalhes sobre os filmes:
(clique no folder para ampliá-lo)




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5.11.09

Cineclube Natal - Rifa 51


Rifa 51
O Cineclube Natal sorteia tela de Pippo Lodispoto para arrecadar fundos



O Cineclube Natal esstá rifando uma obra da autoria do artista plástico italiano Pippo Lodispoto, a ser sorteada para fins de manutenção do cineclube, sediado no box 51 do Mercado de Petrópolis, uma vez que a instituição não conta com renda fixa, por se constituir uma Associação Cultural, de Utilidade Pública, sem fins lucrativos.

A rifa no valor de R$ 5,00 (cinco reais) pode ser comprada a qualquer membro da diretoria e será sorteada no dia 25 de Novembro às 19:30 na “Quarta Cultural” do Mercado de Petrópolis.


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4.11.09

Cineclube Natal - 177ª sessão: São Bernardo


Cinema com sabor brasileiro no Nalva Melo Salão Café


Nesta sexta-feira, dia 06 de novembro, o Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Salão Café, apresentará o filme São Bernardo (1972), do diretor Leon Hirszman, dando o ponta-pé inicial ao ciclo mensal MEMÓRIA BRASILEIRA. A sessão Cine Café começará às 20:00 horas e classificação indicativa é de dezesseis anos.


No interior de Alagoas, o filho de camponeses Paulo Honório (interpretado por Othon Bastos), é um mascate que perambula pelo sertão a negociar com redes, gado, imagens, rosários e miudezas. Cria uma obsessão: arrancar a fazenda São Bernardo das mãos de seu inepto dono, o endividado Luiz Padilha, transformando este em seu empregado. Alcançando finalmente seu objetivo e, com muita astúcia e violência, Paulo Honório faz a fazenda prosperar e torna-se temido pelos empregados e fazendeiros vizinhos.

O filme, obviamente, foi baseado no romance homônimo de Graciliano Ramos, consistindo numa fiel adaptação e é, com certeza, um dos melhores filmes produzidos na década de 70 no Brasil - o primeiro distribuído pela Embrafilme. Leon Hirszman teve problemas com a censura, que o reteve por sete meses, ocasionando a falência da produtora Saga, da qual Hirszman era um dos sócios. Os enquadramentos do diretor, realçados pela fotografia de Lauro Scorel são pontos altos do filme, transformando-o numa espécie de aula de como fazer cinema para um público completamente envolvido pela história contada. A edição, assinada por Eduardo Scorel é segura e, consegue trabalhar com momentos contemplativos, sem torná-los chatos e respeita o andar lento de uma história rural de Graciliano Ramos sem oscilar. Um imperdível
filme da safra nacional!

Assista aqui a uma coletiva na qual Othon Bastos dá uma declaração emocionada sobre São Bernardo:



Sessão Cine Café
Sexta, 6 de novembro
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
Classificação Indicativa: 16 anos
R$ 5.00*

* excepcionalmente em Novembro as sessões com taxa de manutenção custarão R$ 5.00 pois darão direito à Rifa 51 que sorteará uma tela do artista italiano Pippo Lodispoto


[FICHA TÉCNICA: "SÃO BERNARDO"]
Título original: São Bernardo
País: Brasil
Ano: 1971
Duração: 113 minutos
Cor: colorido
Idioma: português
Gênero: drama
Estúdio: Embrafilme, Mapa Filmes, Saga Filmes
Roteiro: Graciliano Ramos (novela), Leon Hirszman
Direção: Leon Hirszman
Produção: Henrique Coutinho, Marcos Farias, Luna Moskovitch
Fotografia: Lauro Escorel
Música: Caetano Veloso
Direção de Arte: Luiz Carlos Ripper
Figurino: Luiz Carlos Ripper
Edição: Eduardo Escorel
Elenco: Rodolfo Arena, Othon Bastos, Joseph Guerreiro, José Labanca, Vanda Lacerda, Mário Lago, Nildo Parente, José Policena, Isabel Ribeiro, Andrey Salvador, Jofre Soares

Principais premiações: Prêmio Interfilm no Festival de Berlin, Melhor Ator e Melhor Fotografia no Festival de Gramado, Melhor Atriz, Figurino, Diretor, Roteiro e Coajuvante Masculino pela Associção de Críticos de Arte de são Paulo; Indicado a Melhor Filme no Festival de Gramado



Abaixo texto elucidativo sobre o filme:

Rigor e contenção são talvez as palavras mais adequadas para se caracterizar São Bernardo, filme dirigido por Leon Hirszman em 1972. Elas também se aplicam com justeza à obra de Graciliano Ramos, em especial ao romance homônimo que deu origem ao filme. Tal identificação estética entre livro e filme faz de São Bernardo um dos exemplos mais felizes de uma adaptação literária no cinema brasileiro. No entanto, não é preciso apoiarmo-nos no texto escrito para percebermos que o filme de Leon Hirzsman, em seu rigor e em sua contenção, acrescenta uma nota distoante ao conjunto dos títulos produzidos na época - e isto é o que faz de São Bernardo, para além de uma feliz adaptação, uma verdadeira obra-prima.

Filme de uma unidade estilística exemplar, São Bernardo estrutura-se como um drama ao mesmo tempo psicológico e político: não há fronteiras, mas adensamento de um no outro e de um pelo outro. O drama de Paulo Honório, que de guia de cego torna-se latifundiário, criando para si um feudo hostil a qualquer tipo de transformação da ordem social, não se constitui como simples resultado mecânico de engrenagens econômicas, nem como mera ebulição de fantasmas particulares. O drama de Paulo Honório nasce justamente do imbricamento de duas perspectivas de análise e de construção dramática, isto é, da observação de dois processos simultâneos (formação da riqueza; deformação da personalidade). Esta operação, presente no romance de Graciliano Ramos, encontra no cinema - e no rigor formal de um realizador como Leon Hirszman - um campo privilegiado de exposição.

Paulo Honório, vivido por Othon Bastos, está quase sempre em cena. É ele quem domina e concentra a narrativa, não só com sua presença física mas também com sua voz over, recurso clássico que remete à narração em primeira pessoa mas que, em São Bernardo, reforça um certo distanciamento na relação do filme com o espectador, servindo ao mesmo tempo como um campo de proteção à censura ideológica da época, em chave semelhante à Os Inconfidentes (Joaquim Pedro de Andrade, 1972), que narra a Inconfidência Mineira a partir dos Autos da Devassa e dos versos de Cecília Meirelles. A voz over, em São Bernardo, não é uma abertura para “conhecermos” intimamente o protagonista; ao contrário, ela serve para identificarmos a distância com a qual este protagonista será visto por nós espectadores, evidenciando, por parte de Leon Hirszman, a disposição em não ceder a uma comunicação imediata entre o filme e o público. De qualquer forma, a voz e o corpo de Paulo Honório ocupam e centralizam a quase totalidade do filme.

A partir da segunda metade de São Bernardo, surge outra personagem que irá desestabilizar esta centralidade de Paulo Honório. Trata-se da professora Madalena (Isabel Ribeiro), com quem o latifundiário irá se casar. Madalena desperta e aos poucos vai intensificando o conflito interno de Paulo Honório, até o ponto em que o conflito se torna dilaceração interior. A voz over continuará constante, a presença física de Paulo Honório seguirá sendo dominante. Mas o sentimento da dor e da perda, deflagrados pela presença perturbadora de Madalena, alterará por completo a relação de Paulo Honório com seu meio e consigo mesmo.

No filme, esta profunda transformação do protagonista surgirá de forma sutil, através de uma nova relação entre a câmera e a montagem, marcadas pela re-significação dos espaços dentro e fora do quadro. Assim, até a chegada de Madalena, São Bernardo pode ser encarado como um filme “narrado por Paulo Honório”: a câmera como instância narrativa se faz menos presente, ainda que todo o filme se construa através do conflito entre os pontos-de-vista do protagonista e o da câmera. A partir do momento em que Madalena passa a dominar o olhar de Paulo Honório (e, ao voltar-se para ela, ele também volta-se para si), percebemos com mais nitidez o olhar da própria câmera, isto é, de Leon Hirszman como narrador.

Na verdade, Madalena não provoca uma ruptura na constituição do drama. Não há um antes e um depois do casamento, mas um acirramento do processo de auto-destruição do personagem. Como afirmei antes, São Bernardo é um filme de uma unidade espantosa, e isto fica muito claro na própria decupagem trabalhada ao longo da narrativa: a utilização de longos planos estáticos; o uso de planos gerais e de conjunto em cenas dialogadas ou que fazem a ação progredir; as grandes elipses; a economia na utilização do plano-contraplano; todas estas escolhas conferem ao filme de Hirszman uma organicidade coerente com a opção de retratar o drama existencial de Paulo Honório.

Ao mesmo tempo, a partir do surgimento de Madalena, esta organicidade vai dando lugar a uma variedade maior na escolha dos planos e na direção dos olhares. Longe de provocar desequilíbrio ou desorientação, esta mudança na decupagem reforça a transformação do próprio personagem, atravessado pela experiência desagregadora do amor que começa a sentir pela esposa. Um amor que é, antes, sentimento ameaçador de uma possível perda. A prova maior da coerência desta decupagem é a quase total ausência de closes em São Bernardo. Há como que uma cerca de arame farpado entre o mundo interior de Paulo Honório e nossa curiosidade de espectadores acostumados aos dramas psicologizantes. Nesse sentido, o close sobre o perfil de Paulo Honório, que fuma um cachimbo, pode ser comparado ao plano geral de um campo em que não se vê ninguém. Após a entrada de Madalena na narrativa, isto se altera. Embora as ações continuem a ser trabalhadas em grandes saltos temporais e em planos distanciados (o primeiro encontro entre Paulo Honório e Madalena, na estação de trem, se dá sem que tenhamos dela sequer um plano próximo), há um novo intuito na utilização dos closes, como na cena em que Paulo Honório pede Madalena em casamento, ou quando, silencioso, os olhos vítreos, ele tenta encontrar provas do “comunismo” de Madalena, durante um jantar para convidados.

Embora São Bernardo seja de uma quase asfixiante secura, há no filme de Leon a busca por um tom de esperança, que nasce da própria percepção dialética do processo social. E Madalena é, nesse sentido, uma personagem quase simbólica. Não por acaso, em um dos raros planos suaves de São Bernardo, vemos Isabel Ribeiro caminhar por um trecho de campo florido. Esta imagem não deixa de se ligar, metaforicamente, ao belo plano dos trabalhadores rurais que vêm surgindo, como se brotassem da terra, entoando os cantos de trabalho, no momento mesmo em que Paulo Honório, envolto por uma triste luz amarelada, sucumbe e se apaga em sua própria derrota.

Luís Alberto Rocha Melo, Revista Contracampo





27.10.09

Cineclube Natal - 176ª sessão: O Encouraçado Potemkin


O eterno Potemkin navega
pelas telas da Assembléia Legislativa

Nesta quinta-feira, dia 29 de outubro, o Cineclube Natal, em parceria com a Assembléia Legislativa apresentará o clássico russo O Encouraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin, 1925), do influente diretor russo Sergei M. Eisenstein. A sessão Cine Assembléia se inicia às 18:00 horas no auditório da Assembléia Legislativa e a entrada é gratuita - a pipoca também. A classificação indicativa é livre.


Este é um daqueles filmes que todo mundo já ouviu falar, mas que poucas pessoas tiveram a oportunidade de ver. Influencia, até hoje, inúmeros diretores e sua força visual continua incólume ao tempo. O filme narra a história real do levante ocorrido em 1905, em plena Rússia czarista, que pressagiou a Revolução de 1917. Tudo começou no navio de guerra Potemkin quando os marinheiros estavam cansados de serem maltratados, sendo que até carne estragada lhes era dada - com o médico de bordo insistindo que ela era perfeitamente comestível. Alguns marinheiros se recusam a comer esta carne, então os oficiais do navio ordenam a sua execução. A tensão aumenta e, gradativamente, a situação sai cada vez mais do controle. Logo depois dos gatilhos serem apertados, Vakulinchuk (Aleksandr Antonov), um marinheiro, grita para os soldados e pede para eles pensarem e decidirem se estão com os oficiais ou com os marinheiros. Os soldados hesitam e então abaixam suas armas. Louco de ódio, um oficial tenta agarrar um dos rifles e provoca uma revolta no navio, na qual o marinheiro é morto. Mas isto seria apenas o início de uma grande tragédia, que culminaria com o massacre na Escadaria de Odessa.

O filme é repleto de grandes momentos, grandes passagens, tanto técnicas quanto dramáticas. Não é preciso entender muito de cinema para ver os grandes movimentos ousados que Eisenstein faz com o seu brinquedo chamado câmera: diversas panorâmicas, elevações (com destaque para a que dá dimensão à fila do corpo velado por causa da sopa), alguns planos absurdamente bonitos, enfim, um primor técnico impressionante (e que, até nos dias atuais, poucos tem a sensibilidade de captar). Talvez a cena mais famosa do longa seja o massacre na referida Escadaria de Odessa, onde vários cidadãos são cruelmente assassinados por Cossacos (perceba no jogo de câmera inteligentemente utilizado para o diretor tomar parte no conflito; as vítimas, sempre em close, os malvados, sempre escondidos nas sombras) e, no meio do conflito, desce um carrinho de bebê pelos degraus. Com certeza, consiste numa das sequencias mais impactantes da história - e uma das mais homenageadas também, sendo seu primo mais famoso o filme "Os Intocáveis", de Brian De Palma; referência impossível de não ser comentada.

Em O Encouraçado Potemkin, a ideologia comunista de Sergei M. Eisenstein está presente em cada fotograma; contudo, não na forma de panfleto sectário, e sim como retrato da intolerância humana, de qualquer origem ou período histórico. Eisenstein era um artista, além de ser um revolucionário. E por isso o filme sobreviveu. Contudo, não dá para esquecer que sua obra é tão poderosa porque estava impregnada de uma visão de mundo, de uma vontade imensa de falar sobre esse mundo e, mais do que isso transformá-lo através da arte. Não é só um filme, é como um tratado do novo cinema que surgia, uma inflexão radical que obriga a uma tomada de posição, a definir-se quanto à aceitação ou recusa dos ensinamentos de Eisenstein. A influência de sua teoria da montagem faz-se sentir intensamente na linguagem audiovisual mais moderna e atual: nos videoclipes, na propaganda e nos filmes de grandes cineastas - de Jean-Luc Godard a Spike Lee.

Assista aqui ao trailer (com legendas em francês) de O Encouraçado Potemkin:


Sessão Cine Assembléia
Quinta-feira, 29 de outubro
18 horas
Assembléia Legislativa
Praça 7 de Setembro, s/n, Cidade Alta
Fone: 3232-5761
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "O ENCOURAÇADO POTEMKIN"]
Título original: Bronenosets Potyomkin
País: União Soviética
Ano: 1925
Duração: 80 minutos
Cor: preto e branco
Idioma: russo
Gênero: drama
Estúdio: Goskino
Roteiro: Sergei M. Eisenstein, Nina Agadzhanova, Nikolai Aseyev, Sergei Tretyakov
Direção: Sergei M. Eisenstein
Fotografia: Eduard Tisse, Vladimir Popov
Música: Yati Durant, Vladimir Heifetz, Chris Lowe, Neil Tennant, Edmund Meisel, Nikolai Kryukov (1950), Eric Allaman (1986)
Direção de Arte: Vasili Rakhals
Edição: Grigori Aleksandrov
Elenco: Aleksandr Antonov, Vladimir Barsky, Grigori Aleksandrov, I. Bobrov, Mikhail Gomorov, Aleksandr Levshin, N. Poltavseva, Konstantin Feldman, Prokopenko, A. Glauberman, Beatrice Vitoldi, Brodsky, Julia Eisenstein, Sergei M. Eisenstein, A. Fait