19.11.09

Cineclube Natal - 179ª sessão: Os Fuzis


Urso de Prata em Berlin 64, Os Fuzis, de Ruy Guerra, será exibido no Cine Vanguarda de novembro


Neste domingo, dia 22 de novembro de 2009, às 17:00 horas, o Cineclube Natal em parceria com o Teatro de Cultura Popular dá continuidade ao mês dedicado às produções nacionais, com a exibição do filme Os Fuzis (1964), do diretor Ruy Guerra. Excepcionalmente, o custo de manutenção da sessão será o equivalente a uma rifa promovida pelo Cineclube Natal no valor de cinco reais, sendo que o comprador automaticamente concorrerá a uma obra de arte - ajudando o Cineclube a pagar a sua sede. A classificação indicativa é 16 anos.


No Nordeste, fazendeiros da região não conseguem ter uma colheita suficiente para sobreviverem em sua terras áridas. Quando um homem santo chega e prega que seu boi "sagrado" traria chuva se eles o seguissem, os camponeses ingênuos acreditam nele e seguem a criatura mística até um povoado próximo, onde está um agrupamento de soldados guardando um armazém de provisões do governo e um motorista de caminhão. Aí a tensão culmina em um conflito entre os camponeses famintos, incitados pelo motorista à revolta, e os guardas armados, e mortes desnecessárias ocorrem, incluindo a do caminhoneiro. Os Fuzis mostra as características do Cinema Novo, com sua mistura de expressivos componentes estéticos e poderosos assuntos de importância sócio-política.

O filme de Rui Guerra não procura "compreender" a miséria. Pelo contrário, ele a filma como a uma aberração, e dessa distância tira a sua força. À primeira vista é como se de cena em cena alternassem duas fitas incompatíveis: um documentário da seca e da pobreza, e um filme de enredo. A diferença é nítida. Depois do boi santo, com seus fiéis, depois da fala do cego e da gritaria mística, a entrada dos soldados, motorizados e falantes, é uma ruptura de estilo, — que não é defeito, como veremos.

No documentário há população local e miséria; no filme de enredo o trabalho é de atores, as figuras são da esfera que não é da fome, há fuzis e caminhões. Na mobilidade facial dos que não passam fome, dos atores, há desejo, medo, tédio, há propósito individual, há a liberdade que não há no rosto opaco dos retirantes. Quando o foco passa de uma a outra esfera, altera-se o próprio alcance da imagem: a faces que têm dentro seguem-se outras que não têm; os brutos são para ser olhados, e humanidade, trama ou psicologia, é só nos rostos móveis que se pode ler. Uns são para ver, e outros para compreender. Há convergência, que resta interpretar, entre esta ruptura formal e o tema do filme. O ator está para o figurante como o citadino e a civilização técnica estão para o flagelado, como a possibilidade está para a miséria pré-traçada, como o enredo está para a inércia. É desta codificação que resulta a eficácia visual de Os Fuzis. Todos estão convidados.

Assista aqui a um trecho de Os Fuzis:


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 22 de novembro
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular "Chico Daniel"
Rua Jundiaí, 641, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 2,00
Classificação indicativa: 16 anos


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[FICHA TÉCNICA: "OS FUZIS"]
Título original: Os Fuzis
País: Brasil, Argentina
Ano: 1964
Duração: 80 minutos
Cor: preto e branco
Idioma: português
Gênero: drama
Estúdio: Copacabana Filmes, Daga Filmes, Inbracine Filmes
Roteiro: Ruy Guerra, Pierre Pelegri, Miguel Torres
Direção: Ruy Guerra
Produção: Jarbas Barbosa, Gilberto Perrone
Fotografia: Ricardo Aronovich
Música: Moacir Santos
Edição: Raimundo Higino
Desenho de Produção: Calazans Neto
Elenco: Joel Barcellos, Leonidas Bayer, Hugo Carvana, Ivan Cândido, Maria Gladys, Átila Iório, Mauricio Loyola, Paulo César Peréio, Antonio Pitanga, Ruy Polanah, Cecil Thiré, Nelson Xavier

Principais premiações: Urso de Prata (por Melhor Direção) no Festival de Berlin; Indicado a Urso de Ouro no mesmo festival.




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