27.10.09

Cineclube Natal - 176ª sessão: O Encouraçado Potemkin


O eterno Potemkin navega
pelas telas da Assembléia Legislativa

Nesta quinta-feira, dia 29 de outubro, o Cineclube Natal, em parceria com a Assembléia Legislativa apresentará o clássico russo O Encouraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin, 1925), do influente diretor russo Sergei M. Eisenstein. A sessão Cine Assembléia se inicia às 18:00 horas no auditório da Assembléia Legislativa e a entrada é gratuita - a pipoca também. A classificação indicativa é livre.


Este é um daqueles filmes que todo mundo já ouviu falar, mas que poucas pessoas tiveram a oportunidade de ver. Influencia, até hoje, inúmeros diretores e sua força visual continua incólume ao tempo. O filme narra a história real do levante ocorrido em 1905, em plena Rússia czarista, que pressagiou a Revolução de 1917. Tudo começou no navio de guerra Potemkin quando os marinheiros estavam cansados de serem maltratados, sendo que até carne estragada lhes era dada - com o médico de bordo insistindo que ela era perfeitamente comestível. Alguns marinheiros se recusam a comer esta carne, então os oficiais do navio ordenam a sua execução. A tensão aumenta e, gradativamente, a situação sai cada vez mais do controle. Logo depois dos gatilhos serem apertados, Vakulinchuk (Aleksandr Antonov), um marinheiro, grita para os soldados e pede para eles pensarem e decidirem se estão com os oficiais ou com os marinheiros. Os soldados hesitam e então abaixam suas armas. Louco de ódio, um oficial tenta agarrar um dos rifles e provoca uma revolta no navio, na qual o marinheiro é morto. Mas isto seria apenas o início de uma grande tragédia, que culminaria com o massacre na Escadaria de Odessa.

O filme é repleto de grandes momentos, grandes passagens, tanto técnicas quanto dramáticas. Não é preciso entender muito de cinema para ver os grandes movimentos ousados que Eisenstein faz com o seu brinquedo chamado câmera: diversas panorâmicas, elevações (com destaque para a que dá dimensão à fila do corpo velado por causa da sopa), alguns planos absurdamente bonitos, enfim, um primor técnico impressionante (e que, até nos dias atuais, poucos tem a sensibilidade de captar). Talvez a cena mais famosa do longa seja o massacre na referida Escadaria de Odessa, onde vários cidadãos são cruelmente assassinados por Cossacos (perceba no jogo de câmera inteligentemente utilizado para o diretor tomar parte no conflito; as vítimas, sempre em close, os malvados, sempre escondidos nas sombras) e, no meio do conflito, desce um carrinho de bebê pelos degraus. Com certeza, consiste numa das sequencias mais impactantes da história - e uma das mais homenageadas também, sendo seu primo mais famoso o filme "Os Intocáveis", de Brian De Palma; referência impossível de não ser comentada.

Em O Encouraçado Potemkin, a ideologia comunista de Sergei M. Eisenstein está presente em cada fotograma; contudo, não na forma de panfleto sectário, e sim como retrato da intolerância humana, de qualquer origem ou período histórico. Eisenstein era um artista, além de ser um revolucionário. E por isso o filme sobreviveu. Contudo, não dá para esquecer que sua obra é tão poderosa porque estava impregnada de uma visão de mundo, de uma vontade imensa de falar sobre esse mundo e, mais do que isso transformá-lo através da arte. Não é só um filme, é como um tratado do novo cinema que surgia, uma inflexão radical que obriga a uma tomada de posição, a definir-se quanto à aceitação ou recusa dos ensinamentos de Eisenstein. A influência de sua teoria da montagem faz-se sentir intensamente na linguagem audiovisual mais moderna e atual: nos videoclipes, na propaganda e nos filmes de grandes cineastas - de Jean-Luc Godard a Spike Lee.

Assista aqui ao trailer (com legendas em francês) de O Encouraçado Potemkin:


Sessão Cine Assembléia
Quinta-feira, 29 de outubro
18 horas
Assembléia Legislativa
Praça 7 de Setembro, s/n, Cidade Alta
Fone: 3232-5761
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "O ENCOURAÇADO POTEMKIN"]
Título original: Bronenosets Potyomkin
País: União Soviética
Ano: 1925
Duração: 80 minutos
Cor: preto e branco
Idioma: russo
Gênero: drama
Estúdio: Goskino
Roteiro: Sergei M. Eisenstein, Nina Agadzhanova, Nikolai Aseyev, Sergei Tretyakov
Direção: Sergei M. Eisenstein
Fotografia: Eduard Tisse, Vladimir Popov
Música: Yati Durant, Vladimir Heifetz, Chris Lowe, Neil Tennant, Edmund Meisel, Nikolai Kryukov (1950), Eric Allaman (1986)
Direção de Arte: Vasili Rakhals
Edição: Grigori Aleksandrov
Elenco: Aleksandr Antonov, Vladimir Barsky, Grigori Aleksandrov, I. Bobrov, Mikhail Gomorov, Aleksandr Levshin, N. Poltavseva, Konstantin Feldman, Prokopenko, A. Glauberman, Beatrice Vitoldi, Brodsky, Julia Eisenstein, Sergei M. Eisenstein, A. Fait


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