29.10.08

Cineclube Natal - 142ª exibição: Pai Patrão


O Conflito de Gerações
na tela do Cine Assembléia


O Cineclube Natal, em parceria com a Assembléia Legislativa, dentro do projeto Cine Assembléia, apresentará nesta quinta-feira, 30 de outubro de 2008, o aclamado filme Pai Patrão (1977), dos irmãos Taviani. A sessão começará às seis horas em ponto no auditório da Assembléia e a entrada é franca, com direito a pipoca grátis.

Sendo o primeiro filme até hoje a ganhar os dois prêmios máximos do Festival de Cannes (a Palma de Ouro de Melhor Filme e o Prêmio da Federação Internacional de Críticos), Pai Patrão é um grande filme italiano. Talvez o trabalho mais conhecido dos irmãos Taviani, diretores dos memoráveis "Bom, Dia Babilônia" e "A Noite de São Lourenço". Este contundente drama mostra a trajetória de Gavino, um menino que é obrigado pelo pai, interpretado por Omero Antonutti, a abandonar os estudos para trabalhar no campo, cuidando das ovelhas na Sardenha, sul da Itália. Todas as suas tentativas de mudar de vida são frustradas pela ignorância e pela violência do patriarca. Com o tempo, o jovem Gavino, interpretado por Fabrizio Forte, descobre sua única saída: estudar. Ter a arma que seu pai não possui: a cultura.

Os diretores irmãos Paolo (58 anos) e Vittorio (60 anos), retratam com brilhantismo a figura primitiva de estranhamento e opressão milenar: a do patriarca, senhor da Vida e da Morte no seio da família, instituição primordial da sociedade humana. No caso, o pai oprime o filho, buscando nele força de trabalho servil na atividade de pastoreio. Por isso, castra todas as possibilidades de desenvolvimento humano de Gavino. O estranhamento é imposto pelo próprio pai, assumindo caráter ancestral, quase-natural, ligado a formas tradicionais de opressão social. Os Irmãos Taviani expõem o conflito entre disposições ancestrais primitivas, quase da Natureza inculta, em plena época da modernidade do capital. É através da reapropiação da cultura que Gavino irá buscar uma saída para seu estranhamento primordial. O pai, como a Natureza, é superado, mas não eliminado, como sugere a cena final. Ele persiste como memória-hábito, no gesto da vigília cadenciada no pasto.

Baseado na autobiografia do escritor Gavino Ledda, falado em dialeto sardo, interpretado por atores amadores e com fotografia de Mario Masini, Pai Patrão foi um dos filmes italianos mais destacados dos anos 70, revelando o grande talento dos irmãos Taviani. No elenco, destacam-se Saverio Marconi, Omero Antonutti, Marcella Michelangeli e Fabrizio Forte, entre outros.


Sessão Cine Assembléia
Quinta-feira, 30 de outubro
18 horas
Assembléia Legislativa
Praça 7 de Setembro, s/n, Cidade Alta
Fone: 3232-5761
Entrada gratuita
Classificação indicativa: 16 anos


[FICHA TÉCNICA: "PAI PATRÃO"]
Título original: Padre Padrone
País: Itália
Ano: 1977
Duração: 114 minutos
Cor: colorido
Idioma: italiano, sarda, latin
Gênero: drama
Estúdio: Cinema S.r.l, RAI, Cinema 5, Artificial Eye
Roteiro: Paolo Taviani, Vittorio Taviani, de um livro de Gavino Ledda
Direção: Paolo Taviani, Vittorio Taviani
Produção: Giuliani G. De Negri
Fotografia: Mario Masini
Música: Egisto Macchi
Direção de Arte: Gianni Sbarra
Figurino: Lina Nerli Taviani
Edição: Roberto Perpignani
Elenco: Omero Antonutti, Marcella Michelangeli, Fabrizio Forte, Saverio Marconi

Prêmios: Palma de Ouro e Prêmio da Federação Internacional de Críticos no Festival de Cannes; Indicado ao BAFTA de Melhor Ator Revelação (Saverio Marconi)



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16.10.08

Cineclube Natal - 140ª exibição: A Primeira Noite de Tranquilidade


O cinema existencial de
Valerio Zurlini na Sessão Vanguarda


O Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular, apresentará domingo, dia 19 de outubro, o filme A Primeira Noite de Tranquilidade, do diretor italiano Valerio Zurlini. A sessão do projeto Cine Vanguarda começará às usuais 17:00 horas e a entrada custa R$ 2,00 (dois reais).

Conhecido como "O Poeta da Melancolia", Zurlini teve uma carreira cinematográfica escassa, constituída por apenas oito filmes, mas o suficiente para mostrar extrema qualidade, como em A Primeira Noite de Tranqüilidade, filme tido como sua obra-prima e que tornou-se um marco na prolífica carreira de Alain Delon, cuja atuação como o personagem Daniele Dominici lhe rendeu elogios da crítica à época do lançamento da película.

O filme se passa na cidade italiana de Rimini, no início dos anos 70. Daniele Dominici é um angustiado professor de literatura que se envolve afetivamente com uma de suas alunas, numa tentativa de preencher o vazio existencial de sua vida. Zurlini apresenta neste filme ecos de um movimento influente naquela época: o existencialismo. Filósofos como Albert Camus e Sartre escreveram sobre homens que vivem sem rumo, nômades ateus que escondem seu passado e ignoram seu futuro. E essas características definem o
protagonista Dominici, um intelectual introvertido, cuja psique casa perfeitamente com o ideal do existencialismo – o passado de Dominici é apresentado em doses homeopáticas: ele é um estranho até mesmo em sua cidade natal, não possui vínculos religiosos ou falimilares e é apolítico: "Para mim, fascistas e socialistas são iguais. Só que os fascistas são mais cretinos", diz ele durante uma aula.

Entretanto, cabe a ressalva que Zurlini não faz de seus filmes melodramas, como outros diretores italianos do mesmo período. Ele é um mestre do rigor formal, das longas e graciosas tomadas de composição quase matemática. Seus enquadramentos são complexos e precisos, mas operados com tamanha graça que parecem espontâneos. Ele é um cineasta minimalista, de emoções contidas. A Primeira Noite de Tranqüilidade é um filme belo e sereno, que resgata as principais características da obra anterior do diretor (o amor impossível, a melancolia, a crítica sutil ao vazio da burguesia italiana já haviam aperecido no belo "A Moça com a Valise"), mas aplica a elas usa abordagem menos direta, mais poética e evocativa, mais oblíqua e controlada.

Diretor de técnica apurada e intelectualidade indiscutível, Zurlini foi, para o mundo do cinema, como um furacão; apareceu com obras que arrebataram toda uma geração de cinéfilos e seguiu seu caminho. Pena que sua carreira foi tão curta (o diretor morreu em 1982, aos 56 anos). O Cineclube Natal convida todos os amantes do cinema para conferir mais esse grande clássico.

Assista aqui a uma cena (em francês) de A Primeira Noite de Tranquilidade:



Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 19 deoutubro
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular "Chico Daniel"
Rua Jundiaí, 641, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 2.00
Classificação indicativa: 16 anos


[FICHA TÉCNICA: "A PRIMEIRA NOITE DE TRANQUILIDADE"]
Título original: La Prima Notte Di Quiete
País: Itália, França
Ano: 1972
Duração: 125 minutos
Cor: colorido
Idioma: italiano
Gênero: drama, romance
Estúdio: Valoria Films, Titatuns
Roteiro: Enrico Medioli, Valerio Zurlini
Direção: Valerio Zurlini
Fotografia: Dario Di Palma
Música: Mario Nascimbene
Direção de Arte:
Figurino: Luca Sabatelli
Edição: Mario Morra
Elenco: Alain Delon, Lea Massari, Giancarlo Giannini, Sonia Petrova, Salvo Randone, Renato Salvatori, Alida Valli


Sessão passada em fotos: "O Enigma de Kaspar Hauser"

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9.10.08

Cineclube Natal - 139ª exibição: Roma, Cidade Aberta


O Neo-realismo vivo
de Rossellini no Cine Café

Nesta sexta-feira, dia 10 de outubro, o Cineclube Natal em Parceria com o Nalva Melo Café Salão, apresentará o filme italiano Roma, Cidade Aberta (1945), do diretor Roberto Rosselinni, abrindo o mês dedicado às produções italianas, que seguirá com as exibições (no Cine Vanguarda e no Cine Assembléia nos dias 19 e 30 de outubro, respectivamente) de "A Primeira Noite de Tranquilidade", de Valério Zurlini e "Pai Patrão", dos irmãos Taviani.

Entre 1943 e 1944, Roma, sob ocupação nazista, é declarada "cidade aberta", para evitar bombardeios aéreos. Nas ruas, comunistas e católicos deixam suas diferenças de lado para combater os alemães e as tropas fascistas. Filmado logo após a libertação da itália, em locações reais e com atores amadores, Roma, Cidade Aberta tornou-se um dos marcos iniciais do neo-realismo italiano, que mostrou ao mundo que era possível se fazer cinema mesmo sob as condições mais precárias. O filme é considerado um dos maiores da história do cinema pela crítica mundial.

Se há uma concordância em apontar a tríade neo-realista Roberto Rossellini, Luchino Visconti e Vittorio De Sica, essa unanimidade não existe para determinar um filme como marco inicial do movimento. Foi, entretanto, com Roma, Cidade Aberta, apresentado em Cannes em 1946, que o neo-realismo italiano tomou proporções maiores. Outros cineastas prepararam, de fato, "o caminho", mas foi Roberto Rossellini que pôs nas telas uma Roma nua, miserável, sórdida. Os símbolos da Itália popular e da Itália corrompida pelo fascismo são mostrados pelas mãos de um cineasta que inicia uma nova fase, recém
passado para o lado da Resistência.

Em Roma, Cidade Aberta, Rossellini tenta compreender e fazer compreender a situação da Itália àquela época. A personagem Pina, interpretada magistralmente por Anna Magnani, por exemplo, assume as feições trágicas da sociedade italiana que lutava por justiça e liberdade. Uma cena crucial envolvendo Pina ficaria marcada, eternamente, na história do cinema.

Roberto Rossellini é um dos diretores mais discutidos em razão de suas escolhas políticas, de sua vida privada e do cristianismo que está em muitas de suas obras. Em 1943, após um período aliado ao fascismo, se juntou à Resistência. O Padre Don Pietro, uma das figuras centrais de Roma, Cidade Aberta, explicita que naquela situação, pouco importava a religião, a classe social ou a ideologia política: os italianos deveriam se unir contra a ocupação. Don Pietro afirma, quando está sendo interrogado pelos nazistas, que é um padre católico, e acredita que quem combate pela justiça e a liberdade caminha nos passos do senhor, que são infinitos.

Mais tarde, o cineasta retomaria o tema da guerra, com mais dois filmes: "Paisá" (1946) e "Alemanha ano zero" (Germania anno zero, 1947). A "trilogia da guerra" é mais um testemunho das condições da Europa do pós-guerra e sua reconstrução, do que uma crítica ao regime fascista. É, porém, um testemunho necessário, que acaba sendo uma prova da luta do povo italiano em favor da liberdade mundial. Um grande clássico mundial, exibido num local charmoso e despojado. Estão esperando o quê? Todos os amantes da sétima arte estão convidados, especialmente aqueles interessados no cinema italiano.

Assista aqui a algumas cenas (com legendas em inglês) de Roma, Cidade Aberta:


Sessão Cine Café
Sexta, 10 de Outubro
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação indicativa: 16 anos


[FICHA TÉCNICA: "ROMA, CIDADE ABERTA"]
Título original: Roma, Città Aperta
País: Itália
Ano: 1945
Duração: 100 minutos
Cor: preto e branco
Idioma: italiano, inglês
Gênero: drama, guerra
Estúdio: Excelsa Film, Minerva Film Spa
Roteiro: Sergio Amidei, Federico Fellini, Roberto Rossellini, de uma estória de Sergio Amidei, Alberto Consiglio
Direção: Roberto Rossellini
Produção: Giuseppe Amato, Ferruccio De Martino, Rod E. Geiger, Roberto Rossellini
Fotografia: Ubaldo Arata
Música: Renzo Rossellini
Edição: Eraldo Da Roma
Elenco: Aldo Fabrizi, Anna Magnani, Marcello Pagliero, Vito Annicchiarico, Nando Bruno, Harry Feist

Prêmios: Grande Prêmio do Festival de Cannes; Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro


Sessão passada em fotos: "O Enigma de Kaspar Hauser"



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