8.3.12

Quando Nem Sempre a Unanimidade É Burra!

Nelson Marques, Cineclube Natal

nmarquesnel@gmail.com


            A entrega dos troféus do Oscar 2012 no dia 26 de fevereiro de 2012 finalizou o processo de indicação e premiação de filmes de longa, média, curta-metragem, animação e documentários, que estava acontecendo desde o início do mês de dezembro de 2011. Foram 9 eventos, começando com o 2012 Critics´ Choice Awards, com as indicações em 13 de dezembro, até a solenidade da 84th Annual Academy Awards, o Oscar para os mais íntimos, no dia 26 de fevereiro do corrente, passando ainda pela 69th Annual Golden Globe Awards, em 15 de janeiro, 2012 Producers Guild Awards, em 21 de janeiro, 2012 Directors Guild Awards, em 28 de janeiro, 2012 Screen Actors Guild Awards, em 29 de janeiro, 2012 BAFTA Awards, em 12 de fevereiro e 2012 Film Independent Spirit Awards, em 25 de fevereiro.

Por mais críticas que se façam aos critérios e escolhas que ocorrem nesses eventos, os cinéfilos e amantes do cinema acompanham com avidez, críticas e satisfação a entrega dos diversos troféus. Apesar da premiação do Oscar ser o mais problemático deles, em razão de seus critérios de escolha e indicações de filmes ao longo dos anos, ele é, pela sua repercussão na indústria cinematográfica americana e mundial, o mais visível e conhecido em termos midiáticos. Por isso mesmo ele serve como um termômetro da “saúde” dessa mesma indústria.

É senso geral que o Oscar 2012 foi melhor do que a sua edição anterior, ou muitas das anteriores. A seleção de filmes indicados neste ano e a seleção final indicaram, aparentemente, um errar menos nas escolhas dos vencedores. Em compensação, ou talvez como contrapartida, o show em si foi talvez um dos piores dos últimos anos, o que mostrou que a festa como tal, está cada vez menos interessante como entretenimento. É incrível que esse deveria ser um dos principais objetivos de uma indústria que trabalha essencialmente para isso.

Apesar de não chegar aos pés de algumas edições anteriores do Oscar, pelo menos o Oscar deste ano premiou dois grandes filmes, tanto em termos estéticos, quanto técnicos. Ambos são declarações de amor ao cinema e homenagens muito competentes de produtores, diretores, atrizes e atores ao seu principal produto, o filme! Os dois grandes vencedores da noite, com cinco estatuetas cada um, foram O Artista, de Michel Hazanavicius, e A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorcese. O primeiro arrebatou os principais prêmios estéticos: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Figurino e Melhor Trilha Musical Original. O segundo arrebatou os principais prêmios técnicos: Melhor Cinematografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Som, Melhor Edição de Som, Melhores Efeitos Visuais.


É interessante que um filme nostálgico como O Artista, que, na minha opinião, é realmente um dos melhores filmes do ano, apresentando uma visão dos primeiros dias do cinema, feito, em 2012, em branco e preto, mudo, com as técnicas dos primeiros anos da indústria do cinema tenha cativado tantas pessoas que fizeram as suas escolhas para indicação de premiação. O filme foi também o vencedor do Critics´ Choice, do Golden Globe (na categoria Musical ou Comédia), do Producers Guild, do Directors Guild, do BAFTA e do Independent Spirit.

Michel Hazanavicius, o diretor premiado do O Artista, também foi escolhido pelo Critics´Choice, Directors Guild, BAFTA. Jean Dujardin, Oscar de Melhor Ator, também foi escolhidos pelos membros do Golden Globe, Screen Actors, BAFTA e Independent Spirit.

Outras escolhas concordantes foram para a premiação de Melhor Atriz, para Meryl Streep, na sua 17ª indicação ao Oscar, pelo seu impressionante desempenho no A Dama de Ferro. E olha que a escolha não estava fácil com os desempenhos de Glenn Close, em Albert Nobbs, Viola Davis, em Histórias Cruzadas e Michelle Williams, em Sete Dias para Marilyn. A escolha de Meryl, no entanto, já havia sido feita também pelos pares do Golden Globe e BAFTA. Outra indicação e premiação merecida foi a de Christopher Plummer, como Melhor Ator Coadjuvante no Oscar, quando já havia recebido a mesma premiação no Critics´Choice, Golden Globe, Screen Actors, BAFTA e Independent Spirit.   

Apesar de muitos acharem que o filme de Scorcese é melhor do que o de Hazanavicius, a escolha de prêmios técnicos para A Invenção de Hugo Cabret também foi a escolha de muitos: Critics´ Choice também concordou com a Melhor Direção de Arte e o BAFTA com Melhor Desenho de Produção e Melhor Som. Somente o Golden Globe premiou Martin Scorcese como o Melhor Diretor, mas não como o Melhor Filme.

Finalizando, ainda em termos da perspectiva da unanimidade, devemos destacar o filme do Irã, A Separação, do diretor Asghar Farhadi, escolhido como o Melhor Filme em Língua Estrangeira na cerimônia do Oscar, concordando com as escolhas anteriores feitas pelos pares do Critics´ Choice, Golden Globe e Independent Spirit Awards.

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