5.8.09

Cineclube Natal - 165ª sessão: O Jarro


De grande importância para o cinema mundial, a filmografia iraniana aporta nas telas do Cineclube Natal nesta sexta

Nesta sexta-feira, dia 07 de agosto de 2009, o Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Salão Café, dará o pontapé inicial no ciclo de fimes batizado Flores do Irã, com o premiado O Jarro, de Ebrahim Forouzesh. A sessão começa às 20:00 horas e custa R$ 2,00 (dois reais). A censura é livre.


Em meio ao deserto iraniano, numa escola, o único jarro que serve de recipiente para os alunos beberem água racha. Os estudantes, então, passam sede, pois têm de fazer uma longa caminhada até o rio mais próximo. O jarro trincado cria um conflito ideológico mesmo na pobreza latente em meio ao clima árido, vez que o pai de um aluno é capaz de consertar o jarro, mas se recusa, alegando que, se deixar de trabalhar para ir à escola consertar o jarro, não conseguirá levar comida para sua família no fim do dia.

Curiosamente, o personagem principal é mesmo um jarro. Sua rachadura que não lhe permite mais reter água, o precioso líquido em terras desérticas, consiste no argumento do filme, jorrando toda a complexidade do filme de Ebrahim Forouzesh. Num lugar onde a água é o maior bem que existe, a dependência da escola e suas crianças para matar a sede é narrada de maneira despojada, mas da aparente simplicidade dessa estória surge o sublime, o cativante, o revelador, o instigante, enfim, o humano. O processo de conserto da rachadura que surje no precioso jarro - e todos seus conflitos - vai nos revelar a força da maior de todas as religiões do Irã: o seu belo cinema.

Premiado com o Leopardo de Ouro do Festival de Cinema de Locarno (Suíça), em 1994, e com o prêmio do júri da 18ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, O Jarro é, por seu tema e forma, o mais bressoniano dos filmes aqui chegados do Irã. A luz forte do deserto, a miserabilidade das condições de vida das famílias a que pertencem as crianças da escola e a sutileza com que os sentimentos são expostos conduzem ao ascetismo do cinema de Robert Bresson, realizador francês conhecido como "o cineasta da alma". Sem pieguice e com a dureza que o tema exige, Foruzesh faz de O Jarro uma aula de cinema.

Vale destacar que o filme foi realizado com atores não profissionais numa aldeia do escaldante deserto iraniano. Todos os intérpretes mal conheciam o cinema até então. Conforme relato pessoal do próprio cineasta, o seu filme não teria ultrapassado a soma de US$ 100,000, juntando-se todas as despesas nas filmagens. O diretor Ebrahim Foruzaesh foi o fundador do movimento Cinema Livre Iraniano em 1968. Nascido em Teerã e formado pela Escola de Arte Dramática de Teerã, também foi diretor do Centro de Cinema do Instituto Para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens, por 18 anos, produzindo mais de 80 filmes neste período. Os cinéfilos natalenses estão convidados para esta importante e única sessão.

Assista aqui a uma cena (com legendas em inglês) de O Jarro:


Sessão Cine Café
Sexta, 07 de agosto
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação Indicativa: 12 anos


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[FICHA TÉCNICA: "O JARRO"]
Título original: Khomreh
País: Irã
Ano: 1992
Duração: 86 minutos
Cor: colorido
Idioma: persa
Gênero: drama
Estúdio: Instituto Para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens
Roteiro: Ebrahim Forouzesh, Houshang Moradi Kermani
Direção: Ebrahim Forouzesh
Produção: Ali Reza Zarrin
Fotografia: Iraj Safavi
Música: Mohammad Reza Aligholi
Som: Hassan Zahedi
Edição: Changiz Sayad
Elenco: Behzad Khodaveisi, Fatemeh Azrah, Abbas Khavaninzadeh, Hassein Balai, Alireza Haji-Ghasemi, Sakineh Mehrizi, Ramazan Moila-Abbasi, A.R. Vaziri

Principais premiações: Leopardo de Ouro no Festival de Locarno (Suiça); Prêmio do Júri Internacional na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo




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