Cineclube Natal: Cineclube Natal - 184ª sessão: O Homem Elefante

Cineclube reinicia suas atividade com
o clássico "O Homem Elefante", de David Lynch

Depois de merecidas férias, o Cineclube Natal voltará suas atividades nesta sexta-feira, dia 05 de março, em grande estilo, inaugurando o mês temático dedicado aos "Monstros" na sua habitual sessão do Cine Café, na Ribeira. O filme escolhido é o clássico moderno O Homem Elefante, do diretor David Lynch. A sessão começa às 20:00 horas e custa a módica quantia de R$ 02,00 (dois reais). A classificação etária é dezesseis anos.

David Lynch conta a verdadeira e mordaz história do Homem Elefante, filme que obteve 8 nomeações para os OSCAR da Academia, em que John Merrick (John Hurt, em grande atuação) sofre uma horrível deformação de nascença, que lhe confere traços similares aos de um paquiderme. Encurralado num cruel show itinerante, Merrick sofre o tormento da exclusão da sociedade, até que um jovem cirurgião de nome Frederick Treves (Sir Anthony Hopkins) resolve salvá-lo. Este conto emocionante revela a descoberta que Treves faz, à medida que conhece a personalidade gentil e pacífica de Merrick sob a sua horrenda e desfigurada aparência.

David Lynch ainda era um iniciante quando foi contratado pelo comediante Mel Brooks para dirigir o filme, baseado nos diários do médico Frederick Treves. O doutor descobriu na Inglaterra vitoriana do século XIX a existência de Merrick, que até hoje é considerado o caso mais extremo da rara doença denominada neurofibromatose múltipla, que faz com que os membros do corpo, especialmente a cabeça, cresçam em proporções anormais. No caso de Merrick, a doença era tão grave que 90% do seu corpo apresentava deformações, e o peso da cabeça era tão descomunal que ele não podia dormir deitado, pois se o fizesse morreria sufocado.

Entretanto, quando o doutor idealista passa a cuidar do infeliz Merrick, outros problemas surgem para ambos. Assim que o caso é divulgado pelos jornais, o doente passa a receber presentes e visitas de membros da aristocracia inglesa, sendo que é precisamente esse assédio que tortura o médico, vez que considera tal curiosidade obscena, apenas uma outra faceta do mesmo impulso irracional que levava bêbados a pagar para entrar no circo e se espantar com a a deformação de John Merrick. Seriam dois lados diferentes do fascínio humano pelo grotesco, algo que o médico considera abominável. Por outro lado, ele compreende que a exposição é a única forma de garantir algum conforto para a existência miserável do famoso paciente.

Emocionante sem ser melodramático. A definição encaixa como uma luva neste novo clássico do cinema, que colocou o nome do diretor David Lynch no mapa. A narrativa seca e objetiva, que recusa o estilo normalmente experimental e abstrato do diretor, deveria ser considerada um exemplo para cineastas iniciantes. É notável que, apesar de ter em mãos material verídico com grande potencial para virar um melodrama auto-indulgente, o cineasta tenha feito um filme de grande rigor formal e objetividade, fotografando a Londres do século XIX como uma obra do expressionismo alemão, repleta de contrastes radicais e sombras pesadas. Enfim, um filme imperdível e que marca a abertura de mais um ano para o Cineclube Natal. Venham conferir.

Assista aqui ao trailer (em inglês) de O Homem Elefante:

Sessão Cine Café
Sexta, 05 de março
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação Indicativa: 16 anos

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[FICHA TÉCNICA: "O HOMEM ELEFANTE"]
Título original: The Elephant Man
País: Estados Unidos
Ano: 1980
Duração: 124 minutos
Cor: preto e branco
Idioma: inglês
Gênero: drama, biografia
Estúdio: Brooksfilms, Paramount Pictures
Roteiro: Christopher De Vore, Eric Bergren, David Lynch, Sir Frederick Treves, Ashley Montagu
Direção: David Lynch
Produção: Suart Cornfel, Johnathan Sanger, Mel Brooks
Fotografia: Freddie Francis
Música: John Morris
Direção de Arte: Robert Cartwright
Figurino: Patricia Norris
Edição: Anne V. Coates
Desenho de Produção: Stuart Craig
Elenco: John Hurt, Anne Bancroft, Anthony Hopkins, John Gielgud, Freddie Jones, Michael Elphick

Principais premiações: Melhor Filme, Melhor Ator (John Hurt) e Melhor Direção de Arte/Desenho de Produção no BAFTA; Melhor Filme Estrangeiro no César; Indicado a Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (John Hurt), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Edição e Melhor Trilha Sonora no Oscar; Indicado a Melhor Filme (Drama), Melhor Diretor, Melhor Ator (Drama) (John Hurt) e Melhor Roteiro no Globo de Ouro; Indicado a Melhor Fotografia, Melhor Direção, Melhor Edição e Melhor Roteiro no BAFTA.