31.8.09

Cineclube Natal - 170ª sessão: Seção Especial de Justiça


A política no cinema nunca foi a mesma depois do cineasta Costa-Gavras
- "Seção Especial de Justiça", do diretor franco-grego, no Cinéphilie de setembro -

Dando continuidade ao ciclo Vive La France! em homenagem ao Ano da França no Brasil, o Cineclube Natal, em parceria com a Aliança Francesa exibirá, no próximo dia 09 de setembro, o filme Sessão Especial de Justiça, do polêmico e consagrado diretor Costa-Gavras. A sessão é gratuita e tem início às 18:30 horas. A classificação indicativa é de 16 anos.


Baseado numa história real, o filme se passa na Segunda Guerra Mundial, na França, mas traça paralelos ainda relevantes com o cenário político contemporâneo. Um jovem oficial militar alemão é morto durante a ocupação parisiense. Quatro jovens franceses idealistas são presos e torturados como uma forma de mostrar as forças do regime político totalitário. Em síntese, um verdadeiro libelo contra o governo Vichy e a volta de leis anti-terroristas ultrapassadas, que permitiram ao sistema judiciário francês julgar novamente um grupo de prisioneiros para acalmar os ânimos dos alemães.

Com muita clareza, Sessão Especial de Justiça aborda o perigo da criação de tribunais de exceção, ressaltando a importância da figura do juiz natural, dotado de imparcialidade e isenção, garantia constitucional de todo e qualquer acusado, mas sempre ignorada em regimes totalitários. Justiça de exceção, segundo a análise do diretor, não é justiça, mas sim oportunismo estatal.

Constantin Costa-Gavras é um diretor versátil e com faro para assuntos polêmicos. Em seu "Z", de 1969, fez sucesso com um thriller político que abordava o golpe militar na Grécia e as facetas cruéis dessa transição. Com ele, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e os prêmios da National Society of Film Critics e do New York Film Critics Circle - e de quebra o reconhecimento mundial de seu talento. Enfim, um diretor que se destacou no cenário internacional sem comprometer suas convicções políticas. Com certeza, um prato cheio para os interessados numa discussão jurídico-política acerca dos limites do Estado contemporâneo.

Assista aqui a uma cena de Seção Especial de Justiça:


Sessão Cinéphilie
Quarta-feira, 09 de setembro
18:30 horas
Aliança Francesa
R. Potengi, 459, Petrópolis
Fone: 3222-1558
Entrada gratuita
Classificação indicativa: 16 anos


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[FICHA TÉCNICA: "SEÇÃO ESPECIAL DE JUSTIÇA"]
Título original: Section Spéciale
País: França, Itália, Alemanha Ocidental
Ano: 1975
Duração: 118 minutos
Cor: colorido
Idioma: francês
Gênero: drama
Estúdio: Goriz Films, Janus Film, Les Productions Artistes Associés, Reggane Films
Roteiro: Hervé Villeré (livro), Jorge Semprún, Constantin Costa-Gavras
Direção: Constantin Costa-Gavras
Produção: Gérard Crosnier, Claude Heymann, Jacques Perrin, Giorgio Silvagni
Fotografia: Andréas Winding
Música: Éric Demarsan
Cenário: Max Douy
Figurino: Hélène Nourry
Edição: Françoise Bonnot
Elenco: Louis Seigner, Michael Lonsdale, Ivo Garrini, François Maistre, Jacques Spiesser, Henri Serre, Heinz Bennent e Hans Ritcher

Principais premiações: Melhor Diretor no Festival de Cannes; Indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes e a Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro.

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Cineclube Natal - 169ª sessão: Adeus Meninos



Setembro é o mês do Cinema Francês
no Cineclube Natal

- No Ano da França no Brasil, a sessão Cine Café abre o ciclo francês com "Adeus Meninos" -


Nesta sexta-feira, dia 04 de setembro de 2009, o Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Salão Café apresentará, dentro do cativo projeto Cine Café, o belo filme francês Adeus, Meninos, do diretor Louis Malle. A sessão começa às 20:00 horas e a entrada custa R$ 2,00 (dois reais). A classificação etária é 16 anos.

O ciclo Vive La France! continua nas demais sessões do Cinclube Natal durante todo o mês de setembro. Confira a programação no menu ao lado (direito).



França, inverno de 1944. Julien Quentin (Gaspard Manesse) é um garoto de 12 anos que frequenta o colégio Sr. Jean-de-la-Croix, em meio às grandes dificuldades devido às agruras da 2ª Guerra Mundial. Lá ele se torna o melhor amigo de Jean Bonnett (Raphael Fejto), um introvertido colega de classe que Julien posteriormente descobre ser judeu. A tragédia toca os meninos quando a Gestapo invade o local, à procura de judeus ou simpatizantes. Para Louis Malle, esta história, com toques autobiográficos e definitivamente catártica, "talvez tenha decidido minha vocação de cineasta. É minha fidelidade, minha referência. Deveria ter sido o assunto de meu primeiro filme, mas eu hesitava, esperava."

Adeus, Meninos é um filme inesquecível, que leva o espectador a interrogar-se sobre as noções filosóficas de humanidade, de pessoa, de dever moral e de solidariedade. É um filme sobre as diferenças, amizade, coragem e covardia que às vezes assola o coração humano. Louis Malle denuncia o anti-semitismo, mas também descreve as dificuldades da vida durante a ocupação da França pelos nazistas: toque de recolher, mercado negro, fome, pobreza, tormentos pessoais e, principalmente, a manutenção de princípios éticos quando o que está em jogo é a sua própria vida. Uma visão cinematográfica diferente, intimista, das mazelas impostas pelo regime nazista na Europa, abordando as sequelas perenes dos que sobreviveram nesses tempos difíceis.


Assista aqui ao trailer (com legendas em inglês) de Adeus Meninos:


Sessão Cine Café
Sexta, 04 de setembro
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação Indicativa: 16 anos
[FICHA TÉCNICA: "ADEUS MENINOS"]
Título original: Au Revoir les Enfants
País: França, Alemanha Ocidental
Ano: 1987
Duração: 104 minutos
Cor: colorido
Idioma: francês, alemão, inglês
Gênero: drama
Estúdio: Nouvelles Éditions de Films (NEF), MK2 Productions, Stella Film, N.E.F. Filmproduktion und Vertriebs, Centre National de la Cinématographie (CNC), Soficas Investimages, Images Investissements, Sofica Créations, Rai Uno Radiotelevisione
Roteiro: Louis Malle
Direção: Louis Malle
Produção: Louis Malle
Fotografia: Renato Berta
Direção de Arte:
Figurino: Corinne Jorry
Edição: Emmanuelle Castro
Desenho de Produção: Willy Holt
Elenco: Gaspard Manesse, Raphael Fejtö, Francine Racette, Stanislas Carré de Malberg, Philippe Morier-Genoud, François Berléand, François Négret, Peter Fitz, Pascal Rivet, Benoît Henriet, Richard Leboeuf, Xavier Legrand, Arnaud Henriet, Jean-Sébastien Chauvin, Luc Etienne

Principais premiações: Leão de Ouro e mais quatro prêmios no Festival de Veneza; Melhor Diretor no BAFTA; Melhor Filme, Melhor Roteiro, Mlehor Diretor, Melhor Edição, Melhor Fotografia, Melhor Desenho de Produção e Melhor Som no César. Indicado a Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original no Oscar; Indicado a Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro; Indicado a Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original no BAFTA; Indicado a Melhor Filme Estrangeiro no SPIRIT Awards;





Cineclube Natal - Goiamum Audiovisual



III Goiamum Audiovisual

Dos dias 14 a 26 de setembro, o Cineclube Natal conjuntamente com a Zoon Fotografia, estará realizando o III Goiamum Audiovisual. O Festival foi idealizado em 2007 por estas instituições (acrescidas, naquele ano, da ABDeC/RN e ITEC) para ser um incentivador da área audiovisual (cinema, vídeo, tv etc) local, através de oficinas formativas, atividades de debates e é claro, mostras de filmes.

Os detalhes da edição 2009 do Goiamum Audiovisual você confere no próprio site do evento:

www.goiamumaudiovisual.org.br

OBS: devido a esta programação especial, as sessões regulares do Cineclube Natal estão sujeitas a alterações.

26.8.09

Cineclube Natal - 168ª sessão: O Balão Branco



Venha conferir o premiado "O Balão Branco" na Assembléia Legislativa


Nesta quinta-feira, dia 27 de agosto, o Cineclube Natal retoma sua cativa parceria com a Assembléia Legislativa e exibe O Balão Branco (Adkonake Sefid, 1995) do diretor Jafar Panahio, o terceiro e último filme do ciclo Flores do Irã, dedicado à cinematografia deste complexo país. A sessão começa às usuais 18:00 horas e a entrada é franca - com direito a pipoca durante a exibição. A censura é livre.


A menina Razieh (Aida Mohammadkhani) quer um novo peixinho dourado como presente de Ano Novo, especificamente um que viu numa loja e que julga ser muito mais bonito que os que tem em seu quintal, num tanque artificial. Com muito esforço convence sua mãe a lhe dar o dinheiro, mas chegar até a loja onde o peixinho está à venda será outra aventura, uma grande experiência de liberdade e responsabilidade, que se tornará mais desafiadora devido a vários obstáculos - os adultos ou parecem querer se aproveitar de sua ingenuidade ou não lhe dão a menor bola. O Balão Branco traz a imagem de uma criança que não desiste de seu propósito, apesar de todas as dificuldades que encontra em seu caminho. Sem aceitar os "nãos" dos adultos, ela segue persistente, mesmo quando ignorada, rejeitada e até ludibriada, e supera suas adversidades, fazendo da fragilidade a sua força incansável.

Acompanhar essa pequena garota é uma experiência e tanto, pois acabamos por testemunhar uma sociedade insensível aos anseios infantis neste drama urbano contemporâneo, onde conhecemos os preconceitos da comunidade tradicional iraniana, que não poupa nem as crianças do sexo feminino, muito menos as mulheres. Só têm deveres e nenhum direito, ainda que sejam esposas e mães devotadas.

Este é o bem-sucedido primeiro longa-metragem de Jafar Pinahi, discípulo do grande diretor Abbas Kiarostami, que se tornou o primeiro cineasta iraniano a vencer o Leão de Ouro no Festival de Veneza, com um filme posterior, o belo "O Círculo". O Balão Branco, por sua vez, consiste num filme simples, sensível e divertido, com especial destaque para a direção segura de Pinahi, bem como belo roteiro e interpretação convincente da pequena protagonista. Este é um daqueles filmes em que o silêncio fala, grita, expressa o sofrimento profundo e solitário de um povo - mas também nos brinda com suas mais honestas alegrias. Não deixem de conferir.

Assista aqui a sequência de abertura (com legendas em espanhol) de O Balão Branco:


Sessão Cine Assembléia
Quinta-feira, 27 de agosto
18 horas
Assembléia Legislativa
Praça 7 de Setembro, s/n, Cidade Alta
Fone: 3232-5761
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "O BALÃO BRANCO"]
Título original: Badkonake Sefid
País: Irã
Ano: 1995
Duração: 85 minutos
Cor: colorido
Idioma: persa
Gênero: drama
Estúdio: Ferdos Films
Roteiro: Abbas Kiarostami, Jafar Panahi, Parviz Shahbazi
Direção: Jafar Panahi
Produção: Kurosh Mazkouri, Foad Nour
Fotografia: Farzad Jadat
Edição: Jafar Panahi
Desenho de Produção: Jafar Panahi
Elenco: Aida Mohammadkhani, Mohsen Kafili, Fereshteh Sadre Orafaiy, Anna Borkowska, Mohammad Shahani, Mohammed Bakhtiar, Aliasghar Smadi, Hamidreza Tahery, Asghar Barzegar, Hasan Neamatolahi, Bosnali Bahary, Mohammadreza Baryar, Shaker Hayely, Homayoon Rokani, Mohammad Farakani


Principais premiações: Prêmio Câmera de Ouro no Festival de Cannes, Prêmio do Júri Internacinal na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Melhor Filme Estrangeiro pelo Círculo de Críticos de Nova Iorque, Gold Award no Festival Internacional de Cinema de Tóquio.

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18.8.09

Cineclube Natal - 167ª sessão: Minha Estação Preferida


Uma pausa para o cinema francês, no Cinephilie

Nesta quinta-feira, 20 de agosto, o Cineclube Natal dá uma pausa no ciclo de filmes iranianos para retomar sua parceria com a Aliança Francesa e exibe, dentro do projeto Cinéphilie, o pungente A Minha Estação Preferida (André Techiné, 1993). A sessão começa às 18:30 horas e a entrada é franca. A classificação indicativa é 16 anos.


Este é um belo dama do diretor André Techiné sobre uma família disfuncional do interior da França. No centro dela, a matriarca Berthe (Marthe Villalonga) e seus filhos Antoine (Daniel Auteil) e Emilie (Catherine Deneuve). O filme acompanha uma reunião dos irmãos, que vêem sua atribulada história ganhar força - e sentido - no momento em que sua mãe começa a perder a razão e a vida, acontecimento que leva-os a se confrontar com seus destinos e com o que fizeram de suas vidas - especialmente Emilie, infeliz no matrimônio.

André Téchiné arquiteta uma história intensa e dolorosa sobre essa complexa dinâmica familiar. O abismo existente entre a mãe e os filhos evoca temas como a modernidade das relações familiares e as diferenças entre classes sociais na França. Não estamos falando, aqui, de problemas corriqueiros, vez que, tal qual o filme viscontiano "As Vagas Estrelas da Ursa", Techiné ousa abordar temas sexuais latentes como o sentimento incestuoso mal resolvido dos irmãos, ambos em plena crise de meia-idade - de maneira sutil e contida, vale frisar. Numa escala menor, o diretor francês, dentro do microcosmo familiar, pinta um interessante retrato da visão do homem sobre a mulher - e a luta pelo poder entre eles existente, especialmente em termos sexuais.

Catherine Deneuve está genial como Emilie, um mulher fria e alienada do mundo, mas também extremamente vulnerável quando caídas suas mácaras sociais - papel recorrente na vasta cinematografia da atriz francesa. Daniel Auteil igualmente nos brinda com uma excelente atuação na pele do meticuloso Antoine. O diálogo é brilhante, porém lento, gradativamente nos revelando a maneira como Emile e Antoine se enxergam. É curioso acompanhar Antoine, um neurocirurgião, dissecar logicamente sua relação com a irmã, fazendo uma clara ligação com seu assunto favorito: o cérebro.

Enfim, um grande elenco, uma competente direção e um roteiro interessante fazem de Minha Estação Preferida uma ótima pedida para os amantes da cinematografia francesa. Para aqueles que conferiram outro belo filme do diretor exibido no Cineclube Natal este ano, As Rosas Selvagens, com certeza reconhecerão o inconfundível estilo humanista do francês e não irão se decepcionar.

Assista aqui à sequência de abertura e às cenas iniciais (legendadas em inglês) de Minha Estação Preferida:


Sessão Cinéphilie
Quinta-feira, 20 de agosto
18:30 horas
Aliança Francesa
R. Potengi, 459, Petrópolis
Fone: 3222-1558
Entrada gratuita
Classificação indicativa: 16 anos


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[FICHA TÉCNICA: "MINHA ESTAÇÃO PREFERIDA"]
Título original: Ma Saison Préférée
País: França
Ano: 1993
Duração: 127 minutos
Cor: colorido
Idioma: francês
Gênero: drama
Estúdio: D.A. Films, Les Films Alain Sarde, TF1 Films Production
Roteiro: Pascal Bonitzer, André Techiné
Direção: André Techiné
Produção: Alain Sarde
Fotografia: Thierry Arbogast
Música: Philippe Sarde
Figurino: Claire Fraisse
Edição: Martine Giordano
Desenho de Produção: Carlos conti
Elenco: Catherine Deneuve, Daniel Auteuil, Marthe Villalonga, Jean-Pierre Bouvier, Chiara Mastroianni, Carmen Chaplin, Anthony Prada, Michèle Moretti, Jacques Nolot, Bruno Todeschini, Jean Bousquet, Roschdy Zem, Ingrid Caven

Principais premiações: Melhor Filme Estrangeiro pela Sociedade de Críticos de Cinema de Boston; Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes, indicado ao César de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Atriz Revelação, indicado ao Melhor Filme no Festival de Gramado.


8805 - 4666 / 9406 – 8177 / 9404 – 8765


13.8.09

Cineclube Natal - 166ª sessão: Tempo de Embebedar Cavalos


Um dos mais tocantes filmes iranianos na tela do TCP

Neste domingo, 16 de agosto, o Cineclube Natal em sua usual parceria com o Teatro de Cultura Popular, exibirá o comovente Tempo de Embebedar Cavalos (Zamani Barayé Masti Asbha, 2000), dentro do ciclo temático Flores do Irã, dedicado às produções iranianas. A sessão começará às 17:00 horas e a entrada custa módicos R$ 2,00 (dois reais). A classificação etária é 16 anos.



Numa remota vila curda, localizada na fronteira entre o Iraque e o Irã, vivem cinco crianças órfãs de mãe, responsabilizadas pela perda da mula de um contrabandista. Ayoub (Ayoub Ahmadi) e sua jovem irmã Amaneh (Amaneh Ekhtiar-dini) trabalham em um bazar, a fim de juntarem dinheiro para pagar a mula perdida, ao mesmo tempo que precisam cuidar de Madi, o irmão caçula, que sofre de uma grave doença. Quando o pai deles morre, Ayoub precisa cuidar da família, apesar de sua tenra idade, passando a ajudar os contrabandistas, carregando pesadas cargas pelas montanhas até o Iraque e enfrentando a constante ameaça das minas e emboscadas. Mas quando a saúde de Madi piora, a única solução é uma operação no Iraque, a qual Ayoub não tem condições de pagar. Entretanto, uma possível solução surge quando a irmã mais velha das crianças, Rojin (Rojin Younessi) consegue um casamento arranjado no Iraque, com seu futuro marido se comprometendo a pagar a operação de seu irmão. Mas será que o destino será piedoso como essas crianças?

Sem enfeites ou soluções mágicas para os conflitos do filme, este é um relato realista - ao extremo, diga-se. O diretor nos mostra o esforço de crianças órfãs para conseguirem algum dinheiro, em meio às duras condições sob as quais vivem, sem qualquer tipo de assistência - ou mesmo piedade - dos adultos que as cercam. Uma estória deprimente e densa, cruel até, mas que retrata as condições sub-humanas que crianças e animais passam em certos países - mas como se pode falar em direitos dos animais em lugares em que nem seres humanos são levados em consideração? Apesar do tom pessimista, o filme é poético e transparece lindamente na relação afetiva entre os irmãos, trazendo ao espectador algum conforto dentro do seu lirismo. Especial destaque vai para a fotografia, que retrata muito bem a paisagem do noroeste iraniano.

Ganhador do prêmio Camera D'Or no Festival de Cannes 2000, foi dirigido por Bahman Ghobadi, o mesmo de "Tartaruas Podem Voar". E para os curiosos, não se precupem: o título é explicado no filme.

Assista aqui ao trailer (com legendas em inglês) de Tempo de Embebedar Cavalos:


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 16 de agosto
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular "Chico Daniel"
Rua Jundiaí, 641, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 2,00
Classificação indicativa: 16 anos


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[FICHA TÉCNICA: "TEMPO DE EMBEBEDAR CAVALOS"]
Título original: Zamani barayé masti asbha
País: Irã
Ano: 2000
Duração: 85 minutos
Cor: colorido
Idioma: persa, língua curda
Gênero: drama
Estúdio: Bahman Ghobadi Films, Farabi Cinema Foundation, MK2 Productions
Roteiro: Bahman Ghobadi
Direção: Bahman Ghobadi
Produção: Bahman Ghobadi
Fotografia: Saed Nikzat
Música: Hossein Alizadeh
Direção de Arte: Bahman Ghobadi
Edição: Samad Tavazoee
Elenco: Ayoub Ahmadi, Rojin Younessi, Amaneh Ekhtiar-dini, Madi Ekhtiar-dini, Kolsolum Ekhtiar-dini, Karim Ekhtiar-dini, Rahman Salehi, Osman Karimi, Nezhad Ekhtiar-dini

Principais premiações: Câmera de Ouro e Prêmio da Imprensa Internacional no Festival de Cannes, Prêmio do Júri Internacional na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Hugo de Prata no Festival Internacional de Cinema de Chicago; Indicado a Melhor Filme Estrangeiro no Independent Spirit Awards

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5.8.09

Cineclube Natal - 165ª sessão: O Jarro


De grande importância para o cinema mundial, a filmografia iraniana aporta nas telas do Cineclube Natal nesta sexta

Nesta sexta-feira, dia 07 de agosto de 2009, o Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Salão Café, dará o pontapé inicial no ciclo de fimes batizado Flores do Irã, com o premiado O Jarro, de Ebrahim Forouzesh. A sessão começa às 20:00 horas e custa R$ 2,00 (dois reais). A censura é livre.


Em meio ao deserto iraniano, numa escola, o único jarro que serve de recipiente para os alunos beberem água racha. Os estudantes, então, passam sede, pois têm de fazer uma longa caminhada até o rio mais próximo. O jarro trincado cria um conflito ideológico mesmo na pobreza latente em meio ao clima árido, vez que o pai de um aluno é capaz de consertar o jarro, mas se recusa, alegando que, se deixar de trabalhar para ir à escola consertar o jarro, não conseguirá levar comida para sua família no fim do dia.

Curiosamente, o personagem principal é mesmo um jarro. Sua rachadura que não lhe permite mais reter água, o precioso líquido em terras desérticas, consiste no argumento do filme, jorrando toda a complexidade do filme de Ebrahim Forouzesh. Num lugar onde a água é o maior bem que existe, a dependência da escola e suas crianças para matar a sede é narrada de maneira despojada, mas da aparente simplicidade dessa estória surge o sublime, o cativante, o revelador, o instigante, enfim, o humano. O processo de conserto da rachadura que surje no precioso jarro - e todos seus conflitos - vai nos revelar a força da maior de todas as religiões do Irã: o seu belo cinema.

Premiado com o Leopardo de Ouro do Festival de Cinema de Locarno (Suíça), em 1994, e com o prêmio do júri da 18ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, O Jarro é, por seu tema e forma, o mais bressoniano dos filmes aqui chegados do Irã. A luz forte do deserto, a miserabilidade das condições de vida das famílias a que pertencem as crianças da escola e a sutileza com que os sentimentos são expostos conduzem ao ascetismo do cinema de Robert Bresson, realizador francês conhecido como "o cineasta da alma". Sem pieguice e com a dureza que o tema exige, Foruzesh faz de O Jarro uma aula de cinema.

Vale destacar que o filme foi realizado com atores não profissionais numa aldeia do escaldante deserto iraniano. Todos os intérpretes mal conheciam o cinema até então. Conforme relato pessoal do próprio cineasta, o seu filme não teria ultrapassado a soma de US$ 100,000, juntando-se todas as despesas nas filmagens. O diretor Ebrahim Foruzaesh foi o fundador do movimento Cinema Livre Iraniano em 1968. Nascido em Teerã e formado pela Escola de Arte Dramática de Teerã, também foi diretor do Centro de Cinema do Instituto Para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens, por 18 anos, produzindo mais de 80 filmes neste período. Os cinéfilos natalenses estão convidados para esta importante e única sessão.

Assista aqui a uma cena (com legendas em inglês) de O Jarro:


Sessão Cine Café
Sexta, 07 de agosto
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação Indicativa: 12 anos


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[FICHA TÉCNICA: "O JARRO"]
Título original: Khomreh
País: Irã
Ano: 1992
Duração: 86 minutos
Cor: colorido
Idioma: persa
Gênero: drama
Estúdio: Instituto Para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens
Roteiro: Ebrahim Forouzesh, Houshang Moradi Kermani
Direção: Ebrahim Forouzesh
Produção: Ali Reza Zarrin
Fotografia: Iraj Safavi
Música: Mohammad Reza Aligholi
Som: Hassan Zahedi
Edição: Changiz Sayad
Elenco: Behzad Khodaveisi, Fatemeh Azrah, Abbas Khavaninzadeh, Hassein Balai, Alireza Haji-Ghasemi, Sakineh Mehrizi, Ramazan Moila-Abbasi, A.R. Vaziri

Principais premiações: Leopardo de Ouro no Festival de Locarno (Suiça); Prêmio do Júri Internacional na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo