8.12.09

Cineclube Natal - 183ª sessão: Carmen Jones


Cine Vanguarda encerra a programação 2009 com Carmen Jones

Neste domingo, dia 13 de dezembro, o Cineclube Natal em parceria com o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel apresentará, em sua última sessão do ano, o clássico americano Carmen Jones, de Otto Preminger, encerrando o ciclo dedicado aos musicais. A sessão tem início às usuais 17:00 horas e a taxa de manutenção custa R$ 2,00 (dois reais). A classificação indicativa é livre.


Carmen Jones (1954) é uma das grandes subversões de Otto Preminger: uma atualização da famosa ópera de Georges Bizet que inclui apenas actores afro-americanos no elenco. O filme tem o nome da sua protagonista, portentosamente interpretada por Dorothy Dandridge.

Poderoso, e precoce, símbolo da emancipação feminina, o filme é protagonizado por Carmen, uma "femme fatale" temperamental que odeia compromissos e que vê no ideal dominante de família um inaceitável regime prisional. Joe (Harry Belafonte), o miliar que se apaixona por ela, demora a perceber que Carmen não é mesmo uma mulher como as outras: gosta de passear solta, sem freios, pelas ruas de Chicago e não gosta de dançar sempre com o mesmo homem ou de viver eternamente no mesmo lugar.

Carmen não é só a mulher que dá nome a este robusto musical de Otto Preminger; ela é, de fato, o filme. Ver
Carmen Jones é passar pela experiência de ser Carmen. A câmera de Preminger é perfeita para tal; sempre em movimento, quase "aquática" (palavra aqui roubada de Godard), passa de ambientação em ambientação com uma suavidade e "sentido de liberdade" notáveis. Não se acanha perante as sumtuosas pernas de Dandridge, os seus olhares provocadores e os seus modos, para a época, no limiar da lascívia.

A entrada em cena de Carmen diz tudo: a partir daí, o espectador como o pobre Joe já não poderão ficar indiferentes à sua presença. Imediatamente, embarcamos numa grande aventura amorosa construída em arco: traição, amor e morte. A música, sempre trágica, atravessa a narrativa como uma flecha.


Monumental o plano que enquadra o presidiário Joe, de tronco nu, a cantar o amor por Carmen; engenhosa a forma como duas, três personagens trocam "diálogos cantados" sem sair do mesmo plano e extraordinariamente sensual a imagem de Carmen provocando o "foragido" Joe com as suas pernas. A mulher manda aqui: os homens rastejam por ela e sonham com o exclusivo do seu amor. Com efeito, um sonho que pode levar à loucura e depois à morte.


A despeito de todos seus méritos, o filme não funcionaria sem a grande performance de Dandridge, que foi a primeira negra a ter uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Cantora e atriz de talento absurdo, teve também uma vida difícil, marcada pela discriminação racial. Era amante de Preminger, homem violento e grosseiro, que sequer assumia publicamente seu romance. Em 1962, declarou-se falida e morreu logo depois de uma overdose de pílulas que pode ou não ter sido acidental - sua vida foi contada no telefilme estrelado por Halle Berry "Dorothy Dandridge, O Brilho de uma Estrela" (1999), que lhe rendeu um Globo de Ouro de melhor atriz.


Por fim, o filme é um libelo da evolução dos direitos raciais nos Estados Unidos, marco da Indústria Cinematografica americana. Todos estão convidados.

Assista aqui ao trailer (em inglês) de Carmen Jones:


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 13 de dezembro
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular "Chico Daniel"
Rua Jundiaí, 641, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 2,00
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "CARMEN JONES"]
Título original: Carmen Jones
País: Estados Unidos
Ano: 1954
Duração: 108 minutos
Cor: colorido
Idioma: inglês
Gênero: musical
Estúdio: Carlyle Productions
Roteiro: Oscar Hammerstein II (livro), Prosper Mérimée, Harry Kleiner
Direção: Otto Preminger
Produção: Otto Preminger
Fotografia: Sam Leavitt
Direção de Arte: Edward L. Ilou, John De Cuir
Figurino: Mary Ann Nyberg
Edição: Louis R. Loeffler
Elenco: Dorothy Dandridge, Harry Belafonte, Olga James, Pearl Bailey, Joe Adams, Nick Stewart, Roy Glenn, Diahann Carroll, Broc Peters, Madame Sul-Te-Wan, Sandy Lewis, Le Vern Hutcherson, Marvin Hayes, Marilynn Horne, Alvin Ailey

Principais premiações: Urso de Bronze no Festival de Berlim; Globo de Ouro de Melhor Filme; Indicado aos Oscar de Melhor Atriz e Melhor Música; Indicado ao BAFTA de Melhor Atriz Estrangeira e Melhor Filme; Indicado a Palma de Ouro, no Festival de Cannes;


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Cineclube Natal - 182ª sessão: As Aventuras de Azur e Asmar


Presente de Natal na última sessão do ano do Cinephilie

Neste sábado, dia 12 de dezembro de 2009, o Cineclube Natal em parceria com a Aliança Francesa preparou uma surpresa especial para o público infantil: a exibição do longa animado As Aventuras de Azur e Asmar, do consagrado animador francês Michel Ocelot. A sessão tem início às 10:00 horas e a entrada é franca. A classificação indicativa é livre.


Michel Ocelot (de "Kiriku e a Feiticeira" e "Príncipes e Princesas"), realizou indubitavelmente uma das melhores animações européias dos últimos tempos, especialmente no que tange à aplicação da computação gráfica. A trama do filme, muito bem desenvolvida na tela, tem toques de O Príncipe do Egito (sem os os vícios cinematográficos deste) e da obra literária O Príncipe e o Mendigo - mas, na verdade, não é o roteiro do filme o seu ingrediente mais importante. As Aventuras de Azur e Asmar é um poema visual (pode-se dizer até que seria um poema sensorial), no qual Ocelot emprega os sons, as imagens, o ritmo e todos os itens que fizeram do cinema o espetáculo que é para um verdadeiro show de beleza, magia e cores.

Quem assistiu ao belíssimo "As Bicicletas de Belleville" teve a oportunidade de perceber o quanto a animação francesa tem evoluído. Agora, Ocelot, especialista no gênero, (e)leva essa evolução a níveis ainda maiores, demonstrando um amadurecimento nítido em sua arte: dispondo-se a empregar todas as técnicas que tem em mãos para a elaboração de seu filme e sua condição de espetáculo, o cineasta revela um admirável domínio para atingir o fim a que se propõe e demonstra, a cada fotograma, o quanto sabe empregar as técnicas da animação seduzir e encantar o espectador.

As Aventuras de Azur e Asmar é um filme curto, mas em seus 99 minutos tudo é tão bem desenvolvido na tela que o espectador não consegue sequer desviar seu olhar durante a projeção, vez que é um espetáculo de beleza e magia, uma experiência sensorial que transcende o imaginário e os limites físicos que roteiro e fotografia possam impor. Se não se dispusesse, também, a contar uma estória - algo coadjuvante na excelência do filme, mas que existe e que acontece de forma muito bem conduzida - o filme poderia, também, ser comparado a "Fantasia" e "Fantasia 2000", dos Estúdios Disney.

A narrativa do filme - de duas crianças, uma rica e outra pobre, uma negra e outra branca, que cresceram juntas convivendo como irmãos - existe, é muito bem narrada, mas As Aventuras de Azur e Asmar foi criado por Ocelot para algo muito maior que contar bem a sua adorável estória de tolerância racial e social: o objetivo maior do filme é libertar-se de amarras, cativar o público e oferecer a este momentos de puro deleite.

Finalizando, um destaque interessante nos créditos do filme: quem dubla a meiga Jenane, mãe de uma das crianças e babá da outra, é a atriz israelense Hiam Abbass, de Jesus - A História do Nascimento, Munich e Paradise Now.

Assista aqui ao trailer (em inglês) de As Aventuras de Azur e Asmar:


Sessão Cinéphilie ESPECIAL: cinema infantil

Sábado, 12 de dezembro
10 horas
Aliança Francesa
R. Potengi, 459, Petrópolis
Fone: 3222-1558
Entrada gratuita
Classificação indicativa: livre


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[FICHA TÉCNICA: "AS AVENTURAS DE AZUR E ASMAR"]
Título original: Azur et Asmar
País: França, Bélgica, Espanha, Itália
Ano: 2006
Duração: 99 minutos
Cor: colorido
Idioma: árabe, francês
Gênero: animação, aventura, família, fantasia
Estúdio: Nord-Ouest Productions, Eurimages, Intuition Films, Lucky Red, Studio O
Roteiro: Michel Ocelot
Direção: Michel Ocelot
Produção: Patrick Juarez, Ian McIntyre, Christophe Rossignon, David Shead, Stéphane Sorlat, Viviana Turchi
Música: Gabriel Yared
Direção de Arte: Daniel Cacouault
Cenário: Anne Lise Lourdelet
Elenco: Cyril Mourali, Karim M'Riba, Hiam Abbass, Patrick Timsit, Fatma Ben Khell, Rayan Mahjoub, Abdelsselem Ben Amar, Thissa d'Avila Bensalah, Olivier Claverie

Principais premiaçõe: Prêmio do Júri Popular Infantil no Festival de Munique; Indicado a Melhor Animação no Goya; Indicado a Melhor Canção no César.


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3.12.09

Cineclube Natal - 181ª sessão: O Show Deve Continuar



Uma alternativa ao Carnatal no Nalva Melo Salão Café


Iniciando o último ciclo temático do ano, "MÚSICA MAESTRO!", dedicado aos musicais, o Cineclube Natal em parceria com o Nalva Melo Salão Café, tem o prazer de apresentar o grande O Show Deve Continuar (All That Jazz, 1979), do coreógrafo e diretor Bob Fosse. A sessão CINE CAFÉ será exibida sexta-feira, 04 de dezembro, às 20:00 horas. A taxa de manutenção custa módicos R$ 2,00 (dois reais) e a classificação indicativa é 16 anos.


Joe Gideon (Roy Scheider) é um diretor de cinema e coreógrafo mulherengo, que trabalha simultaneamente na edição de seu filme e nos ensaios de um musical que acaba por sofrer um enfarte e, com a vida por um fio, revê momentos da sua vida, transformando-os na sua imaginação em números musicais. Sua atenção é disputada por 4 mulheres: a namorada, a ex-esposa, a filha e a Morte, representada por uma bela loira vestida de branco (Jessica Lange), que conversa com ele de forma bem instigante acerca dos rumos de sua existência. Temos, então, um personagem que é um anti-herói por excelência, que sofre de sérios problemas com drogas, álcool e fidelidade, mas nenhuma de suas agruras pessoais irão impedi-lo de montar seu grande show, pois, afinal, este deve sempre continuar - nem que custe sua vida.

Num ano que testemunhou a morte trágica do superastro Michael Jackson, cujo último suspiro artístico foi capturado pelo excelente documentário musical "This Is It" (2009), a discussão sobre a morte - tanto física quanto artística - lançada por este filme é extremamente oportuna, vez que a idéia central de
O Show Deve Continuar consiste na que vivemos no mundo do espetáculo. Tudo é espetáculo. Até a própria morte. E esta idéia continua, anos após a realização do filme, permitindo grande reflexão sobre o assunto. As barreiras entre ficção e realidade, "show" e vida, são cada vez mais diluídas.

Com o roteiro de Robert Alan Arthur e do próprio Fosse, trata-se obviamente de um filme autobiográfico, uma fantasia baseada na vida e na carreira do grande bailarino, coreógrafo e aqui diretor, que lança um olhar crítico para a vida impulsionada pelo entretenimento, em detrimento do lado pessoal. Fosse nos brinda com um filme ousado, enquanto Scheider merece todos os louvores pelo melhor desempenho de sua carreira. Presente nos números de dança do filme está o inconfundível "Estilo Fosse", com movimentos vigorosos e extravagantes, acompanhados de fantásticas imagens milimetricamente imaginadas e ensaiadas pelo coreógrafo/diretor. Ainda vivo, Fosse coreografou a própria morte. Todos estão convidados.

Assista aqui ao trailer e a uma cena (em inglês) de O Show Deve Continuar:




Sessão Cine Café
Sexta, 04 de dezembro
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação Indicativa: 16 anos

[FICHA TÉCNICA: "O SHOW DEVE CONTINUAR"]
Título original: All That Jazz
País: Estados Unidos
Ano: 1979
Duração: 123 minutos
Cor: colorido
Idioma: inglês, espanhol
Gênero: musical, drama, fantasia
Estúdio: Columbia Pictures Corporation, Twentieth Century-Fox Film Corporation
Roteiro: Bob Fosse, Robert Alan Aurthur
Direção: Bob Fosse
Produção: Robert Alan Aurthur, Wolfgang Glattes, Daniel Melnick, Kenneth Utt
Fotografia: Giuseppe Rotunno
Música: Ralph Burns
Cenário: Gary J. Brink, Edward Stewart
Figurino: Albert Wolsky
Edição: Alan Heim
Desenho de Produção: Philip Rosenberg
Elenco: Roy Scheider, Jessica Lange, Leland Palmer, Ann Reinking, Cliff Gorman, Ben Vereen, Erzsebet Foldi, Michael Tolan, Max Wright, William LeMassena, Chris Chase, Deborah Geffner, Kathryn Doby, Anthony Holland, Robert Hitt

Principais premiações: Palma de Ouro no Festival de Canes (Bob Fosse); Oscar de Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Edição e Melhor Canção; BAFTA de Melhor Fotografia e Melhor Edição; Indicado ao Oscar de Mlehor Ator (Roy Scheider), Melhor Fotografia, Melhor Diretor, Melhor Filme e Melhor Roteiro Original; Indicado ao BAFTA de Melhor Ator (Roy Scheider), Melhor Figurino, Melhor Desenho de Produção/Direção de Arte e Melhor Som; Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator (Musical/Comédia).




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