4.6.08

Cineclube Natal - 125ª exibição: A Balada de Narayama



Venha ouvir a Balada de Narayama no Cine Café


Nesta sexta-feira, dia seis de junho, o Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Salão Café apresentará às oito horas da noite, dentro do projeto Cine Café, a produção japonesa "A Balada de Narayama".

O filme se passa no fim do século XIX, em meio à pobreza e miséria que causavam guerras e emigração para terras estrangeiras em algumas regiões do Japão. Numa luta dura pela sobrevivência, instituí-se uma tradição amarga em um vilarejo remoto: ao completar 70 anos de idade, os idosos deveriam subir ao topo da montanha Narayama, uma região sagrada e, como elefantes velhos, deveriam esperar pela hora da própria morte, sozinhos.

Nesse contexto, temos a personagem principal do filme, que acabou de completar "a idade de ir à montanha". Entretanto, a perspectiva da morte lhe parece absolutamente natural, sendo sua maior preocupação, durante o desenrolar do enredo, a de encontrar uma esposa para seu filho mais velho que tome seu lugar como a matriarca da casa, pois, se não for assim, jamais poderá cumprir seu destino de maneira tranqüila. É um filme que trata de tradição, honra e aceitação. Uma reflexão poética e filosófica sobre o destino do homem e as obsessões que o atormentam: o sexo, o envelhecimento e a morte.

Em verdade, o filme é um dos melhores já feitos ao abordar a temática da velhice. A exemplo de clássicos como "Umberto D." e do também japonês "Viver", "A Balada de Narayama" nos apresenta um mundo cruel que não possui espaço para a sabedoria dos mais velhos, estando dominado pela força e energia, onde a fortaleza de espírito não pode ser páreo à decadência física. No entanto, ao contrário dos filmes citados anteriormente, a personagem principal não pode ser considerada uma vítima. Seu destino lhe é conhecido e ela aceita-o totalmente, sem restrições. Morrer se torna uma questão de honra e dignidade, não uma tragédia. Naquela sociedade sem escolha, onde a aliementação é escassa, a sobrevivência da vila depende desse extremo ato de altruísmo e morrer se torna o ponto alto de uma existência sofrida.

Um dos momentos mais belos do filme (mas sem ênfase melodramática) é a cena que o filho carrega a mãe nas costas até Narayama. É o encontro entre o velho e o novo, a profunda compreensão do laço que liga gerações. A partir destes elementos de extrema beleza humana, o mestre Shohei Imamura criou uma obra-prima de valor universal e foi laureada, por unanimidade, com a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1983.Certamente um dos grandes filmes da década de 80, com os grandes desempenhos de Ken Ogata e Sumiko Sakamoto (que chegou a extrair os dentes frontais para poder caracterizar a velha). Imperdível.

Assista aqui ao trailer (japonês) de "A Balada de Narayama":


Cine Café
Sexta-feira, 06 de junho
20h
Nalva Melo Café Salão
(Rua Duque de Caxias, 110, Ribeira)
Informações: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação indicativa: 14


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[FICHA TÉCNICA: "A BALADA DE NARAYAMA"]
Título original: Narayama Bushi-Ko
País de produção: Japão
Ano de produção: 1983
Duração / cor: 128 minutos / colorido
Distribuição: Cinemagia
Direção: Shohei Imamura
Roteiro: Shichirô Fukazawa, Shohei Imamura
Produção: Goro Kusakabe, Jiro Tomoda
Música: Shinichirô Ikebe
Fotografia: Masao Tochizawa
Edição: Hajime Okayasu
Desenho de Produção: Nobutaka Yoshino
Direção de Arte: Tadataka Yoshino
Figurino: Kyoto Isho
Maquiagem: Seiko Igawa
Elenco: Sumiko Sakamoto, Ken Ogata, Seiji Kurasaki, Mitsuko Baisho, Nijiko Kiyokawa, Kaoru Shimamori, Fujio Tsuneda






Um comentário:

Capitão-Mor disse...

Excelente escolha!