5.3.09

Cineclube Natal - 148ª exibição: Contos da Lua Vaga


O retorno do Cineclube Natal em grande estilo

Nesta sexta-feira, dia 06 de março de 2009, o Cineclube Natal, retomando sua cativa parceria com o Nalva Melo Salão Café, apresentará, às 20:00 horas, o filme japonês Contos da Lua Vaga ("Ugetsu Monogatari", 1953), do diretor Kenji Mizoguchi. A entrada custa R$ 2,00 (dois reais) e a classificação etária é de 14 anos.

O filme Contos da Lua Vaga, obra-prima do diretor japonês Kenji Mizoguchi (1898-1956), talvez seja o mais famoso de sua curta carreira (apenas dez anos), que lhe rendeu a fama de "cineasta das mulheres", em decorrência de sua paixão em retratar o sofrimento e espírito de sacrifício femininos. O nascedouro dessa predileção se dá na infância do diretor japonês, quando o seu pai se envolveu em negociações infelizes, que resultaram na dilapidação da fortuna familiar, levando a irmã a ser vendida como gueixa - fato retratado melancolicamente em outro filme de Kenji Mizoguchi, o belo "Oharu, a vida de uma cortesã".

Mizoguchi, um cineasta formado a partir desses traumas, conta a história de Contos da Lua Vaga a partir de dois homens, mas eles são apenas o veículo para versar sobre os sacrifícios e a sabedoria feminina. Dois irmãos oleiros, durante o Japão Feudal do século 16, fogem com suas esposas da guerra civil e acabam separando-se delas. Um sonha em ser samurai, e larga tudo, inclusive a mulher que ama, para provar a ela - e a si próprio - que seu sonho não é apenas uma bobagem. O outro almeja tornar-se rico com seu trabalho para dar o melhor para a esposa, que no entanto quer apenas ter ele ao seu lado.

Mizoguchi, em seu mais famoso filme, usa uma narrativa fragmentada, partindo de indivíduos para atingir a um coletivo. Nesse aspecto, Contos da Lua Vaga, considerada sua obra-prima, não tem a força dos filmes de Akira Kurosawa, nem o profundo mergulho na alma dos personagens de Yasujiro Ozu, mas tem uma aura própria: é arte em estado puro a serviço da reconstrução de uma história escrita em tábuas de madeira no Japão Feudal de 1776 ( por Ueda Akinari ), e versa sobre os temais mais caros ao diretor: o universo feminino e os sacrifícios que elas passam, normalmente, caladas.

O diretor trata com extremo cuidado essa fábula, tratando justamente da ambição sem consciência que leva à ruína e tragédia. Não aos homens que buscam miragens, mas sim às suas sensatas e amorosas esposas. Tudo é narrado com poesia e grande beleza visual em uma cuidadosa reconstituição de época, com muitos planos gerais em belos enquadramentos e movimentos de câmera delicados e discretos e mais um toque de sobrenatural, com a predileção que os japoneses têm por fantasmas e espíritos que voltam do além - mas não convém aqui estragar a maior surpresa do filme.

O cinema de Mizoguchi tem sua força própria no cuidado formal com que pinta cada "frame" como um quadro. Também prima por buscar soluções atípicas quando o cinema oriental, então, considerava os filmes uma retratação da realidade, e por buscar soluções para a história que surpreendem o público não só pelo insólito – e estranhamente poético – mas também por romper com a idéia do destino comumente dado à mulheres de bem, mães dedicadas e dispostas a tudo pela família. Mistura vários gêneros construindo um misto de sentimentos que marca de forma diferente cada espectador.

Enfim, um grande clássico do cinema japonês, ganhador do Leão de Prata em Veneza - e que, curiosamente, concorreu ao Oscar de melhor figurino. A cena mais lembrada do filme é a do lago, que sintetiza seu clima misterioso - lembrando que as filmagens se passaram em estúdio. Conta com a participação da grande atriz japonesa Machiko Kyo (a mesma de "Rashomon", de Kurosawa), grande dama do cinema nipônico.

Assista aqui a algumas cenas (quadro-a-quadro) de Contos da Lua Vaga:


Sessão Cine Café
Sexta, 06 de março
20 horas
Nalva Melo Café Salão
Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira
Fone: 3212-1655
R$ 2.00
Classificação indicativa: 14 anos


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