12.6.09

Cineclube Natal - 160ª sessão: Amarcord


O Cineclube Natal completa 160 sessões
exibindo Amarcord, de Fellini

Neste domingo, dia 14 de junho de 2009, o Cineclube Natal em parceria com o Teatro de Cultura Popular apreentará o clássico Amarcord (1973), de Federico Fellini. A sessão tem início às 17:00 horas e a entrada custa módicos R$ 2,00 (dois reais). A classificação indicativa é 16 anos.


Em suma, o filme trata-se de uma divertida e saudosa análise dos anos 30 pelos olhos de uma criança, claramente um alter-ego do diretor. Através da percepção de mundo de Titta (Bruno Zanin), um garoto impressionável, Fellini disseca a vida familiar, religião, educação e política da Itália dos anos 30, quando o fascismo era a ordem dominante. Amarcord não tem uma história linear, com começo, meio e fim. Mais do que isso: além de fragmentada, a narrativa nem sempre é realista, pois está baseada em lembranças esparsas, imaginações, sonhos. Em contrapartida, o filme possui uma coleção completa de signos cinematográficos da mais alta qualidade. Tem um roteiro que "amarra" a trajetória de Titta com total segurança, criando nexos entre as cenas e dando a cada novo personagem uma significação única e sempre forte. A mulher mais desejada da cidade ("La Gradisca"), o vendedor ambulante, o acordeonista cego, a imensa charuteira, a freira anã, todos eles, mesmo com pouco tempo na tela, estão vivos, palpitantes, verdadeiros. Os roteiristas Tonino Guerra e Fellini sabiam que simplesmente "listar" lembranças não seria suficiente: era preciso criar um encadeamento lógico, em que a passagem do transatlântico funciona como um clímax, o ponto alto das vidas dos habitantes da pequena vila costeira.

À primeira vista nos parece um filme simples, quase singelo, mas, na verdade, é um concerto sinfônico, em que cada um dos instrumentos cumpre modestamente seu papel. É a soma de todos esses timbres que fornece a essência mágica do produto final. Finalmente, não dá pra esquecer que Amarcord, ao mesmo tempo que trata-se de um filme intimista, sobre um garoto que descobre a si mesmo, também é um filme político, sobre a Itália fascista, sobre a alienação de um povo, sobre a preguiça latina, sobre a acomodação dos seres humanos a regras estúpidas, formuladas por seres humanos igualmente estúpidos, mas muito poderosos, capazes de criar os eficientes signos fascistas e gerar líderes monstruosos como Mussolini.

Amarcord também possui uma das mais belas trilhas sonoras da história do cinema, criada pelo também genial Nino Rota. Todas as músicas, além de apoiarem a imagem com total eficiência, funcionam independente do filme. E isso é muito raro, quase inexistente. Amarcord também tem fotografia inspirada, montagem sensível, direção de arte irrepreensível.

Por fim, a palavra que dá nome ao filme, em realidade, o explica melhor do que qualquer descrição; significa "eu me recordo", em um dialeto falado numa região do país mediterrâneo chamada Romagna. Amarcord é, portanto, a coroação das lembranças mais queridas de Federico Fellini. Na época do lançamento do filme, em 1973, o mestre italiano já era considerado um gênio, e a maior parte dos críticos acreditava que sua melhor fase havia passado. Fellini já estava, há algum tempo, desinteressado por cinema de narrativa tradicional. Somente uma coisa lhe interessava: quebrar regras. Daí o desprezo que a maior parte dos filmes que fez, de "A Doce Vida" em diante, pelas histórias tradicionais, com começo, meio e fim. Amarcord é, talvez, o ponto culminante dessa trajetória.

Assista aqui ao trailer (americano) de Amarcord:


Sessão Cine Vanguarda
Domingo, 14 de junho
17 horas
TCP - Teatro de Cultura Popular "Chico Daniel"
Rua Jundiaí, 641, Tirol
Fone: 3232-5307
R$ 2,00
Classificação indicativa: 16 anos


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[FICHA TÉCNICA: "AMARCORD"]
Título original: Amarcord
País: Itália / França
Ano: 1973
Duração: 123 minutos
Cor: colorido
Idioma: italiano, grego
Gênero: comédia, drama
Estúdio: F.c. Produzioni, PECF
Roteiro: Federico Fellini, Tonino Guerra
Direção: Federico Fellini
Produção: Franco Cristaldi
Fotografia: Giuseppe Rotunno
Música: Nino Rota
Direção de Arte: Giorgio Giovanni
Figurino: Danilo Donati
Edição: Ruggero Mastroianni
Desenho de Produção: Danilo Donati
Elenco: Pupella Maggio, Mauro Misul, Bruno Zanin, Maria Antonietta Beluzzi, Josiane Tanzilli, Luigi Rossi, Nando Orfei, Ciccio Ingrassa, Armando Brancia, Magali Noël, Ferdinando Villella

Principais premiações: Prêmios de Melhor Filme e Melhor Diretor pelo Círculo de Críticos de Cinema de Nova Iorque; indicado ao Oscar de Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original e ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro

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