27.4.09

Cineclube Natal - CARTA ABERTA - 27 de abril de 2009





CARTA ABERTA


A partir da matéria divulgada no jornal O Mossoroense, em 23 de abril de 2009, intitulada “CINEMA DE MOSSORÓ CONTINUA SEM DATA PARA INAUGURAÇÃO”, a qual contém a retranca “CINECLUBE MOSSORÓ SE OPÕE À ABERTURA DE UM CINEMA NA CIDADE”, o Cineclube Natal vem a público para manifestar-se em relação a este posicionamento do Cineclube Mossoró, o qual julgamos equivocado.

A partir de entrevista com um dos diretores do cineclube em questão se relata que “a implantação de um cinema na cidade não seria algo culturalmente bom para a população”. Posição essa que vai de encontro à premissa cineclubista de ampliar o acesso à arte cinematográfica, seja qual for a natureza do filme – comercial ou alternativo – e seja qual for o espaço de exibição, num cineclube ou numa sala do circuito empresarial.

Por essência, um cineclube deve batalhar e dialogar pelo aumento qualitativo da programação nas exibições de sua região. Não é necessário rejeitar a chegada de novas telas, mas sim ter esperanças de – e colaborar para – que o conteúdo seja o melhor possível. Como exemplo otimista repassamos o caso natalense, no qual o público foi, finalmente, agraciado com duas sessões de arte no circuito comercial, exibindo relevantes obras do cinema mundial. Ressaltamos ainda que, enquanto cineclube, construímos um canal direto e de bom relacionamento com a organização de ambas as sessões, para o intercâmbio de idéias.

Por fim, temos certeza de que nossos colegas mossoroenses estão refletindo e irão reavaliar este posicionamento, pois uma concorrência, mesmo que comercial, nos desafia a aprimorar o produto cultural que oferecemos ao nosso público, agora ainda mais exigente. E lembramos que o Cineclube Natal se dispõe a caminhar junto ao Cineclube Mossoró para que, além de um ótimo cineclube, a Capital do Oeste volte a ter um, esperamos que também ótimo, cinema.

Cineclube Natal
27 de abril de 2009


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Anexo 01 – 23 de abril de 2009 / O Mossoroense

Em http://www2.uol.com.br/omossoroense/230409/conteudo/cotidiano.htm

Cinema de Mossoró continua sem data para inauguração

A instalação de um cinema em Mossoró continua existindo apenas no sonho das pessoas que querem ter a oportunidade de assistir a filmes recém-lançados, que são sucesso de bilheteria em diversas salas de exibição de filmes em todo o País.

Há dois anos, foi inaugurado um grande shopping em Mossoró e junto com ele boatos de que cinco salas de cinema estariam reservadas em suas dependências. Mas, o que se vê até agora é que nenhuma apareceu.

Com isso, um antigo cinema que funcionava na cidade fechou suas portas e a população ficou sem o principal lazer.

Quando procurada, a assessoria do shopping não se pronunciou sobre o assunto.

Assim, com a ausência das salas de cinema, muitos estão recorrendo à pirataria, meio que possibilita a compra de um filme, que ainda está em exibição em outras cidades, pelo preço de uma entrada de estudante para o cinema onde está sendo exibido.

"Comprar o filme pirata é bom, além de não termos cinema aqui, nós temos a chance de assistir a filmes que ainda nem foram lançados oficialmente pagando menos do que uma entrada no cinema", explica um estudante que não quis se identificar.

Atualmente, uma outra alternativa usada por aqueles que não têm acesso ao cinema é baixar filmes via internet. Muitos sites estão disponibilizando diversos filmes (legal ou ilegalmente) para qualquer um que se interesse em assisti-los, sem ser necessário nenhum pagamento.

Enquanto isso, a população e algumas locadoras lamentam a ausência deste empreendimento na cidade. "Um cinema ajudaria a criar nas pessoas o hábito de assistir filmes, aumentando a procura pelo aluguel de películas que já não estão em exibição, mas que foram sucesso", diz o empresário Fábio Queiroz, responsável por uma rede de locadoras da cidade.

Cine Clube Mossoró se opõe à abertura de um cinema na cidade

Contrapondo-se a diversas linhas de pensamento, o Cine Clube Mossoró não se mostra favorável à construção de um cinema na cidade.

Movimento cultural que tem como objetivo exibir, debater e desenvolver uma crítica acerca do cinema, o clube promove semanalmente a exibição gratuita daqueles que são considerados como bons filmes.

"Bom filme é aquele que tem como peças chaves, para sua criação, um bom roteiro e uma temática importante para a sociedade", explica o geógrafo Gomes Neto, diretor do Cine Clube de Mossoró.

Portanto, ele defende que a implantação de um cinema na cidade não seria algo culturalmente bom para a população. "Um cinema aqui seria apenas um espelho dos outros cinemas brasileiros, sem a exibição de filmes com temas relevantes para a sociedade".

Ainda de acordo com o diretor, o cinema não teria como base principal a formação cultural que os filmes exibidos ofereceriam para os seus espectadores. E iriam visar apenas o lado econômico, dando maior ênfase aqueles que gerassem maiores lucros à empresa. Assim, deixando de lado os filmes de qualidade, que poderiam contribuir para a comunidade com ensinamentos sobre um determinado tema.


Anexo 02 – 11 de janeiro de 2008 / O Mossoroense

Em http://www2.uol.com.br/omossoroense/110108/conteudo/cotidiano.htm

Mossoró perde seu único cinema

ADRIANA MORAIS
adriana.morais20@hotmail.com

O único cinema de Mossoró fechou as portas. O Cine Pax, que no dia 26 deste mês completaria 65 anos, definitivamente dará lugar a mais uma Loja do Papai. Desse modo, os cinéfilos vão ficar sem a maravilha da sétima arte na cidade de Mossoró.

O proprietário do Cine Pax, Luiz Pinto, afirma que o Corpo de Bombeiros fez uma série de exigência que o cinema teria que cumprir para que o estabelecimento continuasse a funcionar, como a implantação de um sistema de pára-raios, portas com destravamentos, iluminação de emergência, disposição de extintores, distanciamento de cadeiras laterais e uma escada de emergência de dois metros de altura.

Muitas dessas reivindicações foram atendidas. No entanto, quanto à questão das escadas, não foi possível fazer as modificações exigidas. "Não tínhamos como modificar um projeto de 65 anos, projetado pelo maior engenheiro do mundo", afirma Luiz Pinto.

Aliado a isso a concorrência desleal da pirataria e violência afastaram o público das salas do cinema mossoroense. Os conjuntos desses fatores levaram o cinema de Mossoró ao fim inevitável. "Até o momento, conseguimos manter o estabelecimento com muita dificuldade, mas infelizmente não teve como evitar o fechamento. Nós não queríamos que a cidade ficasse sem cinema, mas infelizmente não podemos fazer nada", lamenta Luiz Pinto.

Com o fechamento do Cine Pax e sem a instalação das salas de cinema do Mossoró West Shopping, que de acordo com o departamento de marketing não tem uma data definida para a inauguração, o único meio de se assistir a filmes na telona é no Cine Clube da cidade, que realiza as exibições quinzenalmente.

De acordo com o diretor do Cine Clube da cidade, Giovanni Fernandes, é lamentável que o único cinema da cidade feche suas portas. "É uma perda para a cultura local", diz.

Segundo ele, durante este mês de janeiro os mossoroense irão ficar sem o contato com a telona, uma vez que as sessões do Cine Clube em Mossoró estão em recesso, voltando à exibição de filmes somente depois do Carnaval.

Segundo Luiz Pinto, o cinema na cidade irá fazer falta, mas o que resta é esperar que em breve o Mossoró West Shopping abra as suas salas de cinema e possa oferecer diversão e cultura para a população mossoroense.

Conheça um pouco da história do Cine Pax

O cinema de Mossoró foi construído no dia 26 de janeiro de 1943, por meio de uma associação que era constituída pelas pessoas ricas da cidade na época, as quais dividiam ações sobre a propriedade. Esta associação era constituída de mil ações, divididas entre diversas pessoas.

O Cine Pax foi construído por um dos maiores arquitetos do mundo, George Muniet, que na época veio ao Nordeste para construir uma ponte no Recife e a catedral de Fortaleza.

Desde aquela época, o Pax veio dando a Mossoró um acervo de grandes espetáculos tanto de cinema quanto de teatro. Vários nomes nacionais se apresentaram no cine Pax, como a Cia. de Teatro Maria de La Forte, e outras companhias teatrais que vinham percorrendo o Brasil. O cine Pax também foi palco para a apresentação de cantores como Roberto Carlos, além de outros cantores de renome nacional.

O cinema estava funcionando somente na parte de cima do prédio. No entanto, o prédio foi modernizado, tem o ambiente mais agradável, com um som bom e espaço para mais de 300 lugares.

Atualmente o espaço que pertencera à sala de cinema em Mossoró foi vendido a empresários, para que futuramente seja instalada no local mais uma unidade da Loja do Papai.


Anexo 03 – 09 de março de 2006 / Cineclube Natal

Em http://cineclubenatal.blogspot.com/2006/03/cineclube-natal-carta-aos-amantes-do.html

Cineclube Natal entrega carta aos amantes do cinema

na estréia do circuito Cinemark em Natal



Anexo 04 – 26 de setembro de 2005 / Cineclube Natal

Em http://cineclubenatal.blogspot.com/2005/09/cineclube-natal-manifesto.html

Cineclube Natal - MANIFESTO

Atenção!

Nesta terça-feira, 27 de Setembro de 2005, o Cineclube Natal estará no Cinema Severiano Ribeiro, de luto pela "morte" da Sessão de Arte - a única que figurava no circuito comercial da nossa cidade.
Realizaremos um manifesto pacífico mostrando a nossa posição diante do atual cenário de salas exibidoras de Natal.

*As salas do Grupos Severiano Ribeiro se localizam no Natal Shopping. O último filme de arte a ser exibido antes do fechamento das salas, no dia 2 de Outubro, será a produção A Janela da Frente.




Leia aqui o texto escrito pelo sócio Giovanni Rodrigues:

O Cineclube Natal, entidade sem fins lucrativos, em funcionamento desde maio deste ano, voltada para a apreciação, estudo e difusão do cinema, vem juntar-se a todos os apreciadores do cinema livre e independente dos grandes interesses dominantes no mercado cinematográfico mundial e nacional, o cinema comprometido com a reflexão sobre o homem e os dilemas do nosso tempo, para lamentar a extinção da Sessão de Arte do Cine Natal que, malgrado todas as suas limitações, era ainda um espaço onde se podia tomar contato com parte da melhor produção cinematográfica mundial.


Tal situação se deve, entre outros fatores, ao modelo extremamente concentrador do mercado exibidor do país que, ao emergir da grande crise que levou ao fechamento de mais de três mil salas de cinema no território nacional, nos anos 1980, retorna em um sistema de grandes redes exibidoras com grupos de salas concentrados em espaços inacessíveis para a grande maioria da população, os "shopping centers". Foi o fim do cinema de rua, de bairro, próximo do cidadão.


Essas grandes redes não têm interesse que não seja o lucro, mas o mais grave é que, por serem cadeias fechadas e programadas em bloco, raros espaços deixam para qualquer produção fora do estrito padrão caça-níqueis, tornando o espaço exibidor cinematográfico intelectualmente irrespirável.


Como resposta a esta situação, ressurge no Brasil, ainda que lutando com dificuldades, nesta era neoliberal já em desencanto, um cineclubismo promissor, que já começa a se reorganizar como movimento. O nosso Cineclube Natal, muito jovem ainda, mas com muita garra para lutar por novos espaços para a fruição e debate do bom cinema - crítico, independente, inovador, revolucionário - após um ciclo de sessões muito bem sucedidas, seguidas de proveitosos e instigantes debates, luta hoje por um espaço para dar prosseguimento às suas atividades.


É com garra, paixão e muito prazer que damos vida a esta idéia, que nos associamos no Cineclube, porque sabemos que fazemos muito por nós mesmos e pela sociedade, e por uma cultura livre, oxigenada e transformadora. E pelo prazer de viver a magia do cinema, mas numa perspectiva humanizadora, libertadora, não alienada.


Por isto, convidamos a todos os "órfãos" desta Sessão de Arte a não se deixarem tomar pelo isolamento e pelo desânimo; a se juntarem a nós na consolidação e fortalecimento do nosso Cineclube Natal, na realização de muitas, muitas sessões, e muitos debates, realizando assim o nosso anseio de comungar com os povos, os criadores e os sonhadores do mundo, desta força - feita de idéias e emoções e imagens - força criadora e transformadora, que é a arte universal do cinema.



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